segunda-feira, 13 de junho de 2011

Epitáfio

Quando eu morrer, desejo abrir os olhos e receber o abraço de uma boa alma. Quero sentir as nuvens sobre os pés, reencontrar pessoas pelas quais meus olhos derramaram gotas de saudade. Dizer as coisas que pensei nunca mais poder dizer, acreditar em vidas passadas e principalmente em futuras.

Quando eu morrer, quero não querer voltar a um mundo sem água e sem amor.
Quero morar em uma casa, feita dos tijolos que ergui com minhas bondades terrenas. Não precisar trancar as portas e poder admirar, através da janela aberta, as estrelas que passeiam na rua. Acabar me apaixonando por algum desses seres ou por todos eles.
Quero escutar ao vivo os ídolos que morreram antes de mim, ainda que isso pareça irônico, mesmo que a minha nuvem seja a mais turbulenta e distante.
Quando eu morrer, quero sentir nascer em mim um par de asas furadas,e aprender a voar apesar de tudo. Aprender a cair apesar de tudo.
Quero ser útil a alguém, fazer enxergar quem não pôde admirar as belezas de um mundo imperfeito, e suas desigualdades.
Quando eu morrer, não quero lágrimas. Quero só a dorzinha boa de quem, em algum momento, sorriu por mim.
Quando eu morrer,(espero que demore 100 anos) digam que sinto muito, e de tanto sentir meu coração parou.

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