quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ATÉ UM FELIZ 2012

Não custa acreditar que, daqui a um ano, estaremos mais saudáveis, apaixonados, com muito dinheiro no bolso. Beberemos e fumaremos menos, faremos mais exercício, nossa alimentação será melhor. Vamos nos esforçar. O que vale para cada um de nós deve servir também para aspectos mais gerais. O País está longe de ser perfeito mas, pelo menos, dá sinais de que podemos sonhar com o fim da miséria.

No Rio foi comprovada a possibidade de rompermos com o ciclo da violência, mas a paz duradoura depende também de uma efetiva distribuição de renda e de oportunidades: a pacificação não pode servir apenas para garantir a segurança e os privilégios dos que, ao longo de muitos anos, ajudaram a tornar a sociedade mais injusta e violenta. Que, depois de amanhã, vestidos ou não de branco, possamos acreditar em tantas mudanças; que 2011 seja carinhoso com nossas esperanças. Então, Feliz Ano Novo.

Smiley sarcástico Eu? Relógio

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ADEUS 2010,feliz 2011

Nada de varrer pra baixo do tapete: podem imaginar a dor de um ser humano que é invisível? É como se sentem os garis, incapazes de despertar sequer um “bom dia” dos demais humanos que cruzam na rua com eles. Eles estão ali, mas não são humanos, são coisas, uma farda, uma função, sei lá. E depois de anos, a dor e a estranheza inicial do “ué, ninguém tá me vendo aqui?” torna-se costume e talvez eles nem mais se deem ao trabalho de levantar os olhos para ver as pessoas. Só eles, o lixo e as vassouras. Aliás, se o violão é o companheiro poético do tocador, imaginem se as vassouras falassem: quantos segredos, quantos causos, quantas surpresas! Se a bruxa voa nela, é ela quem liga o gari à terra asfaltada, espada para o desafio diário.

2010 começou com o famoso apresentador(Joelmir Betting) que admirou-se com o horror das pessoas da “mais baixa escala de trabalho” estarem ali na TV, fazendo comercial e desejando um ano próspero. Como pode uma gente que ganha pouco, fede, é invisível, ainda por cima tentar a visibilidade no grande veículo de comunicação e surgir sorrindo, positivos e confiantes de um ano bom? O que para alguns seria uma simpatia, para o jornalistafoi o motivador da incredulidade. Em quantos esta sensação é real? Quantos acham que a pele destes senhores está impregnada do chorume? A quantas anda nossa piedade capitalista e, mais que isto, nossa luta pela insalubridade e ganhos econômicos maiores para quem recolhe a nossa podridão? Como vamos lidar com a decomposição lenta e os problemas que o lixo trouxe ao longo da história, para as sociedades? Vindos a maioria do Nordeste, negros ou mulatos na maioria, vivem encolhidos, olhando pra baixo; os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também.
Podemos imaginar a dor de um ser humano que é invisível? É como se sentem os garis, incapazes de despertar sequer um “bom dia” dos demais humanos que cruzam na rua com eles. Eles estão ali, mas não são humanos, são coisas, uma farda, uma função, sei lá. E depois de anos, a dor e a estranheza inicial do “ué, ninguém tá me vendo aqui?” torna-se costume e talvez eles nem mais se deem ao trabalho de levantar os olhos para ver as pessoas. Só eles, o lixo e as vassouras. Aliás, se o violão é o companheiro poético do tocador, imaginem se as vassouras falassem: quantos segredos, quantos causos, quantas surpresas! Se a bruxa voa nela, é ela quem liga o gari à terra asfaltada, espada para o desafio diário.

Estamos em dívida com estes imprescindíveis trabalhadores.Precisamos dar uma aliviada, fazer um chamego nestas almas que devem aparecer. Em nome dos excluídos, desejo-lhes um ano de justiça, onde cada um de nós olhemos no fundo dos olhos do primeiro gari que encontrarmos na rua, e vamos dar um sonoro “bom dia”, para tirá-los da sensação de invisibilidade, e deixar claro o sinal da existência.

Subamos nas vassouras e partamos para o lugar onde nascem os sonhos!

Desejo que em 2011,
Toda manhã, entre um café e outro, “limpemos”joguemos fora todas as milhares de bobagens, e descubramos que temos menos tempo pra viver daqui para frente do que já vivemos até agora.

Não percamos tempo com mediocridades, reuniões onde desfilam egos inflados,gabolices, invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus talentos e sorte.

Vamos viver em 2011 ao lado de gente humana,; que ri de seus tropeços, não se encantam com triunfos, não se considera perfeita, (a perfeição, como a normalidade, é imbecil e estéril)que não foge de sua falibilidade e deseja tão somente andar ao lado do que é justo...

O essencial é o que faz viver valer a pena.


QUE SEJAMOS ASSIM NOS PRÓXIMOS, E INFINITOS ANOS!!!!!!!



Neuber, Angra dos reis-RJ,28/12/2010.

CORREÇÀO: Não foi o Joelmir Betting, o autor do comentário desmerecendo os Garis, e sim, o BORIS CASOY.Desculpem-me.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

U.P.PS.

As circunstâncias econômicas, sociais, políticas, históricas, que foram ao longo dos anos moldando/construindo essas comunidades ( chamar de morro, comunidade ou favela não muda nada) fazem desses lugares onde a solidariedade dos moradores é mais marcante, o espirito de superação é im pressionante, a criatividade é qiestão de sobrevivência.

Também é lá que estão microempresários espertíssimos, que encontraram negócio inacreditáveis. Artistas que tiram indescritível beleza da pobreza, da dor, do medo e da perda. Também é lá que estão mulheres belíssimas, sem artifícios, nobres e charmosas só com aquilo que a natureza lhes deu. É lá,, que estão pais e mães donos de tal retidão moral que conseguem, contra tudo e contra todos, fazer de seus filhos pessoas de bem. É lá na favela que agora estão também as UPPs. Supostamente o antídoto do Estado para o veneno do tráfico.Uma ação da polícia baseada na inteligência, no planejamento a longo prazo e na qualidade do material humano envolvido, e não na velha truculência, só pode ser recebida com aplauso.

Mas, porém, contudo, todavia... tenho medo de que a pressa, velha inimiga da perfeição, ponha tudo a perder. A primeira UPP nasceu no Santa Marta em dezembro de 2008, depois de — suponho —um longo planejamento, e cercada de sigilo e cuidados estratégicos. Em 2009 foram quatro. Em 2010, até setembro, já são sete, quase o dobro do ano anterior. Pergunto: todos os soldados e oficiais lotados nas novas unidades tiveram o mesmo cuidado em sua preparação? O nível de exigência da seleção deste material humano (a chamada “pesquisa social”) continua alto? Os prédios continuam oferecendo condições adequadas ao trabalho dos policiais e ao atendimento à população? E as condições logísticas e estratégicas, foram estudadas como mesmo nível de detalhe e planejamento? O Estado tem condições de substituir aqueles que precisarem se ausentar, seja por motivos particulares, seja para realizarem cursos e treinamentos, ou, em breve, ouviremos o que é comum ouvirmos nos serviços de saúde: “Não tem plantonista hoje”? E como será o aprimoramento e capacitação destes policiais, cujo número cresce tão rapidamente? São só questões.

Sinceramente, apenas torço para que “becos e vielas” sejam, cada vez mais, lugares seguros para todos.




D I L M A



Em vez das ‘Meninas Fantásticas’, no ar a primeira-fala dasuperpoderosa. No salão do hotel, filmadíssima, com muitos tapinhas nas costas, ela chegou ao palco e notei o beijo único que dava nos outros. Sucessão de famosos e de íntimos anônimos. Reconheço alguns, me surpreendo com o José de Abreu no número um da “mãe” do Brasil, agora de papel passado.

Dilma se posiciona, o povo berra “senta” no melhor estilo circo, e a nova presidenta, pronta, já arrumando o microfone , vê passar na sua frente uma loura apertada cortando o espaço entre ela primeira-mulher e sua pátria-câmera! Marta Marylin Brasileira Suplicy desfilava rebolativa. Fascinado, não desgrudei de Rousseff, que lançouum olhar fulminante para a ‘sissi’, que desapareceu.
Revejam em câmera lenta a olhada da vencedora rumo à ‘blonde’, pois é daqueles raros momentos quando, pelo rabo do olho, alguém se faz entender melhor que se falasse para toda a eternidade. “Cisca daqui!, vaza!rala!”

Apresentada formalmente, o Brasil se calou e puxou o fôlego, a eleita iria falar. Nesta hora eu anulei a audição, porque fiquei hipnotizado pelos seis seres que se posicionaram bem atrás dela, no enquadramento da câmera global, que será a imagem do Brasil.
Futuras gerações verão aqueles seis caroneiros. Temer, o vice de banho tomado, cabelo no gumex . Palocci desgruvinhado, suado. Um homem alto, posicionou-se na cola; e mais o Presidente do PT, que nem fede nem cheira. Estes quatro com cara de paisagem eu esperava um momento histórico. Mas existiam mais dois, que eu notei, pois ilustres quase-quase, foram para mim a grande sensação daquele quadro “éramos seis” (o sétimo era Deus, esquecido ou não convidado): uma loura falsa, com as raízes escuras pedindo tintura, baixinha,representava as comuns mortais, aplaudindo, contrita,diante da Deusa; e ele, o bugre-mulato, cara de homem do interior, um estranho no ninho,se coçando.
Ah, o destino, que aproveitando-se do empurra-empurra do cerimonial nascente, permite que um “escuro” se posicione entre os “brancos” e dê um toque de café-com-leite neste chá tropical da primeira She-Ra. Se ela precisar de um homem-enfeite, sugiro o tal caboclão sem-nome, que do nada foi o melhor dos papagaios-de-pirata. Se não der, que ele entre para o próximo ‘Big Brother".

domingo, 19 de setembro de 2010

N A V E G A N D O

Vivemos no mesmo barco
Somos farinha do mesmo saco
Vamos seguindo os astros as estrelas
Cortar as amarras e os nós
Deixarpra trás o porto, o cais
Gritar até perder a voz
Buscar o silencio imenso
Que faz após os temporais.
Vamos sempre em frente
Fazendo amor pelos sete mares
Engravidando a água de alga e peixe
Seguindo os ventos
Apredendo com os golfinhos e as baleias
Onde estão os arrecifes,os bancos de areia
Sem temores,sem dores,sem cansaço
Só muito azul e espaço

domingo, 25 de julho de 2010

canditados

Vários concorrentes a próxima eleição a diferentes cargos declaram que "por uma questão de princípios cristãos, não podem apoiar o casamento gay. Porque na Bíblia, Deus não aprova essa forma de viver. Uma relação entre homossexuais é uma coisa ruim diante dos olhos de Deus. E o que será que o Deus destas pessoas acha do fato de que o salário público delas ser pago por dinheiro que também vem de imposto pago pela coisa ruim, os gays? Acho uma desfaçatez enorme destas futuras"autoridades", se beneficiarem do todo, e só quererem prestar serviço para uma parte. Na hora de descontar o contra cheque, pouco importa a opinião deste tal Deus, pois tanto faz dinheiro gay ou hetero, é o conforto deles que importa. Na hora do benefício público, é aí que o bicho pega, ou a bicha, sei lá, porque todos se revestem de um moralismo único que é: são todos cidadão na hora dos deveres, na hora dos direitos, só os terão aqueles que acreditarem no mesmo Deus que eu.

sábado, 24 de julho de 2010

Governadores, e suas Policias

Governador,o senhor tem filhos e sabe o que pode significar ter um, morto, sem mais nem menos. Portanto não é difícil compreender a sinceridade e torpor com que este cidadão querido e humano, que perdeu sua criança estupidamente na escola, semana passada, tem enfrentado sua tragédia particular, que também é minha e sua, é de todos. Concordo com ele que seu pedido de desculpas é pouco e impessoal, e tenha coragem: vá visitá-lo, sem avisar ninguém. O que não dá é o seu oficial ficar colocando na balança se vale a pena ou não uma operação, com a morte de inocentes. Vamos lá, nós, as vuvuzelas da indignação: "não, senhor Príncipe, não vale a pena, não". Enquanto uma só criança correr perigo, vocês vão ter que encontrar outro jeito de conseguir os resultados que desejam. O Príncipe pondera que as crianças se não estiverem na escola estarão nas ruas. Não é este o raciocínio, Coronel. O "X" da questão é que as crianças estão vivas, devem continuar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Condição Feminina.Vítimas dos homens, do sistema e da imprensa

Uma mulher morta pelo ex-namorado porque queria o reconhecimento da paternidade do filho, uma adolescente estuprada pelo ex-namorado junto com seus amigos e uma advogada jogada numa lagoa pelo também ex-namorado: foram essas as mulheres em destaque na mídia durante a semana que passou.

Uma conclusão é de que as mulheres continuam sendo vítimas de violência. Mas outra conclusão é de que a mídia só gosta – cada vez mais – de casos envolvendo celebridades. Se há gente conhecida envolvida nos crimes, a mídia – especialmente a TV – não se cansa do assunto e adora fornecer aos espectadores os detalhes, por mais terríveis que sejam. Parece que quanto mais macabro o crime, e quanto mais conhecidos os envolvidos, melhor para a audiência.

O primeiro caso foi explorado ao extremo pela TV. Afinal, o culpado é uma celebridade, um ídolo popular, goleiro de um grande time carioca "com um futuro brilhante", como disseram os comentaristas, entre as análises exaustivas (seria melhor dizer "enjoativas") dos psicólogos de plantão nos programas matutinos e vespertinos das TVs abertas na quinta-feira (8/7). Quem mudasse de canal naquele dia veria sempre o mesmo script: um ou dois apresentadores conversando com um psicólogo e um jurista.

Se os advogados de defesa de Bruno e seus amigos (ou seria melhor dizer cúmplices?) estavam procurando argumentos para defesa, devem ter encontrado muitos nos programas de TV: a falta de uma estrutura familiar do goleiro na infância, os sinais de psicopatia etc. Do lado dos advogados, a sugestão era clara: como Bruno não teria participado diretamente do crime, pode pegar uma pena menor do que a do executor. Teria havido um excesso de zelo por parte dos amigos, querendo agradar seu ídolo. Baboseiras que renderam programas de manhã e à tarde, deixando os espectadores cada vez mais indignados com o caso.

domingo, 11 de julho de 2010

Buno, Adriano, Vagner Love, Ronaldo, e a Copa

Numa das esquinas daquela suruba ela conheceu seu jogador de futebol. Num daqueles momentos a camisinha estourou, veio a gravidez, a tentativa de aborto, as brigas, e agora, o desaparecimento e a tentativa de desqualificação do feminino. Mulher que está em orgia é galinha, Maria chuteira, condenável. Homem que lá está é admirável, invejável, sabe levar a vida. Quantas mães estão fazendo, hoje, este discurso para suas filhas e seus filhos ? "Prendam suas cabritam que eu vou soltar meus bodes", repetem os pais sobre o orgulho do homem tentar incessantemente, e de caber as moças a iniciativa da recusa. Edmundo e seus automóveis e desastres, Ronaldo e seu travesti, Adriano e a briga no estacionamento do baile funk, Wagner Love e suas fotos ao lado de bandidos armados. Rapidamente, uma pequena coletânea de moços que tudo podem, que tudo puderam. Souberam dispor de seus corpos e do dos outros como bem entenderam. E as marias-chuteiras, também não tem o mesmo direito? Os milhões dos jogadores na proporção inversa das curvas gostosonas das louraças (aliás, tem alguma negra ou morena neste time?). O dinheiro compra tudo e uma bela bunda tudo enlouquece. Para o bem e para o mal, o desajuste de pobres meninos alçados milagrosamente à categoria de endinheirados. Defronte deles, as coxas, os silicones, o sexo fácil. Dormir com o inimigo, dar para todos os jogadores do mundo, tentar através da proximidade melhorar de vida. Custe o que custar, doa a quem doer. Libertem os jogadores e deixem as alpinistas em paz. Eles podem, elas tem o que eles querem. De que adiantaria tanto poder se não pudessem dispor das aventureiras lindíssimas? Mas o que não dá é para demonizar só um lado. Tamos juntos misturados e embolados, numa explosiva orgia de possibilidades. Aliás, numa orgia atire a primeira pedra aquele que puder levantar a voz de bom moço. Façam o que quiserem, só não cometam o pecado de querer parecer inocentes julgados culpados pelo machismo. Tá tudo errado, ta tudo embolado. A desaparecida deve estar no fundo de um lago, assim como a Rebecca de Hitchock, que afundou com seu barco tornando-se inesquecível. Um dia um acidente traz o corpo à tona e tudo se esclarece. Mas é o silêncio, o hiato de estar desaparecido e bem guardado, que abre as portas para mil versões. Joguem suas fichas, façam suas apostas, a roleta vai girar. Salve-se quem puder, de antemão perdemos todos. Foi-se a inocência, estamos com as vísceras à mostra. Perdemos a copa, nossos ídolos já não são os mesmo, e nossas garotas sonhadoras e que não querem trabalhar jazem em seus sonhos e na impunidade. Tenho medo de praticar o perigoso jogo de se dar bem. Já não se fazem mais surubas como antigamente

sábado, 19 de junho de 2010

Não há nada que eu possa fazer

Por favor
não me aperte tanto assim
tenha cuidado, pega leve
olha onde pisa
isso é meu coração
meu ganha-pão
instrumento de trabalho,
meio de vida, profissão
meu arroz com feijão
meu passaporte
para qualquer parte
para qualquer arte.
Não machuque esse meu coração
preciso dele
para me levar a Marte
sem sair do chão
não me aperte
não machuque
tome cuidado
eu vivo disso
poesia, sonhos
e outras canções
sem emoção
morro de fome
sinto muito
mas não há nada
que eu possa fazer
sem coração!

Caetano Veloso & Rita Lee

Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola.
.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.


O mapa da fome
A primeira fome é, efetivamente, fome de comida, fome que roea infância , quando comem calango com macaxeira .trazem seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nascem com elas e acabam aumentando o alto índice de mortalidade infantil.
Fome e sede de justiça:
.

Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes dos Silva que - na voz de Rita Lee -descredenciam para o exercício da presidência da República porque,
“o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta”.
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se Manca’ - dizendo a ela:
“Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca”.
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando:
“Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada”.
Como ela é mutante, espero
quefaça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando:
"Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você”.
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela tem cara de professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu me convencer a votar na ministra Dilma ! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, com a professora Mercedes Ponce de Leão, , ou com a nega Nathércia Menezes,.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos.. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney,, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz?
..
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…

Candidatas e a causa feminina



O que a imprensa tem mostrado, embora não discuta o assunto, é que o fato de haver duas mulheres disputando a presidência da República não choca mais ninguém, como sonhavam as feministas no começo do movimento que lutava por direitos iguais. Inegavelmente esta é uma área em que o feminismo pode se considerar vitorioso. Mas será que Dilma Rousseff e Marina Silva refletem a real situação da grande maioria das mulheres brasileiras?
Até outubro, as mulheres estarão em destaque no noticiário político. Semana passada, por exemplo, Dilma dominou as páginas de jornais graças à convenção do PT e ao lançamento "oficial" de sua candidatura. Matéria de página inteira do Estado de S.Paulo de domingo (13/6), com direito a fotos da infância até os dias de hoje, contou a história da candidatura num tom que dispensa matéria semelhante caso ela venha a se tornar presidente. Em mais meia página, a candidata oficial aparece novamente, cercada de balões e políticos, na matéria que diz:
"De olho no voto feminino, fatia do eleitorado em que a ex-ministra precisa ampliar os índices de intenção de voto, o PT organizou um ato político colorido para ser uma `celebração à mulher´. No material de campanha estão estampados os dizeres `Pátria Mulher, Pátria Mãe´"(O Estado de S. Paulo, 13/6/2010).
As duas são divorciadas, mães e chefes de família. Dilma, 62 anos, viveu o auge do movimento de libertação da mulher e, embora nunca se tenha declarado feminista, é um bom exemplo das feministas da sua juventude. Criada em escola católica e tradicional de Minas Gerais, abandonou o projeto familiar para as meninas de sua geração (casar, ter filhos, ser feliz e conformada para sempre) para entrar na universidade e na luta armada. Depois da prisão, concluiu o curso universitário e fez carreira política, que teve seu auge como ministra (e ministra forte) do governo Lula. Agora, por escolha pessoal do presidente, tenta ser a sucessora.
Um acidente de percurso
Marina da Silva, 52 anos, enfrentou outro tipo de luta. Menina pobre nos seringais da Amazônia, se alfabetizou depois de adulta, cursou universidade e começou a carreira política como vereadora (a mais votada de Rio Branco AC, em 1988), depois deputada federal e senadora. Foi ministra do Meio Ambiente do mesmo governo Lula e saiu – do governo e do partido do presidente – por discordar da política ambientalista. Isso depois de ganhar projeção internacional com o prêmio Champions of the Earth de 2007, da ONU, concedido a outras seis personalidades do mundo.
Enquanto Dilma tenta conquistar o eleitorado feminino (Lula quer que ela seja conhecida como a "mãe do PAC"), Marina procura ampliar seu leque para além do estigma de candidata verde: faz questão de dizer que é a primeira mulher negra e pobre a disputar o cargo.
As duas representam, sem dúvida, uma vitória das mulheres. Mas, o que os jornais não discutem – mas deveriam – é o que elas representam para 50% do eleitorado brasileiro, as mulheres. O fato de elas serem mulheres parece ser apenas um acidente de percurso. São pessoas competentes na política que, por mérito ou manobras, chegaram à disputa. Mas será que a presença delas significa um aumento no número de mulheres disputando os cargos à Câmara dos Deputados e ao Senado da República?
O significado para as mulheres
Uma pesquisa feita pelo Tribunal Superior Eleitoral revela:
"Nas eleições de 2006, enquanto uma mulher foi eleita para cada grupo de 545.898 brasileiras, a proporção diminui para os homens: um foi eleito para cada grupo de 63.168. A proporção de representantes femininas em relação aos eleitos é cerca de nove vezes menor. A constatação resulta de levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por outro lado, tendo em conta o total de eleitores no país, para cada 372.886 eleitoras, houve uma candidata eleita. Já no caso masculino, um candidato elegeu-se para cada grupo de 41.881 eleitores."
Seria melhor que a imprensa, em vez repetir o tedioso noticiário sobre as atividades, manobras e discursos dos candidatos – já que é preciso falar de todos para não haver acusações de favorecimento – procurasse mostrar o que a presença de Dilma e Marina realmente significam para as mulheres. Enquanto as deputadas e senadoras forem minoria no Congresso, leis que realmente interessam às mulheres (saúde, educação de filhos, igualdade salarial etc., etc.) continuarão engavetadas. Por mais feministas e dedicadas às causas femininas que sejam os governantes, homens ou mulheres.

domingo, 30 de maio de 2010

Discrição

Eu sou do tamanho daquilo que sinto,daquilo que vejo e daquilo que faço,

Composto por urgências
alegrias intensas;
tristezas absolutas.
me esvazio de excessos.
não cabendo no estreito,
eu só vivo nos extremos.

Sou à esquerda de quem entra
e um coração batendo no mundo.

Não digo nunca "Isto é natural".
Percebo o horrível, atrás do que se tornou familiar.
o que é tolerável no dia-a-dia
é o que se aprendeu a suportar.

PARA OS PREDADORES DAS UTÓPIAS!
dentro de mim
morreram muitos tigres
os que ficaram
no entanto
são livres!
Sou metal,raio,relâmpago e trovão...
Quem sou, qualquer um pode ver!
- Um refém de meus condicionamentos.
- Um corpo que limita e transporta minha essência temporária.
- Uma marionete que vê as cordinhas.

Se eles riem de mim por eu ser diferente, eu rio deles por serem todos iguais.
Raspo a tinta com que pintaram meus sentidos,
desencaixoto as minhas emoções,
desembrulho-me e sou cada dia mais eu..."

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Para que sejamos necessários!

Trancados no quarto do apelido,
não atendendo a quem nos chama pelo nome,
temos tantas idéias,
um dia poderemos usa-las,
iremos sem escalas até o Sol.


esquentaremos a Sibéria,
nevaremos em Cuiabá.
Voaremos sem asas,
as estrelas farão parte,
do teto de nossa casa,
as paredes serão portas e janelas
não deterão o vento,
nem impedirão a visão.






Não é preciso apagar a luz, amanheceu,
é hora de dormir!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

MARIO QUINTANA

Quando estive em Porto Alegre para uma das edições do Fórum Social Mundial, aproveitei para realizar uma inadiável e tardia visita: conhecer a Casa de Cultura Mário Quintana. Assim como quem vai a Salvador é fundamental conhecer a igreja do Senhor do Bonfim ou o Pelourinho, quem vai a Porto Alegre não pode esquecer de incluir a esse centro de cultura e lazer, situado no prédio em tom róseo onde antes funcionava um hotel que serviu de residência, de 1968 a 1980, ao poeta Mário Quintana.

Chegar à Casa de Cultura foi uma (a)ventura cheia de encantamentos. Fui caminhando calmamente pelas ruas do centro da capital gaúcha, como que cumprindo os mesmos caminhos do velho poeta. Passei por suas vastas e bem cuidadas praças, por suas ruelas decadentes e seus paços imperiais. Seguia os passos do poeta e, com estranha complacência e carinho paternal, observava as pessoas à minha volta. Imaginei o velho Quintana naqueles bancos de praça, em sua tranqüila solitude, lendo seu jornal diário, fumando seu inseparável cigarro e observando a gratuita poesia do cotidiano. Como um príncipe em sua serena sabedoria que só o tempo e a maturidade revelam.

Seguia, curioso e respeitoso, o caminho rumo à casa do poeta. Sempre acompanhei com muito carinho a condição daquele homem já idoso, que, com sua alma de criança, escrevia versos leves de uma singela beleza. Um grande poeta se escondia naquele “velhinho” solitário e frágil, que se abrigava num quarto de hotel. Não um hotel qualquer, mas no Hotel Majestic, também ele cúmplice e vassalo do tempo em sua beleza e majestade. Aquela casa que acolhia o poeta parecia encerrar em seus domínios, e em sua história, rara poesia.

“Eu sou como um velho arqueólogo decifrando as cinzas/ de uma cidade morta” – já disse Quintana em um de seus poemas. O poeta e seus espectros. As minhas retinas, não suficientemente fatigadas pelo tempo, nada percebem. Aos olhos de um poeta menor, um “estrangeiro”, a cidade parece ainda viva em sua urgência e pressa. Mas procuro nas sombras e nas dobras das esquinas, e do tempo, a cidade perdida do poeta Quintana. Procuro a sua poesia dispersa nos descaminhos da cidade; a sua Porto Alegre.

Seguindo seus sinais chego ao velho Majestic em sua imponência tardia. Mas chego tarde. O hóspede célebre já não vive nesse endereço. O Hotel Majestic já não existe. O velho hotel cedeu espaço à casa de cultura que hoje acolhe algumas lojas e bares. Mas onde estariam os aposentos do poeta, seus vestígios? Subi alguns degraus de uma escadaria e encontrei ali uma espécie de memorial ao poeta Mário Quintana. Numa espécie de vitrine estavam dispostos alguns objetos de uso pessoal, um ou outro manuscrito, alguns livros e fotos. Fiquei por um tempo ali contemplando aquele relicário e lembrando alguns de seus poemas, como que numa prece penitente. A sensação foi similar a que sinto quando visitoa igreja do Bonfim, quando vou à Bahia. Fui tomado por forte sentimento de religiosidade e fé. Saí dali fortalecido e renovado na coragem e disposição para enfrentar o mundo.

Saí do velho Majestic e retomei o caminho de volta para a minha barraca. Lembrei do lema do Fórum Social Mundial: um outro mundo é possível. Lembrei de um certo poema do velho Quintana, que hoje uso como uma espécie de mantra: “Todos esses que aí estão/ Atravancando o meu caminho,/Eles passarão.../Eu passarinho!”. Com a leveza de Quintana fica mais fácil cumprir os caminhos. Quem faz uma visita ao poeta – à sua obra ou à sua casa, afinal os poemas são a verdadeira morada do poeta – experimentará, um pequeno milagre. Os poemas são, na verdade, para todos e não só para os poetas, um abrigo – como as igrejas – que conforta e transforma. Eis o verdadeiro milagre! Depois que visitei a morada do poeta nunca mais fui o mesmo homem. Talvez resida aí o milagre da poesia.

Textos de Mário Quintana:

Da Vez Primeira...

Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tragédias/Opções!

As tragédias são frutos das opções políticas

O que estamos vivendo hoje é um indicador da crise do modelo de desenvolvimento urbano no Brasil, .

A fragilidade socioambiental das nossas cidades, está diretamente relacionado a um modelo de desenvolvimento urbano, é uma questão estrutural, que veio para ficar e é fruto de opções políticas.
Isso tem um efeito, a opção, também política, de histórica exclusão do tema da moradia e do acesso à moradia como uma política social ou de um suposto Estado de bem-estar social. absorvido – esse é o modelo de política habitacional – pelo próprio trabalhador, por meio da autoconstrução, da auto-produção da sua casa e do seu bairro.
Então se loteia sem nenhuma infraestrutura, e o trabalhador, a população de menor renda, compra o terreno barato e constrói a sua própria casa e é assim que nós erguemos nossos bairros.

A política urbana, o que faz? Regula (por meio da legislação, do planejamento urbano) as partes da cidade, aptas para urbanizar, reservando-as para mercados de alta renda, fazendo com que essas áreas possam ser usadas intensamente para empreendimentos imobiliários de média e alta renda, e a produção de moradia da maioria passou a ser a esfera da não regulação, do não planejamento, o efeito disso é o que temos um modelo excludente, que jogou a habitação para a informalidade, para a precariedade, para a autoprodução e aí, essa questão da “regularidade” . O que é irregular, o que é regular?

Uma parte dessa produção de moradia é ocupação de terrenos de outros, públicos ou privados, e a pessoa só vai lá, ocupa e constrói. Uma parte é isso, mas outra parte é o loteamento irregular. É uma terra privada que se recorta, mas não deixa área pra nada, não coloca escola, infraestrutura, então o loteamento é irregular, clandestino. Às vezes, não se consegue diferenciar o que é favela, o que é loteamento irregular, porque a marca da precariedade urbanística está presente nos dois, terceiro elemento nessa história é o político, como são espaços autoproduzidos, irregulares, não obedeceram às normas, então não se podecolocar infraestrutura, não se pode investir. Mas as pessoasvotam, e aí pode-se investir ali com infraestrutura, consolidando um modelo político perverso. Mantém-se um padrão excludente, o povo vai lá e auto-constrói, o poder público negocia comunidade a comunidade, loteamento a loteamento, bairro a bairro, as intervenções, nunca de uma vez, sempre a conta-gotas, de modo que isso renda quatro cinco eleições, como um favor, uma concessão do governante. Então é esse sistema que mantém concentrado o poder e uma base popular que vota, que o sustenta.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Alma

Eu poderia nascer Indiano,
Sino,Africano,viver muitos anos.
Pra depois morrer e voltar a nascer,
como Alemão ou Americano.
Porque então tanta animosidade,
se alma não tem nacionalidade.
Alma não tem cor, alma não tem sexo.

Nada

Você vê o meu corpo e pensa que sou eu
Ele não é eu
Ele não é meu.
Só me foi emprestado'.
Por breve temporada.
É só uma roupagem, densa embalagem.
Que não me pertence.
Aliás, nada me pertence nesse mundo, Tudo é transitório, tudo é ilusório !!!

Até qualquer dia.

Talvez eu esteja chorando de dor,
talvez até pense que nao irá passar.
Olho pra todas as coisas e frases lançadas
E para cada pedaço de sonho que um dia
voce nao teve medo de sonhar....Comigo.
(Nos faltou foi o tempo)

Pode ser que meu olhar exagere e derrame
algumas milhares de lágrimas, isso pode acontecer.

Percebo as estrelas brilharem com mais intensidade
agora que voce é uma delas.

Sei que posso estar mais uma vez exagerando.
isso pode acontecer inumeras vezes...

Olho para todos os caminhos a minha frente
e por mais que tente, em todos, todos eles
sinto o aroma de seus cabelos levados pelo vento

Levados para sempre.

domingo, 28 de março de 2010

Não a limitação do que é passível de fazer sentido, quero uma verdade inventada
Tudo que sei é a metade do que ignoro.
Não sei quem eu sou.
Nem o meu valor, mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Tem gente que cria conceito pra tudo
conceituam até a vida,
por onde entrei deve haver uma saída,
E TUDO FICA SUSTENTADO PELA FÉ!
Na verdade ninguém sabe o que é!..."
Eu não distingo cores, vejo o arco-íris.
Não sei o que é homem nem mulher, nem qual o sexo fraco... só conheço o Ser Humano.
Nunca vi brancos nem pretos, amarelos ou vermelhos... vejo outras culturas e outros povos.
Não acredito em heterossexualidade, bissexualidade e homossexualidade... acredito apenas na sexualidade.
Não sou Budista nem Cristão, nem tenho Alá no coração... tenho é FÉ!

Os que atrapalham o caminho.. passarão, eu passarinho!

QUE A MINHA LOUCURA SEJA PERDOADA...Porque METADE DE MIM É INSANO.
A OUTRA METADE ULTRAPASSOU O LIMITE DA NORMALIDADE.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

JÁ DESCULPEI!

Há muito te desculpei sua surdez, pois seus ouvidos não escutam as mensagens dos RAP, dos Funk, do que vem das Periferias.
Desculpei tambëm sua cegueira, pois seus olhos não veem mais a espoliação, a exploração que muitos sofrem.
Sua mudez está desculpada, pois há muito sua voz não é eco para vozes das Mães de Acarai (e de tantas outras)
Mas não desculpo seu egoismo de enlouquecer, de me deixar preso a sanidade diária.

As vezes me olho no espelho, acho estranho a minha barba desde tamanho.
Nos becos escuros a violência, pregadores guturalmente muitos decibeis acima, não pertubam meu sono.

Definição.

Eu nunca fui bem-comportada. Não tenho vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria que me deixa exausta. Sei sorrir com os olhos, gargalhar com o corpo todo, e chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem paz pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas, em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Acredito em profundidades, e tenho medo de altura, mas não evito meus abismos, pois gosto de voar!!. 
Isso é que dão a dimensão do que sou".

Priscila

Minha gata se chama Pri, nome que representa sua delicadeza.Encontrei-a assim, ao acaso, quando procurava uma siamesa para comprar.
Na loja , uma gatinha híbrida estava sobre a mesa,e quando me viu ficou em pé, levantando as patas dianteiras numa dança , saudação , ou entrega. Custava pouco mais que um litro de leite.Comprei-a, e eu passei a lhe pertencer.
Seu nome completo é Priscila Arena della Luna Cadernal, que observadores lhe foram adjetivando.A pelagem é de cor da areia, com algumas manchas escuras, o ventre de branco algodão. Ela é extremamente elegante, mais do que todas as outras de sua espécie, nos gestos,num curva-se, num saltar, num virar o rosto, atende sensualmente minhas necessidades estéticas.
Seus olhos quase líquidos, contem um mar, reflexivos como se estivessem procurando a palavra exata,me acompanhando com uma confortavel intimidade. mas, em outros momentos ela parece divagar dentro de um leve desprezo, com os olhos impassíveis, mas sem aparentar superioridade ou arrogância, nem humildade ou submissão.
Seus miados expressam palavras, numa linguaguem de carícias.
Por simples ternura, nós nos aproximamos, eu amo sua felinidade, e ela a mim. Numa mútua, longa e incompleta domesticação, Priscila fica em frente aos meus textos,como uma deusa egípicia, parecendo as vezes reprovar uma virgula, uma palavra, ou aprovar alguma expressão.
Guadiã de minha casa, encarnação de minhas emoções, Pri vela minha cama, meu sono, minhas utopias.
Não precisamos um do outro para nada.Provavelmente ela acredita que é minha mãe, e eu seu pai.

sábado, 23 de janeiro de 2010

É M U L H E R

Sou latina americana,
socialista,
trabalhadora,
mãe,
enfermeira,
metalurgica,
babá,
balconista,
mulher,
humanista...
sou eu e sou muitas eus...
Já fui tantas que nem sei...
Woolf,
Kahlo,
Salomé,
Benário,
Parra,
Calcutá,
Nightingale,
Angel,
Kolontai,
Luxemburgo ..
tantas e tantas...
romântica,

guerreira,
má,
bondosa,
inconstante,
pura,
santa,
sacana,
tímida,
devassa,
neurótica e bacana.

Sou LATINA AMERICANA PORRA!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Gritou-se o pânico,
Criou-se o trágico,
Pintou-se o pálido,
Uma lágirma,
Socorrendo o hábito.
Caminhando entre as trevas,
Tirando leite de pedras,
Murmurando entre as pregas.

Em muitas cores,
O lago zangou-se,
O rio fartou-se,
Enchendo de água doce o mar.
Com a força Amazônica,
Uma explosão Atômica,
Em frente ao Atlântico,
Na multidão, Pânico.

Tantas ilhas sobre o mar,
na praça uma Índia com colar,
só queria uma chuva pra me molhar.
Você perguntou: Por que tá olhando o morro que desabou?

-Por que feliz ano novo, para muitos durou poucos segundos!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Don Lindú

Todas as prevenções possíveis foramditas pela imprensa mercantil: “Cuidado, o filme (piegas, para eles, como tudo o que é do povo), tenta pegar você pelo sentimento, pelo sofrimento da mãe nordestina (ainda mais que feita pela Gloria Pires), é um filme populista, a cara desse governo”. Um funcionário da empresa dos Frias (a Força Serra Presidente) diz que prefere Vidas Secas, do Graciliano. (Tem tanto a ver quanto dizer que, aos “2 filhos de Francisco”, eu prefiro Sacco e Vanzetti).

Só para tentar desqualificar o que incomoda profundamente a elite branca, assumidamente sulista (do Sul maravilha do Henfil, que os estaria gozando mais do que nunca hoje), racista, separatista (ao estilo de 1932, quando diziam que São Paulo era “a locomotiva do país”, que puxava tantos vagões de gente que não queria trabalhar, mas viver às custas dos paulistas, daí o separatismo e o “Não sou conduzido, conduzo”, seu lema na época).

Poderiam ter feito outra coisa: um filme com a biografia do FHC. (Como reclamam que o programa do PT fez a comparação do governo Lula com o do FHC, então devem fazer o próximo programa tucano fazendo a sua comparação dos dois governos.)

O filme é emocionante, porque trata de uma trajetória de vida linda e emocionante. E vitoriosa. (Ao contrário de Vidas Secas, mas que trata da grande maioria dos nordestinos, especialmente até bem pouco, derrotados.) As novelas invisibilizam os nordestinos, quando são retratados, em geral pela literatura, às vezes pelo cinema, são focalizados no seu sofrimento ou em alguma saída individual, mágica, que não passa pela política. Senão seria um convite à ir à luta.

E Lula, sua vida, incomodam, porque é um nordestino vitorioso. Não apenas porque passou por todos os sofrimentos e perdas que a grande maioria do povo brasileiro passa. Mas porque as superou, chegou a presidente da República, derrotando candidatos da direita e começou a mudar a vida das pessoas que, como ele, nasceram na miséria, que são a grande maioria, porque as elites reproduziram um país para poucos, para eles.
Depois de Lula, um menino pobre, da nordeste ou da periferia das nossas grandes e opulentas metrópoles, com as misérias que as cerca, podem pensar em ser presidentes do Brasil.

O filme é sobre dona Lindú, porque nas famílias pobres, sofridas, a vida da mãe é a vida dos filhos e vice-versa. É um belo filme, porque é uma vida, tratada com sensibilidade e com afeto. Numa família pobre, o personagem central é a mãe, que cuida dos filhos, os educa, trata de que possam tocar sua vida da melhor maneira, sobre com eles e por eles.

Lula é o filho de dona Lindú, por isso é o filho do Brasil, como homenagem a todas as donas Lindú que batalham, sofrem e riem – como ela ri, numa das cenas mais emocionantes do filme, quando Lula recebe o diploma de torneiro mecânico -, vivem e morrem com e pelos seus filhos.

Têm medo de Lula todos os que têm medo do povo, do povo brasileiro, dos seus personagens – que eles tratam de esconder na sua imprensa, na sua cultura, nos seus discursos. Têm medo de Lula, porque sentem que lhes estão roubando um país que sempre sentiram como seu. De repente um nordestino, imigrante pobre, que perdeu um dedo na máquina, como operário nordestino, promove os direitos de gente como ele, – “inimpregáveis”, segundo FHC, “essa raça”, para Bornhausen.

Vale muito a pena ver o filme, nos brasileiros, todos os filhos, maridos, e irmãos de dona Lindú.
Meu Olhar

Se meu olhar
te disser além, muito além
do que queres saber,
desvia.

Se meu olhar
me trair
e deixar transparecer
toda a ternura
que tenho por ti,
disfarça.

Se meu olhar
tentar assim
te conquistar e seduzir
e o brilho ardente
te incomodar,
dissimula.

Se meu olhar,
em teu olhar, encontrar
a mesma sintonia,
por favor,
sorria.