Em 1980, uma bomba em show
de música no Riocentro explodiu no colo dos terroristas oficiais, e o Brasil
encontrou o caminho para a redemocratização. Outras haviam explodido: na Câmara
de Vereadores, na ABI, na OAB, em bancas de jornais e contra o bispo de Volta
Redonda RJ, Dom Adriano Hipólito.
Todas eram atribuídas a
terroristas de esquerda, os vândalos da época. A bomba do Riocentro como o
desaparecimento de Amarildo mostra a truculência do Estado e a política de
segurança nas áreas militarmente ocupadas. Aquela bomba acendeu o desejo de
liberdade e redemocratização.
Um comício pelas
‘Diretas Já’ reuniu um milhão de pessoas,e em outros comícios tinham destruição,
que eram praticados por agentes do regime, disfarçados de manifestantes. A música
‘Coração de estudante’, de Milton Nascimento, se converteu em hino. Caetano
Veloso compoz a música ‘Podres poderes’, onde mostrava os ridículos tiranos, a
estúpida retórica e os capatazes com suas burrices que fazem jorrar sangue.
Concluiu dizendo que “tudo é muito mau...”, mas lembrou Oswald de Andrade, para
quem nunca fomos catequizados, pois fizemos o Carnaval. Liricamente questionou
se “apenas os hermetismos pascoais e os tons, os mil tons; seus sons e seus
dons geniais nos salvarão dessas trevas”, numa referência a Hermeto Pascoal,
Tom Jobim e Milton Nascimento.
Neste ano a
Constituição completa 25 anos, e jovens dessa idade, estavam ou estão, nas ruas
para efetivar a democracia escrita e não efetivada. Mas os podres e mascarados
poderes insistem em proibir as manifestações, criminalizar e impedir a
liberdade.
Eu continuo com aqueles que velam pela alegria
do mundo.
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