terça-feira, 2 de novembro de 2010

U.P.PS.

As circunstâncias econômicas, sociais, políticas, históricas, que foram ao longo dos anos moldando/construindo essas comunidades ( chamar de morro, comunidade ou favela não muda nada) fazem desses lugares onde a solidariedade dos moradores é mais marcante, o espirito de superação é im pressionante, a criatividade é qiestão de sobrevivência.

Também é lá que estão microempresários espertíssimos, que encontraram negócio inacreditáveis. Artistas que tiram indescritível beleza da pobreza, da dor, do medo e da perda. Também é lá que estão mulheres belíssimas, sem artifícios, nobres e charmosas só com aquilo que a natureza lhes deu. É lá,, que estão pais e mães donos de tal retidão moral que conseguem, contra tudo e contra todos, fazer de seus filhos pessoas de bem. É lá na favela que agora estão também as UPPs. Supostamente o antídoto do Estado para o veneno do tráfico.Uma ação da polícia baseada na inteligência, no planejamento a longo prazo e na qualidade do material humano envolvido, e não na velha truculência, só pode ser recebida com aplauso.

Mas, porém, contudo, todavia... tenho medo de que a pressa, velha inimiga da perfeição, ponha tudo a perder. A primeira UPP nasceu no Santa Marta em dezembro de 2008, depois de — suponho —um longo planejamento, e cercada de sigilo e cuidados estratégicos. Em 2009 foram quatro. Em 2010, até setembro, já são sete, quase o dobro do ano anterior. Pergunto: todos os soldados e oficiais lotados nas novas unidades tiveram o mesmo cuidado em sua preparação? O nível de exigência da seleção deste material humano (a chamada “pesquisa social”) continua alto? Os prédios continuam oferecendo condições adequadas ao trabalho dos policiais e ao atendimento à população? E as condições logísticas e estratégicas, foram estudadas como mesmo nível de detalhe e planejamento? O Estado tem condições de substituir aqueles que precisarem se ausentar, seja por motivos particulares, seja para realizarem cursos e treinamentos, ou, em breve, ouviremos o que é comum ouvirmos nos serviços de saúde: “Não tem plantonista hoje”? E como será o aprimoramento e capacitação destes policiais, cujo número cresce tão rapidamente? São só questões.

Sinceramente, apenas torço para que “becos e vielas” sejam, cada vez mais, lugares seguros para todos.




D I L M A



Em vez das ‘Meninas Fantásticas’, no ar a primeira-fala dasuperpoderosa. No salão do hotel, filmadíssima, com muitos tapinhas nas costas, ela chegou ao palco e notei o beijo único que dava nos outros. Sucessão de famosos e de íntimos anônimos. Reconheço alguns, me surpreendo com o José de Abreu no número um da “mãe” do Brasil, agora de papel passado.

Dilma se posiciona, o povo berra “senta” no melhor estilo circo, e a nova presidenta, pronta, já arrumando o microfone , vê passar na sua frente uma loura apertada cortando o espaço entre ela primeira-mulher e sua pátria-câmera! Marta Marylin Brasileira Suplicy desfilava rebolativa. Fascinado, não desgrudei de Rousseff, que lançouum olhar fulminante para a ‘sissi’, que desapareceu.
Revejam em câmera lenta a olhada da vencedora rumo à ‘blonde’, pois é daqueles raros momentos quando, pelo rabo do olho, alguém se faz entender melhor que se falasse para toda a eternidade. “Cisca daqui!, vaza!rala!”

Apresentada formalmente, o Brasil se calou e puxou o fôlego, a eleita iria falar. Nesta hora eu anulei a audição, porque fiquei hipnotizado pelos seis seres que se posicionaram bem atrás dela, no enquadramento da câmera global, que será a imagem do Brasil.
Futuras gerações verão aqueles seis caroneiros. Temer, o vice de banho tomado, cabelo no gumex . Palocci desgruvinhado, suado. Um homem alto, posicionou-se na cola; e mais o Presidente do PT, que nem fede nem cheira. Estes quatro com cara de paisagem eu esperava um momento histórico. Mas existiam mais dois, que eu notei, pois ilustres quase-quase, foram para mim a grande sensação daquele quadro “éramos seis” (o sétimo era Deus, esquecido ou não convidado): uma loura falsa, com as raízes escuras pedindo tintura, baixinha,representava as comuns mortais, aplaudindo, contrita,diante da Deusa; e ele, o bugre-mulato, cara de homem do interior, um estranho no ninho,se coçando.
Ah, o destino, que aproveitando-se do empurra-empurra do cerimonial nascente, permite que um “escuro” se posicione entre os “brancos” e dê um toque de café-com-leite neste chá tropical da primeira She-Ra. Se ela precisar de um homem-enfeite, sugiro o tal caboclão sem-nome, que do nada foi o melhor dos papagaios-de-pirata. Se não der, que ele entre para o próximo ‘Big Brother".