sábado, 25 de janeiro de 2014

Histeria Coletiva

Sobre os rellezinhos. li muito preconceito.
A primeira palavra que apareceu foi “vagabundos”,seguida de “Engraçado apoiar baderna”.
Ter  livre acesso é uma coisa, causar pânico na sociedade é outra”. “Shopping é lugar de família, odeio quem atrapalha meu lazer”.
O que as pessoas não veem é que o pobre não tem obrigação de sair da pobreza, ele tem o direito de sair dela.
O consumo, é dividido: existem,  locais populares, como a Saara. E existem lugares de maioria branca e de maior renda.
Essa é toda a questão do rolezinho. O jovem suburbano percebeu que está excluído e, num ato corajoso e inteligente, resolveu incomodar a classe média com o que tem de mais simples: sua presença. Shoppings fazem todo tipo de promoção para nos levar para dentro deles, sorteiam carros, fazem shows, decoram. Mas jovens pobres não são bem-vindos em certos locais.
Descobriram finalmente o apartheid brasileiro.
 “Eu faço a minha parte, ajudo deficientes no asilo.” Esse é o pensamento da classe média: o deficiente fica no asilo, o pobre, nos shoppings populares, a classe C, na econômica do avião.
“Trabalhar, ninguém quer...”, continuam. Qual a diferença entre o jovem de classe média que não precisa trabalhar e vai ao shopping e eles? Por que presumimos que logo os pobres são vagabundos, se todos estão no mesmo lugar fazendo a mesma coisa, nada, só andando de lá pra cá (dando um rolé)? Mas o rolé dos pobres é logo definido como “baderna,arruaça e confusão”.
Para as classes média e alta:pobre e negro tem que trabalhar— apenas trabalhar—sem reclamar. Não queremos ver aqueles que nos servem usufruindo a mesma coisa que nós, isso “atrapalha nosso lazer”.
O rolezinho é um dos movimentos mais legítimos e inteligentes que já vi. Usa o medo, o preconceito e os valores podres e deturpados de uma camada social contra ela mesma.
Na maioria dos casos, não existe crime, existe pânico e histeria coletiva.

 

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