terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2014

FAÇA ARTE.
ANDE NAS NUVENS,
FALE BOBAGENS,
DECLARE SEU AMOR,
NAMORE MUITO,
ANDE NA CHUVA,
CANTE NO CHUVEIRO,
PENSE BEM,
SEJA ORIGINAL,
OBSERVE VAGALUMES,
SORRIA,
SEJA LIVRE,
CORRA RISCOS,
COMEMORE,
MUDE DE CAMINHO,
MELHORE O MUNDO,
PERCA O JUIZO,
CELEBRE A VIDA,
SEJA FELIZ!!

domingo, 15 de dezembro de 2013

FELIZ 2014






Desejo que em todos os dias de 2014, possamos 

viver realmente tudo o que vive morando em

nossos sonhos; e que, com o passar dos vinhos

os anos fiquem melhores!!!!!
 

sábado, 14 de dezembro de 2013

C R I M I N O S O!



Depende do juiz o fim do Tribunal de Kafka a que está sendo submetido o preso político negro Jair de Seixas Rodrigues,membro da Fist.
Depois de ser preso em várias manifestações, sem nada ter feito, além de protestar — demonstrando o caráter intimidatório e racista da polícia, Baiano, que nunca andou mascarado e jamais foi BlackBloc, encontrar-se-á preso por mais de 60 dias até o dia da audiência, marcada para a próxima segunda-feira,16 de dezembro, às 14h, o que é absolutamente ilegal.
Passou Jair, como foi denunciado, por torturas, fato nunca negado pelo sistema carcerário; pelo contrário, confirmado ao não cumprirem a ordem judicial de exame
de corpo de delito expedida pelo juiz plantonista João Batista Damasceno.
Chegou o militante da Fist a inclusive ser difamado de “maconhão” pela polícia.
Onde está a quadrilha à qual é ligado? Será a Fist, que luta pelo sagrado direito de moradia e sempre se posicionou contra os criminosos leilões do petróleo e gás, que vêm destruindo a soberania nacional?
A acusação também diz que não foi possível identificar o autor do coquetel molotov atirado no carro da Polícia Militar. Se não foi possível identificar o autor, por que mantê-lo preso? Ele foi preso em lugar distante, na mesma hora do ocorrido contra a viatura da PM. Não tendo ele o dom da ‘bilocação’, trata-se decrime impossível.
Tribunal justo começa por presunção de inocência do réu; tribunal de exceção, pela presunção de culpa.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

TO INDO

TO INDO.
FIZ COISAS CERTAS QUE DERAM ERRADO
FIZ COISAS ERRADAS QUE DERAM CERTO
FIZ BEM FEITO, FICOU INCOMPLETO
FIZ MAU FEITO, FICOU PERFEITO.
FIZ O QUE DEU,  FALTOU
FIZ O QUE NÃO DEU, SOBROU
FIZ DE CONTA QUE NÃO GOSTEI, FOI BOM
FIZ DE CONTA QUE GOSTEI, FOI RUIM.

FIZ E FAREI ENQUANTO VIVER,
RESULTADO,
SO  DEPOIS SABEREI!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

SINCERAMENTE

SEI DAS BESTEIRAS QUE FAÇO,
SEI DAS BOBAGENS QUE FALO,
DE ONDE VEM OS HEMATOMAS,
DOS MEDOS E DOS FRACASSOS.
SEI O QUE PENSO NA INSONIA,
QUANDO DOU UMA ESMOLA,
SEI DAS NOITES BEBIDAS,
NOS COPOS SUJOS.
CONHEÇO CADA PEDAÇO DA RUA,
CONHEÇO UM POUCO DE TUDO,
SEI QUE DIGO MENTIRA,
QUANDO DIGO QUE ''SEI DE TUDO''
FALO DEMAIS SOBRE MIN,
E QUANDO VEJO,
JA DISSE,
ALGUMAS VERDADES!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

RECICLANDO

A caixa de lembranças ficou pequena para todas elas e transbordou. Arremessou a tampa para o lado oposto do quarto. Fez pessoas ressuscitarem do passado, e agora, elas querem ficar. Não podem. Não devem. Priscila  não as quer mais. Estão fora do tempo, ultrapassadas e mofadas. Mofo não lhe faz bem, ela é alérgica.
Travou uma batalha contra as próprias lembranças até que todas estivessem devidamente rasgadas – o som de lembranças rasgando lhe soa ainda pior que o de dedos estalando – e separadas na lata de lixo reciclável. Assim, existe o risco de retornarem – de novo – ela gosta de arriscar.
Batalha vencida, hora de recomeçar. Repetição é praxe em sua vida desde a infância – nunca trocava as figurinhas repetidas. – Ao acordar, o pé direito toca o chão primeiro. É assim desde seus cinco anos de idade. Será assim para sempre. Sempre é muito tempo.

Ela resolve guardar um retrato, que desbotado pelo tempo, não lhe permite reconhecer o rosto, mas fica feliz com o que esta escrito no verso...

''Me traz o seu sossego,

atrasa o meu relogio,

me da sua palavra.

Sussura em meu ouvido

so o que me interessa.''



domingo, 29 de setembro de 2013

SAL E PIMENTA NAS BALAS

Eles estudaram Medicina na Síria.
Imagino hoje, tubos de ensaio em pleno genocídio religioso. Ainda no consultório das hipóteses, fugiriam pro Brasil, mas não exerceriam sua profissão por cooperativismos de alguns.
Esses santos encheram de vida e açúcar a minha infância.
Apesar das casas iguais, algumas se destacavam na comemoração aos gêmeos, pelos doces oferecidos. Promessas transformadas em línguas de sogra,suspiros e pirulitos, sem  pompas de marcas, cobertos com fé.
As rádios repetiam atenção aos motoristas para a cegueira glicosada das crianças, um vai e vem desesperado pelos saquinhos de papel.
Aos poucos, marias-moles e doces de abóbora perderam lugar pros bombons sofisticados, brinquedos de mola ou, mesmo, roupinhas de bebê.
A modernidade descobriu a cárie, e a inocência perdeu-se nos molares. Evangélicos botaram sal e pimenta nas balas Juquinha.
As crianças, temendo o amargo, recusaram o sabor de toda história.
Eu, crescendo entre igrejas e meus santos de devoção, continuo credo aos unguentos, proteção contra doenças da terra. E, claro,um caruru, receita à base de quiabo, ideal no combate à minha diabetes.
A pé, na mesma calçada, sem largar de mão os botequins, e  todo bar que se preza tem São Jorge ou Cosme e Damião zelando pelo estabelecimento.O Guerreiro tem a espada,os irmãos, as balas sobre os pés,sempre iluminados.


SALVE JORGE, SALVE COSME E DAMIÃO!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Constituição completa 25 anos


Em 1980, uma bomba em show de música no Riocentro explodiu no colo dos terroristas oficiais, e o Brasil encontrou o caminho para a redemocratização. Outras haviam explodido: na Câmara de Vereadores, na ABI, na OAB, em bancas de jornais e contra o bispo de Volta Redonda RJ, Dom Adriano Hipólito.

Todas eram atribuídas a terroristas de esquerda, os vândalos da época. A bomba do Riocentro como o desaparecimento de Amarildo mostra a truculência do Estado e a política de segurança nas áreas militarmente ocupadas. Aquela bomba acendeu o desejo de liberdade e redemocratização.
Um comício pelas ‘Diretas Já’ reuniu um milhão de pessoas,e em outros comícios tinham destruição, que eram praticados por agentes do regime, disfarçados de manifestantes. A música ‘Coração de estudante’, de Milton Nascimento, se converteu em hino. Caetano Veloso compoz a música ‘Podres poderes’, onde mostrava os ridículos tiranos, a estúpida retórica e os capatazes com suas burrices que fazem jorrar sangue. Concluiu dizendo que “tudo é muito mau...”, mas lembrou Oswald de Andrade, para quem nunca fomos catequizados, pois fizemos o Carnaval. Liricamente questionou se “apenas os hermetismos pascoais e os tons, os mil tons; seus sons e seus dons geniais nos salvarão dessas trevas”, numa referência a Hermeto Pascoal, Tom Jobim e Milton Nascimento.
Neste ano a Constituição completa 25 anos, e jovens dessa idade, estavam ou estão, nas ruas para efetivar a democracia escrita e não efetivada. Mas os podres e mascarados poderes insistem em proibir as manifestações, criminalizar e impedir a liberdade.  

Eu continuo com aqueles que velam pela alegria do mundo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AS MÉDICAS QUE TÊM CARA DE BRASILEIRAS!

Ao dizer que médicas cubanas têm “cara de empregada doméstica”, a jornalista potiguar Micheline Borges fez, sem querer, um grande favor. (fonte G1)Escancarou o preconceito de tantos e mostrou a exclusão de negros do sistema de ensino.Aqui,nos acostumamos com médicos brancos e operários pretos; qualquer perspectiva de mudança —cotas em universidades, por exemplo — assusta muita gente. Também nos acostumamos com filas nos hospitais, com falta de médicos e com médicos que fraudam plantões, como têm mostrado OS Jornais e TVs.. Nos últimos dias, entidades médicas se envolveram como nunca na discussão relacionada à falta de médicos em áreas mais pobres. Estão indignadas não com o problema,mas com a solução encontrada pelo governo federal, que, depois de não conseguir médicos brasileiros, tratou de importar profissionais. Os conselhos de medicina rodaram o jaleco diante da concorrência, parecem os caras que largam a mulher mas não querem vê-la com outro homem. Médicos cometem a descortesia de vaiar colegas cubanos; quero ver se profissionais aqui do Rio vão fazer o mesmo com plantonistasque  batem ponto e vão embora.
As entidades alegam que o programa Mais Médicos dribla a Lei ao não submeter os estrangeiros à prova que verifica a capacitação de quem se forma no exterior. O argumento é razoável, mas, como eventual paciente, quero que exame parecido seja aplicado aos que se diplomam no Brasil. Em 2012, o Conselho de Medicina de São Paulo reprovou 60% dos médicos— brasileiros— que queriam exercer a profissão no estado, conforme divulgou a TV. Plim-Plim.
Nessa briga, falta ouvir os maiores interessados, os milhões de cidadãos que vivem sem qualquer tipo de assistência médica. Perguntar se eles querem um médico cubano — ou argentino, ou espanhol — ou preferem ficar sem assistência.
Eles, os sem-médicos, são contribuintes que, com seus impostos, ajudam a manter as faculdades públicas de Medicina. São os patrões, têm que ser ouvidos e respeitados.

Cubanos não têm cara de empregados domésticos, se parecem com a maioria dos brasileiros, daí a comparação e o susto. Você, Micheline Borges  ao menosprezá-los, acabou elogiando o sistema educacional do país deles.

domingo, 25 de agosto de 2013

Lucidez faz diferença.

Pela t.v.,assistimos tiroteios e invasões, vimos toda violências, ouvimos tiros e rajadas, misturando pânico e preocupação. Já assistimos tambem,  o Bope chegar, a chegada dos caveirões, torcemos pelo bem e tivemos medo do mal. Veio o que chamam de pacificação. Os (bandidos) diminuíram, meninos com metralhadora nas mãos desapareceram e para os moradores da comunidade vieram os assaltos,os pequenos furtos,o medo da casa arrombada(Pela Policia),mas,  eles tem esperança, sofrem e se assustam, várias vezes ao dia e à noite, juntos encaram o preconceito dos outros moradores, que sentem medo desta gente. Até ficam irritados, mas não se abalam.
A Rocinha me deixou orgulhoso quando fez sua parte nas manifestações. Desceu o morro com classe, exigindo cidadania.
Não pediu nem concordou com o inútil teleférico. A Rocinha mostrou que não é do tipo que quer ser atração turística. A Rocinha quer mais. Quer creches, educação de qualidade, bibliotecas, centros culturais ,postos de saúde eficientes. Quer o que é fundamental para a vida cidadã. Pediram qualidade de vida. E qualidade de vida é educação, saúde, moradia, transporte decente e o tal do saneamento básico.O trabalhador quer segurança para si, sua família ,para todos poderem exercer o tal direito de ir e vir.E isto é direitos humanos.A Rocinha se manifestou com categoria. O Vidigal se apresentou com força e foi bonito de ver pela T.V. Teve lá sua tensão, afinal,a multidão deixa todo mundo tenso, com medo de que baderneiros se aproveitassem da ocasião. Felizmente, eles não apareceram. Gostei de ver, com todo respeito às outras comunidades, que a Rocinha não é uma qualquer.

Está lúcida. E lucidez faz diferença.




R A Z Ã O N E N H U M A !

Eu gosto de palavras. Das escritas e das faladas.
Gosto de falar, mas gosto muito de ouvir... gosto dos sons e dos significados.
Gosto das texturas e dos formatos.
Gosto dos ritmos, das pausas, das entonações. Gosto tanto dos ditos, quanto dos não ditos...
O silêncio tem seu valor, mas não é pra mim.
Gosto de pensamentos que se materializam em palavras, assim por razão nenhuma... gosto de razão nenhuma... razão nenhuma... duas palavras que ficaram bem assim juntas, mas que não existiam a cinco segundos atrás.
Era exatamente isso que estava tentando dizer... mas isso eu não sabia quando comecei a juntar essas palavras.


 

sábado, 10 de agosto de 2013

VIVENDO

Estou aprendendo agora, quero dizer, quero aprender Matemática.
Zerar a vida e mudar suas equações!
No comércio clandestino de emoções, a vida que poderia ter sido e que não foi.

Um tempo onde se recolhiam(e quem sabe frutificavam?) 
esses projetos frustrados: o futuro engolido pelo passado, por falta de oportunidades .
O vôo impossível.
O vôo da vida absurda”. 
Viver intensamente e indefinitamente um projeto não sancionado pelos fatos.

domingo, 7 de julho de 2013

Manifestações!

Sai do Facebook pra mostrar como se faz,
é tanta coisa que não cabe no cartaz.

Brasil era um pais, muito engraçado,
não tinha escola só tinha estádio,
ninguém podia protestar não, 
porque a PM sentava a mão.

Brasil é o país do futebol,
porque futebol não se aprende na escola.

Mas agora colocaram Mentos
na geração Coca-Cola.

Olha só que coincidência:
não tem polícia não tem violência

O transporte Público é pior que a TIM.
Me chama de Copa e investe em mim.

Vem pra rua , vem comigo,
mas seu guarda seja meu amigo.

A bomba sobe a gente abaixa.
Me manda um Halls,
odeio bala de borracha

Queremos formatar o Brasil.


É uma vergonha, É uma vergonha,
a passagem tá mais cara que a maconha.

domingo, 30 de junho de 2013

A plebe e a nobreza

Era uma vez um reino governado por um monarca autoritário. Oprimia e mandava prender, torturar e matar quem lhe fizesse oposição. O reinado de terror durou anos. O povo reagiu, denunciou as atrocidades, e o tirano teve que abdicar da coroa. Vários de seus ministros ocuparam o trono, mas as condições econômicas da população não melhoraram nem quando foi criada a nova moeda, o real. Insatisfeita, a população conduziu ao poder um dos seus. O novo rei combateu a fome, porém favoreceu também os negócios dos nobres e deixou de dar ouvido ao povo, que se locomovia em carroças apertadas e pagava caro pelo transporte precário. As escolas pouco ensinavam, e os cuidados com a saúde eram inacessíveis.
O castelo isolou-se das ruas, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. Foi então que a Corte promoveu os Jogos Reais. Arenas magníficas foram construídas, e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos súditos fiéis.
A população, inconformada com o alto preço dos ingressos e dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente à corrupção. O povo queria mais: educação de qualidade; saúde assegurada a todos; controle da inflação.
A rainha, assustada, buscou conselhos ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram reduzidos. O reino, em meio à turbulência, lembrou que o povo existe e prometeu dialogar com representantes da população. Nobres de oposição ameaçam tomar-lhe o trono.
A esperança é que o grito popular seja ouvido no castelo, e as demandas sejam atendidas. Que a voz dos jovens, que ainda não sabem como transformar sua indignação e revolta em propostas e projetos de uma verdadeira democracia seja ouvida!

 

sábado, 29 de junho de 2013

Até quando?

Qual o papel que se espera das forças do Estado? Como entender quando as forças policiais praticam a vingança usando seu poder armado? Como sentir-se um cidadão pleno de direitos morando na favela, diante de uma ação de massacre por parte daqueles que deveriam garantir a segurança?
A ação do Bope, Força Nacional e Batalhão de Choque na Maré parece não ter fim — e não terá, mesmo quando terminar.
Para que essa ação de extermínio de direitos e pessoas acabe. Exigimos dos governantes que isso tenha fim e que os policiais parem com sua prática de vingança contra a população local; mas não fomos ouvidos por eles, até agora. Mas fomos ouvidos nas redes sociais, pela mídia; e estamos sendo ouvidos por todos que não suportam mais a ação desse estado partido, que trata moradores das favelas como seres menores.
Queremos afirmar que os responsáveis por isso não são simplesmente os policiais; são, acima de tudo, o secretário de Segurança e o governador, que não atenderam aos nossos pedidos para que essas ações fossem paralisadas antes do massacre acontecer. E eles devem responder por isso, assim como aqueles que fizeram esse ato. Pois a morte de um policial por bandidos é lamentável; mas a morte de outras tanta pelas forças do Estado é arbítrio e um horror.

Observatório de Favelas




domingo, 23 de junho de 2013

Não abra a porta ainda.

Ela está sempre se escondendo – pensou ele – atrás de livros, no meio dos cabelos, embaixo do cobertor, dentro de si. Deve ser por isso que ela despreza o verão. Até o sorriso, tão bonito e raro, ela esconde com as mãos. Cobre os lábios, mas felizmente se esquece dos olhos. Os olhos contêm o pedaço mais bonito do sorriso.


Quanto mais ela se esconde, tanto mais ele deseja encontrá-la, mas sua especialidade sempre foi perder. Perdeu-se em pensamentos pensando nela e o que ia dizer agora se escondeu também.


Alegra-se toda vez que revela um centímetro dela, assim por acaso, quando ela se esquece do mundo. Seu corpo é um filme fotográfico trancado em uma sala escura. Essas coisas levam tempo. E do tempo dependem. Não abra a porta ainda

O cobrador

Manifestações contra o aumento das passagens de ônibus liberaram uma energia que não se sabia tão grande, tão forte. A violência da repressão policial serviu para aumentar o sentimento de revolta e dar a certeza da exclusão, da necessidade de partir para o ataque.


Contra o que são os protestos? São contra o que você quiser, escolha um motivo: passagens caras, transporte desumano, obras bilionárias para a Copa do Mundo que atropelaram leis, direitos adquiridos e bom-senso, conchavos, subordinação de setores do Judiciário ao Executivo,auxílio-alimentação retroativo para o Tribunal de Contas da União, licitações fraudadas, políticos de um modo geral.

O país melhorou muito, mas continua pobre, desigual, incapaz de oferecer uma educação de qualidade, que permita alternativas de ascensão social. Entra governo e sai governo e os serviços públicos continuam a impedir que jornais fiquem sem notícias; boa parte da polícia dedica-se a provar que existe apenas para garantir o poder de quem manda.

A busca do consenso acabou com as necessárias divergências políticas. Na maioria dos casos, eleições não revelam uma disputa entre concepções ou propostas, mas apenas conflitos de interesses: em busca devotos, Fernando Henrique Cardoso se aliou a Antônio Carlos Magalhães; Lula se tornou companheiro de Maluf. Manifestantes querem uma política sem políticos ou partidos,isso era o que pregavam os fascistas, foi assim que Collor se elegeu.

Mas não dá para culpar os novos donos das ruas pela visão equivocada. Foi a atuação de políticos que desqualificou a política, eles plantaram a revolta que hoje se vê.

‘O cobrador’, conto de Rubem Fonseca, ajuda a entender um Pouco esta revolta. O personagem principal comete crimes em série para cobrar tudo o que a vida havia lhe negado: “Tão me devendo colégio, namorada, aparelho de som, respeito, sanduíche de mortadela no botequim da rua Vieira Fazenda, sorvete, bola de futebol.” As ruas estão cheias de cobradores, cabe aos governos negociar o pagamento de tantas dívidas acumuladas e evitar que a cobrança se torne perigosa.

 

domingo, 9 de junho de 2013

MALA(sa)FA(dos)IA

Desde criança ouviu o Deus deles dizer, através da boca de Seus autorizados, que iriam para o inferno, por serem veados,se se escondessem, tinham chances de penar num purgatório, até que se purificassem. Como para ele pureza sempre foi ser fraterno, caridoso e respeitar o outro humano em todas as suas possibilidades, vive até hoje de maneira humanista, e nunca quis ir para o céu deles. É que lá iria encontrar um monte de gente de que não gostava, e que tinha passe livre no paraíso deles, porque fingiam muito bem. Depois descobriu outros deuses, que o deixava dançar, beber, celebrar seu amor do jeito que ele é, e percebeu que nem tudo estava perdido. Mas agora, além das nuvens com querubins e harpas,querem lhe negar o céu da cidadania.


O que assusta é que religiosos, queiram legislar sobre o Brasil e vidas. Não se trata de dizer publicamente que eles condenam a união homoafetiva, o que seria tolerável já que eles representam o dogma cristão e eu acho razoável entender alguns brasileiros que escolhem viver suas vidas por preceeitos religios. Boa sorte a eles e aí, estaríamos no campo da moral e das idéias. Só que agora eles descem do céu para o campo jurídico: eles montam bancadas de advogados, para lutar judicialmente contra os direitos de cidadão . O recado que eles mandam é o seguinte: mesmo quem não viva o dogma Cristão deve se curvar a este, que é deles.

Viva Oludumaré senhor dos pretos sem alma, que andavam livres sob o sol e a lua de África antes da escravidão branca. Viva a deusa das mulheres bruxas queimadas na fogueira medieval por viverem sem as ordens dos machos. Viva o Deus das matas indígenas que do caroço de tucumã fez o mundo da cabocla Jurema. Abaixo Hitler que os marcava com triângulos rosa para os punir publicamente. Liberdade consciente ao mundo: jamais o mal ao semelhante. Eles querem amar e ter direitos, já que como nos todos, pagam impostos!



VAMOS SER CRISTOVERSIVOS!

domingo, 26 de maio de 2013

A VERDADE LIBERTA!

Os inconformados com a Comissão Nacional da Verdade, reclamam que as investigações apuram apenas crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura, e ignoram os atos da esquerda armada. Parece correto, mas não é: boa parte da atuação da guerrilha contra o regime e pela implantação do socialismo no país foi revelada durante o próprio governo militar. Milhares de pessoas foram presas, interrogadas, processadas. Muitas foram vítimas da tortura dos que se apoderaram do poder.


Assaltos a bancos, atentados a instalações financeiras ou quartéis, sequestros de diplomatas, mortes em combate e assassinatos ( “justiçamentos” de adversários e de aliados) cometidos por organizações clandestinas foram quase todos apurados, seus autores são conhecidos; ao contrário dos torturadores, a grande maioria dos guerrilheiros assume o que fez. Além da prisão a que foram submetidos, muitos dos antigos militantes contra a ditadura — inclusive aqueles que não aderiram à luta armada— foram torturados, outros foram exilados ou assassinados. Há tambem casos de desaparecidos.

Um lado da história foi contado de forma oficial: a versão de quem prendeu, torturou e condenou. Os processos contra as organizações de esquerda são públicos, que se mostre quem foram os autores dos crimes cometidos em nome nação, financiados com os nossos impostos. É preciso saber quem deu choques elétricos em órgãos genitais de mulheres grávidas, quem arrancou unhas de presos, quem deu o tiro de misericórdia, quem incinerou corpos de adversários. É preciso revelar o destino dos cadáveres — esse direito não é negado nem às famílias dos criminosos comuns.

Eles (ex-agentes da ditadura) se dizem orgulhosos do que fizeram. Que tenham então a coragem de revelar detalhes de sua prática, de contar o que fizeram, como fizeram, sob as ordens de quem.



Não se trata de vingança!

 

sábado, 25 de maio de 2013

Fé que é cega e degenerada


A ignorância motivada por uma fé que é cega e degenerada de alguns setores religiosos fundamentalista reacionários, vêm ganhando cada vez mais força. E eles promovem repressão em nome de uma moral própria. Na visão deles, qualquer um que se comporte de forma diferente merece ser punido, veem feitiçaria ate no som do atabaque.

Esse tipo de postura sempre existiu, mas se tornou mais perigosa, e seus integrantes, mais auto-confiantes. Aprenderam a se organizar em blocos, associações e,até mesmo, em partidos.

Eles também influenciam os não-religiosos. Quase todas as manifestações contrárias à aprovação do aborto, a união homoafetiva, por exemplo, sem discutir, partem de grupos religiosos. O problema é que eles querem legislar baseados nos seus dogmas. Tentam impor a visão moral de suas religiões à toda sociedade. É uma incapacidade de aceitar o que é diferente.

 

domingo, 19 de maio de 2013

ROTINAS

As vezes, a pé, encontro becos de enviesadas curvas etílicas, a parada mais próxima de uma cirrose óbvia. Foi assim durante anos cheios de encantos mil.


Cardápio de sonetos engordurados, mocotó, rabada e frango com quiabo, mantinham uma comissão de frente(tecido adiposo acumulado na região abdoninal) fiel aos princípios de um pinguço: só bebia em pé, sempre as mesmas doses, feito os comprimidos pra pressão, diabetes, e coração que bebo hoje, diária e pontualmente. O balcão parece um quadro emoldurado: as mesmas pessoas, nos preservados lugares. Pra encostar ali é preciso um atestado de resistência fixa.

Ando um pouco mais, quase nada e, mais frequente que Placa de esquina,o apontador de bicho.Atento aos números desenhados no talão, ele ajeita o carbono enquanto a minha cabeça busca um duque de dezena combinado.Aí vem a pergunta:

— Combinado com o quê?

A caneta suspensa feito um cronômetro abre o tempo.

Pra minha escolha. Data de casamento, idade do Tio Obadias, a placa do primeiro carro(fusca claro) a sepultura da Tia Manuela, qualquer referência que essa tabuada lembra, vale nesse escrito.

Que merda! Ontem deu a milhar inteira do avião que enguiçou em Marrakech e eu não joguei!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O T I M I S T A

Sempre fui uma pessoa otimista. Sou tão otimista que toda semana não só jogo na loteria como olho o resultado da mega-sena com a mesma esperança: ser um ganhador.
Claro que só ganhei até hoje,uma vez,R$300.Mas continuo jogando e gosto de sonhar.
E o otimismo vale também para a vida, para o trabalho e , principalmente, para o ser humano.Sempre acho que ele pode melhorar.Torço,de verdade, para que acabem as guerras,as intolerâncias e as maldades.
Mas esta cena do helicóptero da policia, em caçada me tirou do sério.
Foi um soco na boca do estômago, é cruel demais. É intolerável demais. Revoltante demais. Confesso que, além da tristeza, dá um desânimo gigantesco.
Desta vez não dá para colocar a culpa nas vítimas, como gostam alguns. Não quero ouvir aquelas frases tipo, estavam na hora errada, no lugar errado. Qual é a hora certa? Desde quando a PM.ou outra Policia qualquer, pode atirar em pessoa supostamente por serem ‘bandidos’ com arams permitidas somente em guerras? Sei que não adianta nada ou quase nada ficar triste ou protestar.
Que tipo de gente é esta que faz coisas deste tipo e segue vivendo?Ou segue fugindo
ou segue matando?

Me indgna também, os que se declarando movido pela magnânima visão de um universo cheio de religiosidade engana as multidões? A religião, verbalizada escondendo a maldade? Se eu me digo ungido pelo toque de Deus, este o maior e melhor escudo para me blindar de uma possível desconfiança, pois sempre aponto o capeta nos outros. Sentem-se melhores que outros humanos que não compartilham a mesma crença, aqueles que fazem coisas diferentes dele, intolerante com a diversidade, única forma de apontar quem tem que ir para o inferno.

Mas este, mora em Brasília, veste paletó, e preside a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias!

Como faremos para reverter estas situações? Começamos por onde? Ou vamos fingir que não está acontecendo nada e torcer para não encontrar este tipo de gente? Será que é possível melhorar mesmo o ser humano? Ou é só um desejo de quem gosta de sonhar e não quer se deixar abater?



 

domingo, 12 de maio de 2013

Imagina na Copa

Aconteceu no Carnaval.— Tem ar?— perguntei ao taxista.

—Tem!— respondeu, girando o pescoço feito um ventilador caseiro, enquanto os lábios em forma de selinho Hebe Camargo emitiam um sopro de ironia. Suado, voltei a pé, onde o Rio de Janeiro permanece colonial, e sem bandeira 2. A razão de lembrar tal diálogo: não existe um vagão de trem, um lotação desses 42 sentados e 200 erguidos, onde a frase “imagina na Copa” não esteja sendo dita. Estamos em dia?

Aqui, a preocupação é relevante: tem garçom pra tanta sede? E os mictórios dos nossos pés sujos, mínimos pra qualquer um biriteiro, como serão pros hooligans maçarandubas? Apela praquelas caixas químicas?Notei que um dos banheiros azuizinhos usados na folia flutuava por conta do gás metano despejado yellow no desfile dos blocos. A intimidade física preservada entre os dedos enquanto o mijo jorra feito o Amazonas. Os outros 100 mil pierrôs e colombinas, bexigas cheias, desciam espremidos no acesso ao metrô! Filas, feito as imensas em padarias do Abraão (Ilha Grande, Angra dos Reis-RJ) nos feriados prolongados, cresciam na direção de qualquer objeto à venda, água mineral, amendoim com casca ou sacolé com vodca de nome que nçao sei escrever por ausência de vogais. Tio Hortencio, entrou numa filas só pra sair do butequim.. Eu imagino na Copa...

Faço contas de um Monobloco subindo a Radial Oeste, o Bola Preta em forma de torcida de unm Fla X Flu pedindo um churrasquinho de gato no Portão 18, todos em volta da Estátua do Bellini.

Joseph Blatter, o dono da bola, pega carona com um mototáxi, capacete de caveira, na engarrafada Praça da Bandeira. Que Merda é Essa (Nome do bloco que estava tentando chegar)— apropriado! — resmungou o presidente suíço, de terno e gravata.

O bloco da Preta chega por São Cristóvão, estação colada ao estádio. Ela e os foliões desembestam pelo viaduto em passos largos, pandeiros de causar inveja— Uma vez Brasil, Brasil até morrer!

São analogias de um momento euforias de uma cidade. Em cima da hora o desfile acontece, a grama cresce, o time engrena e o caneco é nosso. Manual dessa vida espontânea, o jeitinho dá as cartas enquanto espero sentado num caixote qualquer, peço a próxima, o gerente ri, eu presumo: “Imagina a conta!”

 

domingo, 5 de maio de 2013

A revolta da madame

“Imagina, agora minha empregada doméstica é administrada pelo governo Petista, com essas leis absurdas! Como se nós, patrões, não a tratássemos bem.


A Maria das Dores, por exemplo, começou aqui em casa como babá de meu filho caçula, o Jorge. Pagava a ela meio salário mínimo e mais o transporte. No aniversário dela e no Natal eu dou presentes. A menina se dobra em agradecimentos. Ela cuida bem do menino: troca a fralda, dá banho, lava e passa as roupinhas dele, jamais esquece a hora das mamadeiras. Leva-o todas as manhãs para tomar sol na pracinha. E nunca se queixou de ficar aqui em casa além da hora combinada.

Às vezes, eu e meu marido temos de jantar fora e a das Dores fica com a criança, põe para dormir, e depois assiste à TV, até retornarmos. Nunca reclamou de sair mais tarde um pouquinho. Agora vem o governo mais corrupto história a com essa história de 44 horas semanais, carteira assinada, pagamento de horas extras, Fundo de Garantia, multa de 40% para demissão sem causa justa etc.,isso é coisa para trabalhador, como faz meu marido lá na empresa dele.

Pra que isso de direitos trabalhistas? Ela tem seu quartinho arrumado, TV, acesso livre à geladeira da família. E come da mesma comida que prepara para nós. Não sei por que o governo safado se mete tanto em nossas vidas! Chega de burocracia. Agora vou ter que pagar, além dos salários,impostos para manter aqui a das Dores. Como se na velhice ela não fosse ter aposentadoria!A mãe dela, que trabalhou 20 anos na casa do meu sogro, ao se aposentar foi morar lá na roça, onde nasceu, e conseguiu aposentadoria rural. Precisa o governo criar ainda mais burocracia para nós, patrões?

Meu Deus, aonde o Brasil vai parar esse P.T!?”

 

domingo, 21 de abril de 2013

E N T R E V I S T A

Um dos líderes da guerrilha urbana, o jornalista Cid Benjamin está  lançando o livro ‘Gracias a la Vida’. Ele diz que se pudesse voltar no tempo faria tudo de novo, mas de outra forma.




Por que lançar um livro só agora, tanto tempo depois da prisão?

CID: As pessoas me cobram este livro há muito tempo por uma série de motivos. E eu adiava porque não queria fazer só um relato, mas uma espécie de reflexão sobre uma série de questões. E como eu não tinha tempo nem pressa e não me sentia em condições de fazer como eu queria, o livro está saindo só agora.

Da maioria dos ex-companheiros, pelo menos os mais conhecidos, como o Fernando Gabeira e o (ex-ministro) Franklin Martins, você é um dos poucos que se mantêm em defesa do socialismo.

Mudei algumas concepções, mas no essencial eu continuo no mesmo lado onde estava. Hoje, dou um peso maior à democracia, até porque acho que ela não enfraquece o socialismo. Muito pelo contrário. Ela valoriza e enriquece a proposta socialista.

Qual foi seu principal aprendizado?

Não foi político, mas de vida. Várias vezes me vi sem nada. Levei uma vida muito espartana na clandestinidade. Fiquei preso sem roupa nenhuma. Perdi tudo várias vezes. Quando estava exilado no Chile, tive de sair do país com a roupa do corpo às vésperas do golpe contra o presidente Salvador Allende com minha mulher e minha filha recém-nascida. Tudo isso me fez aprender que, se você tem saúde e disposição, todo o restante é perfeitamente possível de ser feito.

E politicamente?

Tenho muito orgulho da minha trajetória. Apesar dos nossos erros políticos, sou de uma geração que em condições muito adversas lutou, arriscou a vida por uma sociedade melhor para todos. Isso é motivo de muito orgulho e acho que tem de ser valorizado.

E o grande erro?

Acho que a luta armada foi um erro. Não em tese, pois reafirmo a legitimidade de você pegar em armas contra um regime opressor e ilegítimo. Isso é reconhecido até pela ONU. Minha reflexão é em relação à eficácia da ação. Não tinha condição de vingar. Foi um erro político pelo qual pagamos caro. Mas falar agora é fácil. Após 1964, com a Revolução Cubana, com os EUA perdendo a Guerra no Vietnã, havia elementos fortes para que as pessoas se atraíssem e acreditassem no sucesso da luta armada. Então, não há arrependimento, mas a reflexão de que foi um erro. Costumo dizer que se pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo, mas de uma outra forma para que o objetivo fosse atingido.

Na volta ao Brasil, você fundou o PT com outros ex-companheiros. Mas hoje o partido é bem diferente.

O PT deixou de ser um partido de transformação social, o que não quer dizer que seus integrantes, pelo menos a maioria, não têm mais essa perspectiva. Mas a direção do PT... o rumo que tomou não é transformador. E nem falo de transição para o socialismo, mas da dificuldade que o PT tem para tomar medidas republicanas mais radicais. Embora eu reconheça melhorias em relação aos governos anteriores, é muito pouco para o que eu queria do PT.



E o Psol?

Não acho que o Psol vá crescer, atropelar isso tudo que aí está e encampar a bandeira do socialismo. Mas é uma importante trincheira onde segue erguida a bandeira socialista. Não consigo imaginar o que seria do Congresso sem os nossos quatro parlamentares (senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, os deputados Chico Alencar e Jean Wyllys, do Rio, e Ivan Valente, de São Paulo). Eles cumprem um papel importantíssimo, são os melhores parlamentares do país e não seriam se estivessem no PT. Ficariam amordaçados.

Você é daqueles que consideram que o grande legado do PT, além do Bolsa Família, será a despolitização da sociedade após os escândalos de corrupção?

É um exagero afirmar isso. Contribuiu bastante para a desilusão. Despolitização? Penso que sim. Mas o Bolsa Família melhorou a situação de milhões de pessoas. Só que representa apenas 1/5 do lucro dos bancos. E se você quer pensar em transformação social, é preciso pensar em emprego digno e estável. A assistência social tem que ser feita muitas vezes porque há miséria, mas é preciso ter a porta de saída para não ficar vivendo eternamente da caridade do Estado.

O Bolsa Família se tornou o que há algumas décadas era um saco de cimento e um caminhão de tijolos, ou seja, é um cabresto eleitoral do século 21?

Não quero dar uma impressão pejorativa do Bolsa Família. Ele beneficia não apenas o núcleo familiar, mas faz o dinheiro circular nas cidades do interior do Nordeste, por exemplo. O padeiro vende mais pão, o comércio vende mais roupa e isso é bom. Mas é emergencial. Cada vez que se anuncia o número maior de beneficiados vejo um lado ruim. O ideal seria este número diminuir, que o governo dissesse que dá menos Bolsa Família porque o cidadão já tem um emprego decente. Mas isso não acontece.

Apesar de ter sido fundador do PT e um dos coordenadores da campanha do Lula na histórica eleição de 1989, você diz no livro que o melhor para o país teria sido a eleição de Leonel Brizola, Por quê?

Pela educação. Acho que ela tem de ser prioridade em qualquer governo, de esquerda ou direita. Isso não tem a ver com o socialismo e não necessariamente vai ameaçar as classes dominantes. Se o PT tivesse revolucionado a educação fundamental nestes 11 anos, já teria sido um legado enorme. Mas nunca fizeram isso. Aliás, não há quem cite neste governo uma única medida que tenha contrariado o interesse das classes dominantes, dos bancos, dos empreiteiros, das multinacionais e do agronegócio.

E qual a sua avaliação do governo Dilma, outra ex-guerrilheira. Vocês se conheceram na ditadura?

Não. Ela era da base. O ex-marido, Carlos Araújo, é que era dirigente. Eu acho um governo frustrante porque não é de transformação social. Se você me perguntar se não é melhor que os do Lula, Fernando Henrique e Collor, certamente direi que é, mas não me satisfaz. Não mexe com os interesses dos ricos, não faz as reformas necessárias e constrói a governabilidade montando uma geleia de partidos que o imobiliza. São tantas concessões que não permitem as transformações, apenas permitem que o o governo não seja incomodado.

E a Comissão da Verdade, criada por ela para apurar os crimes cometidos pelo Estado na ditadura? O que pensa a respeito?

Não tenho rancor contra meus torturadores, mas um país que não conhece sua história está condenado a repetir os erros. Mandela, na África do Sul, abriu mão da punição dos torturadores desde que eles fossem a público confessar tudo o que fizeram. Foi um choque na sociedade sul-africana, mas criou anticorpos para que não aconteça de novo. Por isso, é preciso que saibamos quem foram os torturadores e os mandantes. Só lamento que esta comissão tenha vindo tão tarde. O Sarney, como cúmplice da ditadura, não poderia tê-la criado. O Collor, tampouco. Mas o Fernando Henrique e o Lula, sim, poderiam ter dado um passo importante neste direção e não fizeram.

O que chama a atenção em você é que, apesar de ter sido derrotado na luta contra a ditadura, de ter criado um partido que te causa frustração, você tem uma alegria de viver incrível.

Fiz o que achei que deveria ter feito e o fato de ter perdido batalhas não me deixou amargurado. Se eu ficar preocupado com tudo o que passei, vou ser torturado continuamente. Buda dizia que guardar rancor é como pegar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém. Quem segura o carvão é que se queima.

E o Darcy (Ribeiro) também tinha uma ótima. Ele dizia: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras e não consegui; tentei salvar os índios, não consegui; tentei fazer uma universidade séria e fracassei; tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Detestaria estar no lugar de quem me venceu”. Penso exatamente assim.



domingo, 31 de março de 2013

MEADOS DOS ANOS SETENTA.

Hoje, aqueles tempos cinzentos,  de chumbo são como cenas de filme antigo, histórias desbotadas, sinto me anos-luz do adolecente, militante do movimento estudantil via Pastoral (JEC) com seus 16 anos, sua revolta e pulsão de ser herói, vivendo a aventura da geração que depois, cortou-se com cacos do sonho. Não me desconforta e nem me enaltece esse passado.

Tive a tríplice felicidade de sobreviver, não ter sido capturado, seviciado e não terem me matado. A ventura de ter participado, a sorte  que me permitiu escapar.
As cicatrizes são relativamente brandas.

terça-feira, 19 de março de 2013

L U C I D E Z



Queria agora uma desculpa, deveria ter bebido. É, deveria.


Minha lucidez custa caro. Traumatiza. Depois, quem se lembra de tudo sou eu. Eu que lembro de tudo incondicionalmente e não quero mais lembrar.


Quero ter lembranças voláteis como o álcool.



LEMBRANÇAS (C.T.I)

Eu fui quebrando as portas como se quebrasse medos. Mas no fim das contas, só estava quebrando os ossos. E me diziam para ficar calmo, e me diziam para estender o braço, e me pediam para ficar tranquilo. Daria tudo certo. Quando eu desse por mim estaria feito.


Todos diziam que eu não sentiria (meu medo e não sentir). Quando vi aqueles olhos. Olhos negros, quem diria usando agulhas para espantar meus medos. Mas não importava o tão fundo que entrassem em minha carne, novas portas cresciam mais fortes, mais altas,mais intransponíveis. E eu ia percebendo que estava atravessando sozinho por dentro dos meus medos, guiado por uma loira sem sal.

Enquanto eu pensava, ressentido, na ilusão da beleza interior, aqueles olhos iam ficando distantes...Mas ainda vigiavam minha consciência.Tiravam minha roupa, monitoravam meus batimentos, diziam que os pesadelos não poderiam me perturbar. Então, quando as luzes pararam sobre o meu corpo, já não me importava.

Eu estava entregue à última lata de leite condensado. Sentindo a glicose correndo pelas veias.

Até não sentir mais.

segunda-feira, 18 de março de 2013

S O L I D A R I E D A D E

    Cartão inválido. “Cartão inválido, senhora”, falou a caixa da farmácia para uma idosa que estava na minha frente na fila. Ela fez uma expressão de dúvida, olhou para trás e para o lado. “Cartão inválido!”, repetiu a acompanhante dela, quase berrando. E ficou um silêncio, sem nenhuma atitude. Não aguentei: “Passa de novo, nem sempre quando dá cartão inválido está inválido. Pode ser problema na rede”. A caixa não suportou a intromissão: “Calma, senhora”. “É sua obrigação tentar de novo”, eu disse. A velhinha me olhou, olhou para a acompanhante: “Tem fundo, não está inválido” e digitou de novo a senha.A caixa, toda feliz: “Continua inválido”. A senhora tirou as mãos do andador para catar todo o dinheiro que tinha na carteira, diante da acompanhante muda. Eu respirei fundo.


    Muitas vezes, sou tomado por um senso de justiça. Sinto um desejo enorme de levar ternura para quem precisa, presenteando delicadeza, ajudando a solucionar problemas, vencendo as injustiças. Mas não é só bondade que me move, é um sentimento de raiva também, diante da forma como as coisas acontecem e como as pessoas agem. Parece-me que quase todos fomos levados, pelas dificuldades que a vida impõe, a desenvolver um sentimento de autodefesa. Como se, aos poucos, tivéssemos nos acostumado a cuidar do que é nosso, a criar uma casca, para que nada nos atingisse, já que nem sempre as coisas dão certo e andam fora de si por aí. Com isso, acabamos agredindo pessoas inocentes. A paciência já era. Nem deu tempo de parar para pensar e disparamos a bomba de autodefesa, repelindo quem, muitas vezes, não tinha nada com isso.

    Não acredito que seja o que moveu a caixa da farmácia. Ela estava falando no automático o que lia no visor da máquina.

    Às vezes, é só uma questão de ser cortês, de querer fazer bem o seu trabalho e não dar aquilo por encerrado, entender todas as etapas do processo para o qual foi destinado. Isso não equivale a ser bonzinho e, sim, a ser uma peça funcionando na engrenagem.

domingo, 10 de março de 2013

C O N C R E T I S M O S

            
              Abstrai-se do concreto.


Descasca as paredes, fura o teto.

             No teto, um céu de goteiras goteja aquarela.

                                                O balde transforma em suco de frutas.

            Bebe sem filtro.

Sem filtração, sem frustrações.





Alguém vem e

                    cobre tudo com cimento.

domingo, 3 de março de 2013

Yoani Sánchez-JN.Rede Globo!


(A blogueira cubana Yoani Sánchez, foi embora dia 26.02. Sua última parada foi o Rio de Janeiro, que ela elegeu como sua cidade brasileira preferida porque aqui teve “calma”— não enfrentou protestos de defensores do regime de Fidel Castro, que ela critica).JN.Rede Globo.

Ela Conseguiu espaço que muitos pop stars não têm. As manifestações contra a sua presença contribuíram, mesmo que não tivessem ocorrido,a blogueira teria espaço garantido pelo conservadorismo.
Na prática, ela veio cumprir a missão de afastar Cuba do Brasil, tem grande protagonismo por lá com a construção, por ideia de Lula—com a participação de empresas brasileiras e financiamento do BNDES—,do Porto de Mariel, que será o maior do Caribe.
Aqui no Brasil, o Instituto Millenium, que reúne a elite de direita no país, a banca desde sempre, com a reprodução de seus artigos antissocialistas.
Perguntas poderiam ter sido feitas à digníssima. Como faz para conectar-se à internet se afirma que os cubanos não têm acesso? Como é possível seu blog usar o sistema de pagamento, que nenhum cubano residente na ilha utiliza por causa das sanções? Quem se esconde por detrás do endereço eletrônico cuba.net, cujo servidor está na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg registrado sob o nome de Josef Biechele, que aloja também sítios da Internet de extrema direita?
Como utiliza os 250 mil euros conseguidos em prêmios internacionais, correspondentes a mais de 20 anos de salário mínimo na França, quinta potência mundial, e a 1.488anos de salário mínimo em Cuba.
A exaltação a referida cubana me lembra Armando Valladares, festejado na metade dos anos 80 do século 20 e tratado como intelectual, cuja obra não nos era permitida conhecer pela censura Cubana. Valladares pediu asilo aos EUA, o que foi concedido.cidadão norte-americana, foi nomeado embaixador na Comissão de Direitos Humanos da ONU nos governos Reagan e Bush-pai. Depois nunca mais se ouviu falar dele. Seu livro não mereceu reedição um caso de ‘intelectual’ asfixiado pela liberdade.
Yoani reclama que a censura não lhe permite acesso à imprensa cubana, que na maior parte do tempo sua página na internet fica fora do ar e que por isso não é conhecida no seu país. Se Yoani morasse na periferia, ou usasse a internet pelo meu provedor de acesso, teria maiores motivos para reclamar.
Dizemos que temos liberdade apesar do Governador chamar de vagabundo, de bandido quem espera tren as 5hs da manhã,de sucatear os serviços do estado,do chicoteamento pelos seguranças da Super Via, das truculencias da P.M. do controle das empresas de comunicação por algumas famílias, do assassinato de uma juíza pela polícia do Estado, cobrança judicial de ‘taxa de segurança’ por milícias, a pretexto de ‘condomínio de rua’. Ainda assim consideramos que falta liberdade é em Cuba, onde vacina contra alguns tipos de câncer foi descoberta, mas poucos sabem por causa da 'liberdade' das nossas empresas de comunicação em não nos informar.

Brizola dizia que alguns empresários da mídia brasileira tratam aqueles que não lhes defendem os interesses como pessoas a serem isoladas ou mandadas para a Sibéria, a elas se referem negativamente.
Uma empresa aproveitou e em sua propaganda inverteu a lógica , isolados na Sibéria estão os que não adquirem seus produtos, e não aqueles proibidos de aparecer positivamente em seus noticiários!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

E S S E C A R A S O U E U!

Com a alma em cinzas mesmo antes da quarta-feira,vendo pela TV., ou pela Internet ,  as pessoas no Carnaval.Os blocos que saem em golfadas humanas arrastando os ‘colesteróis’ das artérias da cidade, ruas, avenidas e praças nessa folia de asfalto, alegram meu coração, e mantem meus Stents felizes. Cutucaram São Sebastião com flecha curta e o santo partiu pra cima de São Salvador desbancando abadas e trios elétricos.O subúrbio resurge com os antigos bate-bolas, cover tupiniquim do Coringa chacoalhando o Batman, até alcançar os índios do Cacique de Ramos.Retornam as Avenidas, curvas do passado no boulevard do futuro. Frases líricas, estamos na crista do Galo do amanhecer.O Boitatá alvorece na Praça Quinze. Os iniciados têm a senha e desfilam a tempo.Outros, quase de pijama, perambulam sobre os canteiros do Céu da Terra.
No silencio, gênios aplicam seus neurônios inventando nomes para essas entidades.
E haja criatividade, Suvaco de Cristo, Imprensa que eu Gamo, Vem ni Mim que Sou Facinha e Quero Exibir meu Longa são alguns dos blocos de nomes bem Intencionados.Identifico meus cabelos brancos quando vejo o Simpatia, pro Barbas ou na Banda de Ipanema, um sopro na vanguarda de todo esse enredo.Nossos Momos estão magros. No regime do politicamente correto, o percurso tem um fim.
Nosso tempo em banda larga acelera os desfiles, mas tem gente que resiste.Tenho medo que, nestes tempos virtuais, cada um tenha seu próprio carnaval, o seu bloco de tela.

Com a alma em cinzas mesmo antes da quarta-feira, Diabetes e Pressão controlados, sou um eterno bêbado, sem son e sem imagen, com um riso palhaço como fantasia, pois é Carnaval.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Hoje! Mais um Carnaval!


      Hoje! 
Quase amanhã.
 Por necessidade quase ontem!
É a paga da eternidade a este vale de desespero
De crianças sem esperanças e não é por rima pura,
É sim, por vontade expressa do poder divino.
Chora mãe, teu filho caído por bala ou vício
No precipício dos desvalidos, na vala dos incautos.
Chora tua lágrima para alimentar o eco dos vencedores
Enquanto desfila na avenida da dor o bloco dos encapuzados
Senhores da lei, na Sapucaí dos horrores, enredo dos excluídos.
Grita teu samba de agonias puxador das rajadas, levanta teu
público!
Para na apoteose receber os aplausos dos senhores das verdades
Que desceram ao asfalto para que subissem as escadarias dos 
edifícios!
Os nobres dos barracos do Morro da Babilônia.
E na apuração vão ganhar nota dez em Harmonia, beleza de agonia!
Adereços, abraços, apreços.
Hoje!
Mais uma chacina.
Já é amanhã, o que foi ontem e será sempre. 
Mais um Carnaval!