Ao dizer que médicas cubanas têm “cara de
empregada doméstica”, a jornalista potiguar Micheline Borges fez, sem querer,
um grande favor. (fonte
G1)Escancarou
o preconceito de tantos e mostrou a exclusão de negros do sistema de ensino.Aqui,nos
acostumamos com médicos brancos e operários pretos; qualquer perspectiva de
mudança —cotas em universidades, por exemplo — assusta muita gente. Também nos
acostumamos com filas nos hospitais, com falta de médicos e com médicos que
fraudam plantões, como têm mostrado OS Jornais e TVs.. Nos últimos dias,
entidades médicas se envolveram como nunca na discussão relacionada à falta de
médicos em áreas mais pobres. Estão indignadas não com o problema,mas com a solução
encontrada pelo governo federal, que, depois de não conseguir médicos brasileiros,
tratou de importar profissionais. Os conselhos de medicina rodaram o jaleco
diante da concorrência, parecem os caras que largam a mulher mas não querem
vê-la com outro homem. Médicos cometem a descortesia de vaiar colegas cubanos;
quero ver se profissionais aqui do Rio vão fazer o mesmo com plantonistasque batem ponto e vão embora.
As entidades alegam que o programa Mais Médicos
dribla a Lei ao não submeter os estrangeiros à prova que verifica a capacitação
de quem se forma no exterior. O argumento é razoável, mas, como eventual
paciente, quero que exame parecido seja aplicado aos que se diplomam no Brasil.
Em 2012, o Conselho de Medicina de São Paulo reprovou 60% dos médicos— brasileiros—
que queriam exercer a profissão no estado, conforme divulgou a TV. Plim-Plim.
Nessa briga, falta ouvir os maiores interessados,
os milhões de cidadãos que vivem sem qualquer tipo de assistência médica. Perguntar
se eles querem um médico cubano — ou argentino, ou espanhol — ou preferem ficar
sem assistência.
Eles, os sem-médicos, são contribuintes que,
com seus impostos, ajudam a manter as faculdades públicas de Medicina. São os
patrões, têm que ser ouvidos e respeitados.
Cubanos não têm cara de
empregados domésticos, se parecem com a maioria dos brasileiros, daí a comparação
e o susto. Você, Micheline Borges ao
menosprezá-los, acabou elogiando o sistema educacional do país deles.