Eles estudaram Medicina na Síria.
Imagino hoje, tubos de ensaio em
pleno genocídio religioso. Ainda no consultório das hipóteses, fugiriam pro Brasil,
mas não exerceriam sua profissão por cooperativismos de alguns.
Esses santos encheram de vida e açúcar a minha infância.
Apesar das casas iguais, algumas se destacavam na comemoração aos
gêmeos, pelos doces oferecidos. Promessas transformadas em línguas de
sogra,suspiros e pirulitos, sem pompas
de marcas, cobertos com fé.
As rádios repetiam atenção aos motoristas para a cegueira glicosada das
crianças, um vai e vem desesperado pelos saquinhos de papel.
Aos poucos, marias-moles e doces de abóbora perderam lugar pros bombons
sofisticados, brinquedos de mola ou, mesmo, roupinhas de bebê.
A modernidade descobriu a cárie, e a inocência perdeu-se nos molares.
Evangélicos botaram sal e pimenta nas balas Juquinha.
As crianças, temendo o amargo, recusaram o sabor de toda história.
Eu, crescendo entre igrejas e meus santos de devoção, continuo credo
aos unguentos, proteção contra doenças da terra. E, claro,um caruru, receita à base
de quiabo, ideal no combate à minha diabetes.
A pé, na mesma calçada, sem largar de mão os botequins, e todo bar que se preza tem São Jorge ou Cosme e
Damião zelando pelo estabelecimento.O Guerreiro tem a espada,os irmãos, as balas
sobre os pés,sempre iluminados.
SALVE JORGE, SALVE COSME E DAMIÃO!