quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Priscila

Minha gata se chama Pri, nome que representa sua delicadeza.Encontrei-a assim, ao acaso, quando procurava uma siamesa para comprar.
Na loja , uma gatinha híbrida estava sobre a mesa,e quando me viu ficou em pé, levantando as patas dianteiras numa dança , saudação , ou entrega. Custava pouco mais que um litro de leite.Comprei-a, e eu passei a lhe pertencer.
Seu nome completo é Priscila Arena della Luna Cadernal, que observadores lhe foram adjetivando.A pelagem é de cor da areia, com algumas manchas escuras, o ventre de branco algodão. Ela é extremamente elegante, mais do que todas as outras de sua espécie, nos gestos,num curva-se, num saltar, num virar o rosto, atende sensualmente minhas necessidades estéticas.
Seus olhos quase líquidos, contem um mar, reflexivos como se estivessem procurando a palavra exata,me acompanhando com uma confortavel intimidade. mas, em outros momentos ela parece divagar dentro de um leve desprezo, com os olhos impassíveis, mas sem aparentar superioridade ou arrogância, nem humildade ou submissão.
Seus miados expressam palavras, numa linguaguem de carícias.
Por simples ternura, nós nos aproximamos, eu amo sua felinidade, e ela a mim. Numa mútua, longa e incompleta domesticação, Priscila fica em frente aos meus textos,como uma deusa egípicia, parecendo as vezes reprovar uma virgula, uma palavra, ou aprovar alguma expressão.
Guadiã de minha casa, encarnação de minhas emoções, Pri vela minha cama, meu sono, minhas utopias.
Não precisamos um do outro para nada.Provavelmente ela acredita que é minha mãe, e eu seu pai.

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