quinta-feira, 22 de junho de 2017

D O R

Uma agonia vive dentro do pensamento.
Quem sabe há quantas décadas? 2, 3...

Queria que fosse um pesadelo, um tempo vivido por por outro, uma noite esquecida.
Queria não saber e não pensar.
Queria pensar apenas nos rostos felizes dos que não conheço.
Como entender tanta boca faminta e porrada nos infelizes?
Como estender um chão queimando a pele e ossos frágeis?
Como sentir  correr lágrimas injustificáveis?
Como fazer correr o tempo dos miseráveis que vivem ao lado?
Como chegamos ao fundo de tão profundo poço?
Dói forte tantas perguntas que não sabemos responder.
Dói o pensamento. Dói o corpo. Dói a história de nosso povo.
Que povo?

Que dor?
Que perguntas?
Dói, só sei que dói.
Ah esse corpo franzino, que abriga esse coração fragil!
As vezes fingimos que é dor, a dor que fingimos que sentimos, mas um dia, se de repente a gente não sentisse a dor que finge e sente, então eu te convidaria pra uma folia, nas praças e ruas

de nossas cidades.