sábado, 22 de dezembro de 2012

EM COMA‏

Quero escrever, mas minhas mãos já não se movem. Tenho a mente vazia de inspirações. Já não psicografo minhas próprias mensagens ocultas. Já não entendo nada. E nada; é tudo. Vazio. Cru. Interminável.

Há uma linha invisível prendendo meus punhos à cama. Não consigo levantar. Os olhos não abrem. A paisagem é nuvem cinza de tempestade violenta. Formigueiro de sentimentos consumindo o açúcar do algodão que já não é doce e está sujo demais para limpar feridas. Os remédios estão sempre na cabeceira, não há outra maneira de sobreviver.

É que quando as palavras calam surge em mim a vontade chorar. Chorar os pensamentos que sei que estão em algum lugar onde não alcanço. Talvez passem por mim acelerados sem que eu possa capturá-los, pois meus movimentos são lentos, fruto da vida sedentária que levei...

Só me saem lágrimas secas e invisíveis. O que guardo é mais salgado. Mais profundo. Mais doloroso. O que guardo e já não quero guardar, mas não tem jeito. O que guardo sou eu protegido por uma cápsula de gelatina bamba em cima de uma mesa torta.

Devolvam a minha inocência porque já não suporto saber que alguns sonhos são irrealizáveis. E já não suporto esse ceticismo e essa armadura que eu vesti. Pesa muito, estou cansado.

Queria ser formiga, carregar nas costas um mundo de soluções, mas estou preso à minha natureza humana: frágil.

Não quero sentir tanto, sinto muito, e não sentir, doi, mas sinto!



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