sábado, 30 de janeiro de 2021

QUANDO NASCI (Ilusão)

 



Quando abri os olhos havia luz. Quase fiquei cego. Não parecia ser como antes. 

Quando meu sonho se foi vieram os pássaros e todos cantavam. Havia luz.

Quando do céu veio o barulho dei conta da dor de minha ignorância. Havia luz.

E logo me tiraram a luz e o som. Já reinava o a escuridão e o silêncio. Já me rondava o perigo! 

E os dias passaram. E a luz se transformou em Deus e a escuridão em diabo. A dor tinha causa. 

Havia noite e dia, dor e alívio. Havia um som que vinha de dentro de mim.

Havia razão!

Eu vi a morte antes da vida. Não havia luz e reinava o silêncio. A razão era a dor e a ignorância o alívio.

Fechei meus olhos e tudo se foi. Luz e som ao redor. Compreensão e razão dentro de mim. Ficou apenas a voz de meu destino. Não havia mais o eu. 

Não havia luz!

AGORA SÓ RESTA...



 Águas passadas

                 já moveram as pás dos moinhos

                e desembocaram no oceano 


agora só resta 

               esperar nova nascente

Como se meu 

               pecado fosse exílio

escondo na face

              o receio da verdade

no verso do rosto

             em espinho

Fogo

             e pedras espalhadas em caminho



O desafio da arte

             é ser inspiração

em um mundo 

             onde se vê cada vez menos esperança



Lava a 

alma

na palma

da mão


E leva a 

calma

com alma

e razão.

Um bando que virou multidão

 


Desistir nunca, mas é honesto reconhecer certo desânimo com o que nos cerca. O governo genocida é grande problema, sim, mas o volume de gente ruim ou ignorante que pensa igual é broxante. O Brasil “formou” milhões de pessoas que pensam como vermes e militam como vermes. Todos nós conhecemos no cotidiano e até mesmo na família gente que se revela monstro, sem empatia alguma com a desgraça e lágrimas alheias, com horror fanático ao Conhecimento, com desprezo ou inveja da Ciência.

Um bando que virou multidão e nega os valores mínimos acumulados pela Civilização. De qual bueiro saíram tantos escrotos e fdps? Quem consegue explicar isso? O pior é que mesmo após o fim de Bozo teremos que conviver com essa gente cotidianamente. Eles podem não ser maioria, mas são muitos. 

A tarefa mais difícil para nós civilizados minimamente, será suportar dividir o ar com esse imbecis.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A direita contra Bolsonaro

 

Esperando que a direita peça o impeachment de Bolsonaro, ficou a mala cheia de propina. 

Bolsonaro compra deputados há dois anos. Compra delegados e juízes, também. 

Compra emissoras de TV e pede, no contrato, jornalistas no cercadinho que gostam de insultos.

Pra quem deu o golpe em Dilma pra propinar em paz, Bolsonaro é escolha perfeita do capeta. 

A "direita contra Bolsonaro" é lenda, nisso incluído Ciro. 

Toda vez que cresce a insatisfação por esse plano de matança que chamam governo, a direita aparece "apaziguando". Chega, pega o microfone, chama holofote e faz a esquerda acreditar que a sem-vergonhice da direita é "apoio" e que esse "apoio" da burguesia é a única salvação. 

O povo (que não é capaz de se mobilizar continua como plateia) chega a acreditar que só a direita é capaz de consertar essa estupidez. 

"Agora vai! Nem a direita aguenta mais esse traste..." - como gosta de ser enganada essa esquerda sonhática, amistosa, amorosa com mandantes de crime...

 E quando a esquerda sonhática entrega a pauta pro colo da direita, a direita vai lá no genocida e dobra o preço do "apoio". E, de bilhão em bilhão, essa direita não pode se queixar do golpe que deu, nem do espantalho caro de se manter que escolheu. 

Vamos ser honestos? A direita não mata. Manda matar. Manda matar e manda roubar. Manda matar, roubar e botar fogo nas provas. 

Esses filhos da puta pegaram um país rico, dessa vez. Jorrando petróleo e cheio de dinheiro vivo (dólar, ouro) no cofre. Cheio de brasileiro de barriga cheia, após 500 anos de migalhas.

Se o brasileiro não tivesse saído das classe E e D, saltado da classe C pra B num pulo durante os governos do PT, hoje seriam 200 milhões de seres humanos virando lixo. 

O mais dramático é a inversão dos sentidos. 

Enfiaram na cabeça do povo que o nome dessa descarada roubalheira é "honestidade".

Vamos combinar de cancelar a direita pra sempre? Isso é terapêutico pra militância. É aula de luta de classes pra nunca mais esquecer na vida. 

Depois do golpe de 2016, a direita nos deve muito dinheiro. Mas muuuito dinheiro. E tem que devolver tudinho se quiser empréstimo de confiança. Como nunca vai devolver, não esperem mais que calote político dessa gente ordinária, careta e covarde. 

Peguem uma almofadinha pra coluna, uma cobertinha se virar o tempo... Deixa eu te lembrar: prometeram largar o osso em 20 anos.

Alonga a lombar aí que Bolsonaro só sai agora, se enforcado nas tripas da elite brasileira. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Desvie, Disfarce, Dissimule, Sorria

 



Se meu olhar
te disser além, muito além
do que quer saber?
Desvie.

Se meu olhar
me trair
e deixar transparecer
toda a ternura
que tenho por você?
Disfarce.

Se meu olhar
tentar te conquistar e  seduzir
e o brilho te incomodar?
Dissimule.

Se meu olhar,
em teu olhar, encontrar
a mesma sintonia?
por favor, sorria.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

V E R G O N H A

 


A palhaçaria faz parte do cuidado e do tratamento em hospitais!!! 

Infelizmente no Brasil elegeram um presidente INOMINÁVEL, que receita remédios sem ser médico. Esse mesmo Presidente INOMINÁVEL, eleito com votos até de profissionais de saúde, faz graça e piadinhas com a desgraça dos brasileiros dizendo que não "é coveiro", "Direita toma Cloroquina e esquerda toma Tubaína", isso não é palhaçada isso é crueldade. O momento que todo o Brasil está passando têm culpados e todos sabemos quem são.

Como a classe média só sabe pensar política através de corrupção, roubar ou não roubar que é política. Talvez esse governo tenha seus pedidos de impeachment analisados ou caia por causa de jujubas,  batata frita e leite condensado, não por causa de mais de 2 2 0 mil morte

domingo, 24 de janeiro de 2021

Não me pergunte quem sou

 


Não me pergunte quem sou, ela disse , e começou a se descrever:

Sou o que você não vê
Sou assim.
Duas de mim,
às vezes três
quatro.. cinco... seis.
Sou uma por mês
Me diversifico,
Tem hora que grito.
Vivo num conflito.
Mostro ao mundo minha dor.
Outras horas, só sei falar de amor,
a mais romântica.
Melodramática
Estática
Chorosa e nervosa
carente e decadente,
vingativa e inconseqüente
aí quando menos percebo.
Transformo-me em mulher cheia de medo,
cheia de reservas
coberta de sutilezas.
Séria e sem defesas
No minuto seguinte
no papel de mulher fatal.
Viro logo a tal,
Aí sou dona do mundo
segura e destemida
altiva e atrevida
Rasgo meus segredos ao meio
E exponho num roteiro
de poesia ou texto
agrido, inflamo.
Conto o que ninguém tem coragem de contar.
Explico detalhes que nem é bom lembrar.
Sou assim.
Várias de mim.
Sorriso por fora.
Angústia toda hora.
Por dentro um tormento.
No rosto nenhum sofrimento.
No corpo uma explosão de prazer.
Nos olhos, meus desejos deixam perceber.
Melhor nem me conhecer.
Fiquem com minhas letras,
Com as minhas palavras.
Na vida real, sou bem mais complicada.
Sou mil.
E quem tentou, descobriu.
Quer viver ao meu lado?
E viver dentro de um campo minado
Prestes a explodir!

Eu respondi:
Quando eu estiver nele
Nunca irei querer sair ou fugir !

Kush & Taga.

 


O sol rachava a caminhada naquele janeiro, e a conversa soprava uma brisa metafísica sobre os nossos sentimentos, nossos entendimentos. Júlia e Eu, de assunto em assunto, estacionamos as emoções para falar de Kush.

Kush era um cachorro. Chegou tímido tateando os cheiros da casa. E da gata. Sim, havia uma gata, Taga. Taga parecia professora dos jeitos de Kush. Ele se movimentava quase que deslizando. E, se não a via, escondida que gostava de ser, procurava-a sem incômodos nos  cômodos onde moravamos. Quem disse que cão e gata precisam brigar? Que precisam se estranhar?

Os anos de alegria vão se desligando, e outros se ligam sem que possamos decidir. Do jeito filhote ao entardecer cansado, ele ocupava aquele mundo. Era preto e foi se esbranquiçando como acontece com as forças que se despedem.

Na caminhada, uma água para refrescar os pensamentos. E o pensamento nele prosseguia na fala de nós dois. Ele gostava de gente. Esmerava-se em desfilar com elegância e olhava, em pose de atenção, para receber elogios. Os passeios com ele eram obrigação de amor. Nos movimentos de saída, ele já aguardava na porta, ensinando gratidão. Sua felicidade dissipava qualquer antônimo. E o dia começava bem. No pôr do sol, ele admirava como gente. E, como gente, olhava as expressões dos que sabem se expressar quando conseguem ver o espetáculo único de todos os dias.

Júlia se emociona para falar da despedida. Pede desculpas. Eu digo, em sorriso, que compreendo o amor que eles nos deram e a dor de quando se vão. Conto dos meus cachorros que se foram. De um que partiu o ano retrasado. Do último abraço, do último olhar, das primeiras lágrimas sem ele.

Julia pede que eu conte da missa. "Fomos à Igreja, e o padre, quando começou a ler as intenções, disse:  Missa de sétimo dia de Maria Antonia e de... me desculpem, mas tem um nome aqui que não consigo pronunciar. Deixa eu soletrar K U S H. Tem alguém da família?
E eu, com riso nervoso e os olhos marejados, expliquei que era o meu cachorro. E achei que o padre não gostaria. Ocorreu o contrário, o padre me acolheu com sorriso. Tempos depois, nos encontramos na rua e ele se lembrou de mim e disse: "Viu que até o Papa Francisco disse que os cachorros têm lugar no céu?".

Algum silêncio nos encontrou, enquanto minha imaginação brincava de desenhar palavras. Como é bom encontrar pessoas que não têm medo de demonstrar os sentimentos. O que é o viver sem o sentir?
Nos sentimentos, encontramos recados todos os dias. Misteriosamente, eles aparecem e tentam desaparecer nossas insensibilidades. São trechos de vidas, são dizeres de encantamento, são silêncios reveladores. Por isso presto tanto atenção ao que os outros me dizem. Abro os compartimentos da escuta para que histórias de amor me preencham.
Por pessoas, por animais, pelos dias, pelas causas.

No fim da caminhada, Eu e Júlia e voltamos pra a vida imaginando Kush brincando em algum jardim das transcendências. E abanando uma alegria capaz de ultrapassar o invísivel.

Alegres, terminamos o dia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Não é provável que acabe

 


Tenho uma estranha saudades, não dessas comuns que a maioria tem.

As minhas voltam cotidianamente em intervalos regulares de 24 hs, como a insônia crônica de algumas pessoas.

A minha saudade não são de experiências, alegres ou tristes vividas, tenho saudades do que ainda não vivi, do que ainda não fiz, aonde não fui.

Tenho mêdo de perder a utópia, a ternura, de não seguir os caminhos que estão na palma de minha mão, de perder  a confiança nas pessoas e no futuro que será feito com a força que vem dos nossos coração.  


 Estas coisas que falam sobre nós

Estas frases confusas e aflitas

Isto que o tempo não entende

E que os sonhos não compreendem

Estas coisas todas loucas e extravagantes

Que eu fiz e faço por você


Não é provável que acabe

Não é certo que o mar apague..

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

VENEZUELA !


A Crise em Manaus é o cenário que se passa no Brasil: falta oxigênio. Falta mesmo. Em vários sentidos. Falta em um sentido real e concreto, pois o aumento das internações provocadas pelo  coronavírus levou ao colapso do sistema de Saúde desta que já é anunciada como a “capital mundial da covida-19”. Em Manaus, há falta de oxigênio nos hospitais para atender aos pacientes que ou estão sendo submetidos a ventilação manual, ou simplesmente acabam morrendo asfixiados dentro das instalações.
Podemos falar que falta oxigênio também no sentido metafórico. Metafórico porque este é o sentimento de uma parcela da população que é afetada e tem empatia pela situação  vivenciada em no país no  geral dessa pandemia. Há uma angústia, uma ansiedade temperada com desolamento e indignação quando somos obrigados a testemunhar um genocídio em marcha, os  casos da doença e a inexplicável ausência de políticas públicas que possam dar conta de um real enfrentamento dessa crise sanitária. 
Podemos falar da uma falta de oxigênio em um sentido ideológico. A eleição de Jair Bolsonaro em 2018 trouxe um governo descomprometido com a vida humana – para nos restringirmos a esse tema. Atravessamos uma pandemia  à deriva, com uma necropolítica instituída que mata ou deixa morrer principalmente a população preta, indígena e periférica, tendo alcançado um criminoso número de mais de 200 mil pessoas mortas e seguimos contando. Em meio às ameaças de impeachment do presidente, de um lado, e a manutenção de consideráveis índices de popularidade do mesmo no outro, faltam perspectivas de mudanças reais.
A ironia que se apresenta na Crise de Manaus é que justamente o país vizinho que continua sendo alvo das maiores polêmicas desde o período eleitoral, considerado uma ameaça para o Brasil, foi o que diante da catástrofe vivida , autorizou de forma imediata o envio de suprimentos hospitalares, colocando à disposição o oxigênio necessário para atender à contingência sanitária.  Para alguns a iniciativa do governo da Venezuela era “populista”, “irresponsável” e “midiática”, considerando sua realidade interna. Acredito que aponta para outras concepções de sociedade, de governo, de Estado, de relações internacionais que, ao contrário do que se supõe, podem ser muito ricas para oxigenar nossas ideias e nos ajudar a construir nossos próprios caminhos para sair do fundo do poço que nos encontramos.
Estamos diante de um “vírus civilizatório” que coloca em xeque o mundo tal qual conheciamos e cujos efeitos, com o afloramento das contradições sociais e a necessária reinvenção das estratégias de re-existência popular, podem surpreender  no sentido de trazer para a agenda política pautas ainda mais radicalizadas. E a Venezuela, desde 1998, com a eleição de Hugo Chávez, mantém acesa a chama  da possibilidade de se pensar outros mundos possíveis. Ainda que imersa em suas próprias contradições, é um país que transformou de forma significativa algumas bases estruturantes, deixando de ser uma realidade com baixíssima representatividade política no âmbito do Estado, para se tornar uma democracia intitulada de “participativa e protagônica” que coloca em movimento milhões de cidadãos de forma auto-organizada nos Consejos Comunales/CCs e Comunas.
Registro oficiais, são  mais de 48 mil CCs e três mil Comunas com cerca de quatro milhões de pessoas e não tenho dúvidas que o engajamento político e ação social desses sujeitos têm sido definidores nas respostas dadas por este país aos desafios que têm se apresentado nos últimos anos, tais como a morte do  Chávez em 2013, a guerra econômica empresarial e o embargo imposto pelos EUA, a hiperinflação, a crise de abastecimento, a pandemia propriamente dita, entre outros.
Com todas essas dificuldades, o país e, mais especificamente o Governo Maduro com sua base social, seguem firmes registindo as consecutivas tentativas de golpe e respondendo a mais essa crise com uma das mensagens mais singelas e, ao mesmo tempo, mais fundamentais para um outro futuro: a de que vidas humanas estão acima do lucro e que são razão para derrubar fronteiras, para restaurar ou redefinir relações de solidariedade e cooperação entre os países. Trata-se de um ingrediente indispensável na difícil, porém urgente caminhada na direção de um mundo pós-pandêmico que necessariamente seja melhor do que aquele que um dia conhecemos.
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

QUANDO ESSE PESADELO ACABAR

 




Quando tudo esse pesadelo acabar,

E este governo tiver sido colocado pra correr daqui,

Autoridades de hoje estarão presas

Porque um crime contra a humanidade foi praticado aqui. 

Morrer agônico por falta de oxigênio nos hospitais,

Lúcido, sofrendo horrores

Esse prolongado momento,

É cruel, perverso 

E é tortura,

É desesperador de assistir e de sofrer.

A história vai registrar

Todo esse martírio, 

O abandono de todos 

Por negação. 

Não é somente 

Incompetência ou desconhecimento;

É sim um projeto 

De aniquilação. 

Destruir é a palavra de ordem,

Deixar morrer o povo,

Desconstruir a utopia de uma nação. 

Gente covarde, insensível e fria,

Nenhuma lágrima desce dali.

Nenhuma autoridade 

Presente à beira de um leito,

Nenhum Ministro expressando indignação. 

Nenhum parlamentar 

Com coragem e fúria 

Pra exigir o impeachment 

Dessa gente má. 

Não há motivo ainda 

Pra qualquer alegria,

Persiste ainda

Muita preocupação. 

Quando a razão voltar

A reger com força 

A nossa cognição, 

E a estupidez for banida de vez pra longe daqui,

O senso coletivo 

Restará de novo,

A empatia vai voltar 

E com ela a compaixão. 

O amor segue ainda 

Reprimido e tímido, 

Lutando contra o ódio 

E contra a insensatez. 

Mas o amor é firme,

Determinado e louco,

Jamais desiste de sua ambição:

Trazer de volta a paz

Pra todo mundo,

Plantando esperança 

Nos nossos corações...

sábado, 16 de janeiro de 2021

IMPRESCINDÍVEL

Questionar é o verbo imprescindível para não se tornar membro de uma manada que apenas segue as ordens de seus líderes. 

É muito fácil acontecer isso com qualquer um que tenha preguiça mental.

Sócrates foi condenado à morte por "corromper" a juventude com suas ideias. Teve chance de renegá-las. Preferiu cicuta e deixou a lição: não leve a sério as opiniões alheias o tempo todo. 

Às vezes é preciso coragem, ter as próprias posições e deixar de ser rebanho.

#ImpeachmentJá

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

EU SEI QUE É PRECISO

 




Eu sei que é preciso sonhar,

Mas está difícil 

Neste país 

Que se deixou levar 

Pelo obscurantismo. 


Eu sei que é preciso

Ter esperança,

Mas não está sendo fácil 

em meio à uma pandemia acelerada por este nosso governo.


Eu sei que é preciso

Lutar,

Mas está muito difícil 

Fazer levantar nossa gente. 


Eu sei que é preciso respirar.

Mas como fazer isso se nos falta o oxigênio?


Eu sei que é preciso 

viver,

Mas como continuar vivo

Se a morte é o que este governo quer 

Pra muitos de nós?

ASSASSINOS!

 



NÃO HÁ COMO NÃO CHORAR


Nós, profissionais da saúde, que conhecemos a complexidade de um paciente crítico e que sabemos como é o processo de morte de um paciente que não tem acesso ao oxigênio necessário à manutenção da sua vida, sabemos o desespero que é ver um ser humano agonizando à nossa frente, como um peixe fora d'água, lutando por um ar que ele não consegue ter. O coração inicialmente acelera, surge a sudorese, a pressão arterial começa a cair, a pele fica fria, os olhos ficam arregalados pedindo socorro, a agitação acontece, o paciente começa a apresentar um quadro de confusão mental, a pele e as mucosas ficam azuladas, o coração depois desacelera e a parada cardiorrespiratória é a consequência inevitável. Em seguida, a constatação do óbito. 

E isso não é só para os pacientes graves infectados pelo Covid-19, mas para todos os pacientes graves e instáveis que precisam de oxigênio para viver: pacientes com edema agudo de pulmão, pneumonia grave, infartados, com acidente vascular cerebral e diminuição do nível de consciência, pacientes que precisam ser submetidos à cirurgia sob anestesia geral, com crise falcêmica, asma brônquica, descompensação de enfisema pulmonar, traumatizados de tórax, bebês prematuros etc...

É inadmissível morrer por falta de oxigênio dentro de uma unidade de saúde, sem assistência integral. 

Vivemos sob um governo que desde o início da pandemia trabalhou a favor do vírus, do adoecimento e da morte, e contra a saúde e a vida de todos nós, pois sempre estimulou as aglomerações, condenando o distanciamento social e o   uso de máscaras e incentivando a prescrição de ivermectina e hidroxicloroquina como "tratamento precoce" para a infecção causada pelo novo coronavírus, o que não tem nenhuma comprovação científica nesse sentido, enganando a população com esse discurso mentiroso, revelando o alto grau de imbecilidade daqueles que nos governam. São imbecis arrogantes, ignorantes e insensíveis à dor humana, ausentes de empatia e banalizadores da morte, que falam e agem como psicopatas, sob uma perspectiva de irracionalidade gritante, e que não reconhecem as suas Incompetências e responsabilidades, porque são prepotentes, demagogos e cínicos, se regozijando com a hipocrisia singular que os  domina.

Não existe, até o momento, nenhum medicamento capaz de matar o novo coronavírus. Se existisse,  o mundo todo já estaria usando. O que existe é o conhecimento científico de que as medidas sociais sanitárias de prevenção da doença são absolutamente necessárias para se tentar conter o avanço do número de infectados e de mortos pela doença. Por isso, os investimentos milionários nas pesquisas pela descoberta de uma vacina contra a doença.

Os presidentes da Câmara Federal e do Senado são cúmplices desse crime praticado pelo Estado brasileiro. Assim como são cúmplices todos aqueles que, podendo e devendo agir contra esse comportamento governamental, se mantêm omissos, inertes e indiferentes a todo esse descalabro.

Entidades como a OAB, Conselho Federal de Medicina, Universidades Públicas, Institutos de Pesquisa Científica, ABI e outras não podem se calar neste momento. Ministros do STF precisam se pronunciar. Defensorias Públicas e Ministério Público precisam se manifestar. 

O mundo todo está horrorizado assistindo tudo isso.

O presídio da República e o Ministro da Saúde, que não são médicos, prescrevem medicamentos através dos veículos de comunicação e nada acontece com eles? Isso é um equivalente a exercício ilegal da medicina. 

A falta de ar que aqueles pacientes - brasileiro como nós - estão sentindo lá no Amazonas  sufoca também a gente aqui. Mas a gente que tem sensibilidade, que tem compaixão, que tem sentimentos de fraternidade e alteridade, coisas que ninguém neste atual governo tem. Este governo só pensa em fazer negócios, em vender nossas riquezas, privatizar os serviços públicos e arrebentar com os trabalhadores e servidores públicos civis, ativos e inativos.

Este não é um governo que nos alimenta de esperança, mas um governo que nos entrega o sofrimento e a morte como recompensa à nossa indignação. 

Nem todos estão chorando neste momento, porque há muitos idiotas fanáticos e cegos morais por aí. Mas a maioria - e nós somos maioria - está chorando na alma ao ver nossos irmãos brasileiros morrerem agônicos lá naquele lugar que já foi chamado de "pulmão do mundo" - a Amazônia que este governo insiste em liquidar...

Força aí, povo amazonense, porque não vamos deixar vocês sós.!





Aa perguntas que não querem calar: 

1)Faltou oxigênio no hospital militar de Manaus?

2) Quantos pacientes foram transferidos para o hospital militar de Manaus?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A PANDEMIA E O ABANDONO

 




Não temos vacina, mas temos um general paraquedista Ministro da Saúde. 

Não temos vacinação, 

Mas temos um militar veterinário presidindo o Programa Nacional de Imunização. 

Não temos vacina e não sabemos se temos seringas, agulhas e algodão. 

Somos mais de 210 milhões de brasileiros e o governo acena com a possibilidade de iniciarmos na próxima semana o programa de vacinação com provável 8 milhões de vacinas. 

Como a vacinação exige duas doses para cada indivíduo, a fim de conseguir Imunização ideal, somente 4 milhões de brasileiros deverão ser, inicialmente, vacinados. 

Porque aquele que for vacinado precisará ter a certeza de que receberá a sua segunda dose no tempo adequado, em geral, após 3 semanas.

Temos o Ministério da Saúde aparelhado militarmente, e temos, no Esrado do Amazonas, hoje, brasileiros morrendo asfixiados por falta de oxigênio - uma morte horrível, sob dramático sofrimento, impensável no século XXI. Uma morte que constitui um crime de responsabilidade do chefe do Poder Público, por se caracterizar uma morte sob tortura: morrer com falta de ar, como se afogado no seco, tentando, em agonia, conseguir um fôlego, impossível de conseguir, com toda a sua pele e mucosas adquirindo uma coloração azulada pela falta de oxigênio, e a morte acontecendo ali, desnecessária e prematura, mostrando a cara de um governo que não tem empatia e que exalta torturador, banaliza a tortura e zomba dos torturados. 

Para o chefe do Poder Executivo: "E daí? Todos têm que morrer um dia mesmo."

Este governo está determinado a acabar com o  SUS e não se importa com a morte e nem com o sofrimento do povo. 

Porque isso não é um governo, mas circo (de horrores) que não tem a menor graça. 

E como o mundo dá voltas! A Venezuela está sendo chamada a ajudar na oferta de oxigênio para aquele Estado. 

Este governo não existe para o povo brasileiro. Ele  existe somente para os grandes negócios, para vender a nossa soberania para o mercado e para penalizar os trabalhadores e servidores públicos que trabalham aqui.

Impeachment já!

Por uma questão de nossa sobrevivência e dignidade!


domingo, 10 de janeiro de 2021

Pra sempre? Não, de janeiro a janeiro!



 Valorizo palavras, e também gosto dos olhares. Tenho costumes um pouco vagarosos para tempos tão apressados.  

Guardo momentos de conversas, guardo gestos de autorização, guardo carícias amadurecendo no amor, pra valer a espera!

Não há demora quando o amor está presente. Não demoro a dizer sentimentos.

Minha mãe não disfarçava a emoção. E, também, o meu pai. 

Vou com a delicadeza necessária para tornar mágico os encontros, cada pequeno toque entre os nossos corpos. Sentir o seu cheiro é perfumar de amor dos dias.

O dia teve chuva e teve sol. Reparei pouco nas temperaturas. 

Tenho amigos que se orgulham das conquistas inrrepetidas. Das mulheres que se têm e se descartam. Ouço as histórias e digo nada. Cada um mora na casa que decidiu. A minha é de concreto firme, de base inquebrantável. Que venham os ventos e as outras naturezas. Estaremos juntos. Que venha algum estranhamento, longe de mim plantar perfeições. Em mim, mora o que em você mora, uma decisão de enlace, uma despreocupação com outras paisagens,um sorriso de quem acompanha os dias acompanhado.

Gosto de arrancar o mato para deixar a terra limpa para fazer brotar o que enfeita e o que alimenta. Quero ter a mesma disposição na vida, gosto do dormir sentindo o céu em nós, e te ver dormindo.

Em nós, o amor foi feito com a arte de uma matéria-prima que nunca se acaba. 

Pra sempre? Não, de janeiro a janeiro!

B O C A

 


De onde parte a boca

que beija

               morde

                          grita

                                  e assopra


a boca é muitas 

razão

           termo

                      vista

                              e porto


E onde começa a boca

e termina a palavra

que cospe

                 jura

                       xinga

                                e ri

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O QUE NÂO SE VÊ

 


Eu cuido de você 

                           Cuidar é olhar

Pro que não vê

Não existe cálculo
                            Um mais um ser dois
Sentir a liberdade
                            Não é sonho ou ilusão

Se tiver vontade? 

                              Ligue!

Se quiser me ver? 

                              Venha!

Vaidade é a mentira
De quem quer se esconder

Será que eu vejo o que você não vê
Não entendo você não pode perceber

Sangue, rio que irriga a carne
Corpo é margem, é o contorno
Luz no fim da tarde
A saudade sem socorro

Não sabe? Não se afaste de mim
Não cabe? Me abrace enfim
Antes que seja tarde nos salvemos

Do fim

domingo, 3 de janeiro de 2021

Decidi limpar tudo

 

Choveu muito por aqui. Decidi limpar tudo. Em mim, também. Vejo gente dizendo das sujeiras do mundo. Também digo. Mas sei ver as sujeiras em mim.

Vou rezar para os dias que virão, vou encontrar outras calçadas para caminhar, vou viver a novidade que posso, enquanto posso.
 
É ano novo. E há um broto de flor se abrindo enquanto ouço os passarinhos que cantam.
 
Tenho amigas e amigos que me amam, sei disso. Tenho alguma beleza, todo mundo tem. Tenho olhos de ver as transitoriedades e as permanências.
 
Permaneço disposto ao trabalho de lavar do mundo as injustiças, as perversidades, as arrogâncias, a insensibilidade. Prefiro chorar a saudade de quem partiu a partir alguém.
 
Gosto de palavras. E, você ja disse que tenho alma de poeta. Acompanhado ou na solidão, danço o amor. E aí me deito com as janelas abertas para ser despertado no primeiro raiar de luz.
 
Acordei, hoje, com o riso acompanhando a lembrança de que estou vivo. Vou, no cair da tarde, tomar café em sua casa .
 
De lá é bonito de se ver o pôr do sol, o primeiro pôr do sol de 2021. Gosto do sol se despedindo, porque sei que é só uma pausa.
 
E, como é domingo, vou aproveitar para escrever. Escrever sentimentos novos  com cheiro de flor, ou com cheiro de manga madura.
 
Ah, memórias bonitas que moram em mim. Mesmo as que não existiram, ainda.