segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A DIVISÃO QUE VEM DE LONGE

Esta campanha eleitoral não dividiu o país, mostrou
as diferenças que existem desde a chegada dos chamados
descobridores. A divisão começou quando integrantes dos
diversos grupos humanos que havia por aqui foram combatidos,
escravizados e mortos. As capitanias hereditárias, o projeto de
dividir a colônia entre os que tinham e os que não tinham terras.
A importação de africanos para o trabalho escravo, a maior
vergonha da história, criou a mais cruel das separações: a exis-
tência de homens e mulheres que não eram considerados seres
humanos, pessoas passíveis de espancamento, que podiam ser
submetidas a absurdas jornadas de trabalho e a abusos sexuais.
Escravos sequer tinham direito a ficar com seus filhos, vendidos
Como alguns fazem com filhotes de cães e gatos.
Do ponto de vista histórico, a escravidão acabou há pouco tempo,
os avós dos que hoje têm mais de 40 anos certamente conviveram
com ex-escravos. Os 126 anos desde a Abolição foram insuficientes
para apagar os conceitos que  marcavam e justificavam as diferenças
entre homens livres e escravos, entre brancos e negros.
Ainda e comum ouvir expressões que procuram legitimar o suposto
lugar de cada um, lugares que não podem ser mudados. Só em 1996
é que foi assinada lei que proíbe discriminação em elevadores sociais.
Para justificar a má qualidade da educação e da saúde, dizem : “Pra
quem e, está bom”. “Quem”, aqui como sinônimo de pobre. A divisão
 — na maioria dos casos, ainda é — evidente. As melhores escolas e
os bons hospitais eram para poucos, filhos de pobres não deveriam
estudar,  tinham que reproduzir a pobreza dos pais. Boa parte da socie-
dade  achava que nada precisava ser mudado. As leis sobre o trabalho
doméstico só chegaria em 1972. Ainda hoje, muita gente acha normal
que empregadas durmam nas casas dos patrões, fiquem 24 horas por
dia à disposição deles—e recebam por apenas oito horas de trabalho.
Para tantos e tantos brasileiros, qualquer passo que busque acabar com
a velha divisão é classificado de ilegítimo. O ódio de parte da sociedade
ao Bolsa Família revela que, para muita gente, só quem já tem dinheiro
é que pode ser ajudado pelo Estado.
A eleição não dividiu o país, apenas deu a muitos daqueles que estão entre os mais ricos a coragem de gritar, de dizer que não admitem o rompimento de tantas fronteiras. Eles vão ter que se conformar, o país mudou.

sábado, 25 de outubro de 2014

Ideologia importa?

Estamos a dois dias de conhecer a pessoa (ou o partido, PT ou PSDB?) que presidirá o Brasil pelos próximos quatro anos.
O que essas siglas representam?
Partidos de esquerda são mais atentos às questões sociais; veem o Estado como responsável pela geração de emprego e redução da
desigualdade. Já os partidos de direita defendem que o Estado deve intervir o menos possível na vida dos cidadãos e mais no controle das contas públicas e redução da inflação.
Para algumas pessoas as eleições são personalistas, votam na figura do candidato, e não em suas siglas partidárias.
Outros veem que é através dos partidos políticos, pelos seus programas de governo, que o eleitor deve se informa a respeito  do posicionamento dos candidatos ao cargo público e quais as suas prioridades em políticas públicas.
Este segundo turno pôs em xeque a visão de que ideologias e partidos políticos não importam. Estamos diante da escolha entre duas visões de mundo opostas, uma que defende um Estado mais atuante, favorável ao governo como provedor de direitos sociais, e a outra que defende o Estado mínimo, ou seja, o mercado deve apresentar as condições favoráveis  para que os cidadãos consigam, através dele, alcançar seus direitos.
Como eleitores, resta-nos fazer a escolha com base na nossa visão de mundo, e no histórico de cada partido quando do exercício da presidência. Se em algum momento do passado recente tais visões eram apresentadas aos eleitores através apenas dos discursos de campanha e programas de governo, hoje, para os que não são tão jovens, já é possível comparar sua prática governamental e consequências para o país em termos de desenvolvimento econômico e inclusão social.

Por uma sociedade justa, humana, fraterna, Voto 13 DILMA!