quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

E Vamos comemorar.

Jesus Cristo transformou, afinal, água em vinho. Nunca
transformou vinho em água.Fez isso, para não acabar com
a festa da rapaziada. Disse também, naquele jantar com o
fariseu escroto, que o mal nunca é o que entra, mas o que
sai da boca do homem — e quebrou os tabus alimentares.
Tem cristão que insiste em transformar Jesus em um chatonildo,
inimigo dos fuzuês,das biritas e das alegrias. Cristo (o meu)
era um farrista do bem, não era um carola ressabiado ou um pre-
gador intolerante.
É por isso que sou do cristianismo popular: bebo e compartilho
com os meus amigos e camaradas e com qualquer um. Não sento em
mesa de bar — um templo— com fariseus que queiram ditar regras
e impor grosseiramente suas verdades.
O meu Jesus, é aquele dos presépios mais precários,e das folias
e de brasilidades dos fuzuês que, no mês de janeiro, homenageiam
entre cachaças, cafés e bolos de fubá gentilmente servidos— os San-
tos Reis.Nestas festas, os cantos, louvores, comidas, falam de afe-
tos celebrados que permitem a subversão, pelo rito, da miudeza pro-
visória da vida.
O Cristo dos meus delírios se sentiria mais à vontade em um botequim
de esquina do que na Basílica de São Pedro.
Sua humanidade divina se manifesta mais nas mãos calejadas do que nas
batinas sacerdotais e nos ternos bem cortados dos Pastores Cantores e
pregaddores eletronicos. Ele é pequeno; pedrinha miudinha. Respeita
Tupã e Olorum, joga na várzea, bebe nos subúrbios, rala nas fábricas
e, quando o sol vai quebrando lá pra fim do mundo pra noite chegar,
descansa feito João Valentão e adormece como um menino pobre do Brasil.

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