sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Chuva de Palavras

Foi engraçado mesmo, estavam ali se olhando sem nada dizer, a metros de distância, se tocaram com o pensamento. Estava frio, o céu tinha cor de cimento, mas não queria chover, não para eles.
É um pouco estranho, e é tão normal ser quem se é. ele viu o que quis nela, ela viu o que quis nele, e então descobriram tudo o que não queríam e se despedaçaram em uma brincadeira de bem-me-quer-mal-me-quer.
Haviam correntes os mantendo afastados, mas finalmente foram mais fortes do que elas. E correram em direções opostas até os corpos se recomporem em um abraço apertado. Ele não conseguia respirar, e ela não poderia ter se importado menos.
As nuvens se moveram no céu, sentiram as gotas, uma chuva de palavras falarem por eles o que não poderíam dizer. Seus rostos adquiriam expressão. Ele sorriu, ela riu, a felicidade era óbvia, mas não sabíam até quando.
Enfim, a paisagem ao redor materializou-se, puderam ver os sapatos molhados e as janelas se fechando. Ouviram o plic-ploc da chuva, os passos apressados e o som dos seus corações safenados batendo como um só. Era a melhor música que já ouviram. Até as folhas dançavam...
Um arco-íris fugiu dos olhos deles e apareceu no céu, o transfomaram em escorregador e escorregaram até a profundeza dos sonhos.
Nunca mais foram vistos na superfície.