terça-feira, 25 de outubro de 2011

P O R Q U E O S M E D O S ?


Ela despertou minha curiosidade, e fazia tanto tempo que estava adormecida que decidi deixá-la viver um pouco na realidade.
Era estranho porque ela tinha aquele sorriso, que parecia o resultado de uma adição dos sorrisos, que gosto tanto. E aqueles olhos que mudavam de cor, me davam arrepios, e aquelas mãos que se encaixavam tão perfeitamente nas minhas, que eu me senti completo por alguns instantes.
Enquanto olhava dentro de seus olhos, quase acreditei que ele tivesse transferido seus próprios sentimentos para dentro de mim.
Ela tinha aquele poço frio, azul e fundo camuflado no rosto, e ele estava prestes a transbordar com todo o seu medo e amargura. Por algum motivo senti que isso a deixaria feliz, pois ela sobrevivia com os sentimentos de outro alguém.
Mas ela sentiu medo quando olhou dentro dos meus olhos, e então decidiu que não os olharia mais. Eu ainda não havia entendido esse medo que ela tinha de mim, e do meu olhar... Pois ele não quer machucar ninguém. Talvez fosse intimidador. E é mesmo verdade que ele conseguia descobrir coisas sobre as pessoas, que nem elas mesmas sabiam. E também é verdade, que ele podia sustentar o mais intenso dos olhares, sem vacilar, mas é verdade também, que poderia revelar quase tudo sobre mim, caso algum dia encontrasse outro olhar atento.
Talvez eu descubra uma forma de não afastar as pessoas, e assim, talvez eu aprenda a manter os olhos entreabertos, quando eles não estiverem fechados.
Eu continuarei assim, convivendo com o medo dos outros como se fossem os meus próprios, porque eu sou o pior dos monstros, e não tenho outros para temer.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Virgulas!

Priscila, minha revisora/parceira preferida,quando seu olhar felinidade
disse que meus escritos não tem pontuação, concordei, e fiquei tentando achar justificativas!
Ao escrever desenvolvemos o pensamento, com nosso olhar do dia a dia.

Quem é detalhista, vai inserir várias frases intercaladas pra explicar o assunto!

Quem é engraçado não vai escrever um texto sem humor!

O pessimista vai está retrato no seu texto.

Tem gente que gosta de exclamação?

Tudo é no exagero!!!Se a coisa está feia, feia mesmo!!!

Se tem uma boa idéia!Boa mesmo!!!

Quem gosta de dialógos, extrapola nos tavessões.

Quem é chegado a incertezas faz a festa com as interrogções.

Quem gosta de deixar as idéias em aberto, utilizam muitas reticências....

Eu ,como voce sabe, gosto de pausas, e, por, isso,uso, muitas,virgulas,mesmo,fora,de lugar,..
...e não sei por um Ponto Final.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SAPATO PRETO,CINTO MARROM

Ele orienta jovens universitários sobre como enfrentar a banca de julgamento, no dia da apresentação do Trabalho de Conclusão de curso.Entre tantas dicas de como não usar expressões chulas ou não copiar da Internet páginas e páginas da dissertação,quando arranca da seleta platéia gargalhadas por ser espirituoso e cheio de caretas dramáticas, o orientador começa a fazer considerações sobre o tema ‘O que vestir’, impensável para universitários pobres que não podem escolher entre a calça A ou B, pois só têm a A. Mudo de canal, abandono a aula.
Em outro canal, Guru de Yoga famoso está lançando seu esperado livro sobre como não usar sandálias, pois foram feitas para a areia, como diz a denominação ‘sand’ em inglês.
Ele fala, fala, diz que as do tipo Havaianas estão muito na moda, mas não carregam a liturgia de respeito que certas convenções sóciais exigem.Eu olho para a T.V. e lentamente deixo vir de minha boca as palavras de minha indignação:“
Mas o senhor não acha que é contraditório um homem que trabalha com coisas da energia espiritual,como o senhor, esta dando importância ou mesmo atribuindo força e poder a um item desprezível,como calçados,para a avaliação do valor de um ser humano?”. Silêncio do irrespondível.
A palavra sandália viria de uma raiz latina,nada tendo a ver com a tal areia inglesa que o Guru invocava, voltei em meu redemoinho de pensamentos para o outro Canal, no momento em que o palestrante, aos gritos: “Não, cinto marrom com sapato preto e meia branca, não! Jamais, nunca, em tempo algum; é uma combinação tão horrorosa que sempre que eu estou na banca e o sujeito está com esta combinação, mais que 9,5 não dou,pois fico hipnotizado de tanto horror diante de mim”.
Pobre de uma sociedade que instrumentaliza seus estudantes a valorizar a aparência, na completa inversão da sabedoria do que a roupa não faz o monge.Vaias para Gandhi; São Francisco de Assis; aplausos para socialites, estilistas, o circo dos bem nascidos, bem-sucedidos, bem arrumados. “Não usem anéis chamativos,nem profundas fendas nos vestidos para seduzir os velhos da banca”,continuava ele.E eu ali,achando risível a situaçâo, quando tudo o que uma instituição de ensino tem que fazer é fomentar a inteligência,formar cidadãos conscientes de seu valor social para além da vestimenta.

O que estão fazendo com os jovens,os professores universitários?

Para que tipo de vida os estão empurrando?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ERA TUDO SEMPRE IGUAL....

Incansavelmente estive tentando, mas pareçem um pesadelo. Eu estou caindo em queda livre, o chão esta próximo, quero gritar, mas minha boca torna-se incapaz de produzir sons. E era sempre tudo igual...
Um dia, o despertador tocou,acordei, as luzes foram acesas. O encanto foi quebrado, e eu cansei de ser mudo.
Com os olhos finalmente abertos, a dor foi insuportável, para mim como a kriptonita era para o super-homem: nocivo, letal, e verde.
A distância fora estabelecida, os laços haviam sido desfeitos há muito tempo.
Eu sempre volto a rir e achar a vida bela, a dançar na chuva, e correr com a boca aberta. É claro que ainda tento engolir o mundo, e sem medo de engasgar e perder a voz outra vez. É óbvio que ainda há kriptonitas de tocaia esperando por mim, mas agora, eu estou preparado para enfrentá-las.

É justo que eu não seja imortal, e decida morrer algum dia.

domingo, 9 de outubro de 2011

Adverbios de Modos, e outras intençoes

Quero ser do tipo que abusa dos advérbios.

Que toma muito café.

Que publica os incômodos.

Deliberada [mente] poesia.

Suficiente [mente] cafeína.

Ébria [mente] boas maneiras.

Quero ser do tipo que fotografa o advérbio

que molda o grau em várias intensidades.

Descarada [mente] teorias probabilísticas.

Delicada [mente] teorias e decisões.

Quero ser do tipo alguma-bossa-nova-e-tantas-outras-intenções.

Metamorfose Ambulante (Raul Seixas)

Sou do tipo

doido,

inconstante,

confuso.



Ainda não decidi o que vou ser. Sou metade do tempo feliz (outra metade pensando no que é ser feliz).



Quem já falou comigo tem idéia de quem eu sou.

Quem convive comigo tem idéia do que eu posso ser.

Sou transformado pela vida todos os dias... um tanto pro bem, um tanto pro mal.

Toda definição é incompleta, irreal e passageira.

O que fui ontem, dificilmente serei amanhã.

Nunca duvide da minha idiotice,



eu posso sempre me superar...

domingo, 2 de outubro de 2011

I N S E N S A T O

Este teu lado obscuro de um jeito insensato.

Conhecer o teu mundo do lado de dentro.

Não temo cordas ameaçando meu corpo.

Há tempos fugi do teatro de marionetes.

Pra que vasculhar minha mente,

meus olhos denunciam antes e mais claramente.

Há uma porção de coisas sem explicação, que vou varrendo para baixo do chão.

O subterrâneo ficará pequeno para tanta falta.

Despido de toda e qualquer armadura, entregue aos perigos do desconhecido.

Sozinho tentando tapar o sol com dedos pequenos.

No final, quem morre sou eu.

Enquanto isso, quero repousar no teu pensamento.

Até entender esse medo de me perder para o passado, e de me perder entre as lembranças até desaparecer.