segunda-feira, 30 de maio de 2016

E S T O U D E L U T O

Eu estou de luto — o pote encheu.

O quanto vimos e ouvimos falar de mulheres assediadas
na rua, no trabalho,no transporte público.
Quantas vezes as mulheres foram culpadas pela roupa,
pelo perfume,por passar por aquela calçada? A culpa
é eterna.
Não tenho filha ou irmã e invariavelmente vejo "homens"
fazendo recomendações,dando orientações,pedindo a placa
do carro do taxista quando ela volta pra casa em um, e
já me peguei regulando o short de sobrinhas com medo da rua.
Assim nos acostumamos a viver, achando que evitar o abuso
sexual e a violência contra a mulher é algo sob o nosso
controle.Vivemos assombrados— há sempre um olhar de predador
que rodeia o caminho delas, sempre uma sombra de medo as acom-
panhando.
Eu estou de luto. São muitos os casos de estupro. São
muitas as queixas e as dores.
E, de repente,um estupro coletivo: 30 homens contra
uma menina.Covardia.Brutalidade. Maldade.Horror. E de
novo, alguns tentam culpar a moça pelo desejo que possa
ter causado.
Estupro não é desejo, é violência.
Estupro não é sexo, é arma.
Estupro é dominação.
Quem estupra, longe de se sentir atraído pela vítima,
único desejo é violentar, dominar, matar.
Bichos? Não, os bichos são melhores que isso na sua
irracionalidade. Monstros doentes? Provavelmente.
Eu estou de luto. Estupro é arma de guerra. E se é guerra,
protejamos o lado frágil.
Lutemos.

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