quinta-feira, 15 de julho de 2010

Condição Feminina.Vítimas dos homens, do sistema e da imprensa

Uma mulher morta pelo ex-namorado porque queria o reconhecimento da paternidade do filho, uma adolescente estuprada pelo ex-namorado junto com seus amigos e uma advogada jogada numa lagoa pelo também ex-namorado: foram essas as mulheres em destaque na mídia durante a semana que passou.

Uma conclusão é de que as mulheres continuam sendo vítimas de violência. Mas outra conclusão é de que a mídia só gosta – cada vez mais – de casos envolvendo celebridades. Se há gente conhecida envolvida nos crimes, a mídia – especialmente a TV – não se cansa do assunto e adora fornecer aos espectadores os detalhes, por mais terríveis que sejam. Parece que quanto mais macabro o crime, e quanto mais conhecidos os envolvidos, melhor para a audiência.

O primeiro caso foi explorado ao extremo pela TV. Afinal, o culpado é uma celebridade, um ídolo popular, goleiro de um grande time carioca "com um futuro brilhante", como disseram os comentaristas, entre as análises exaustivas (seria melhor dizer "enjoativas") dos psicólogos de plantão nos programas matutinos e vespertinos das TVs abertas na quinta-feira (8/7). Quem mudasse de canal naquele dia veria sempre o mesmo script: um ou dois apresentadores conversando com um psicólogo e um jurista.

Se os advogados de defesa de Bruno e seus amigos (ou seria melhor dizer cúmplices?) estavam procurando argumentos para defesa, devem ter encontrado muitos nos programas de TV: a falta de uma estrutura familiar do goleiro na infância, os sinais de psicopatia etc. Do lado dos advogados, a sugestão era clara: como Bruno não teria participado diretamente do crime, pode pegar uma pena menor do que a do executor. Teria havido um excesso de zelo por parte dos amigos, querendo agradar seu ídolo. Baboseiras que renderam programas de manhã e à tarde, deixando os espectadores cada vez mais indignados com o caso.

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