terça-feira, 28 de junho de 2022

DE NERUDA A DRUMOND (Nem Tanto)

Apagar você


Eu não sabia que meu corpo tinha uma memória num contra-tempo  alheio ao relógio.

Basta um toque e lá vamos nós de novo: do delírio ao gozo em poucos minutos.

É irritante a combinação de cinismo e encanto. Nunca poder confiar no seu sorriso, precisar e sucumbir a ele.

É uma espécie de jogo sem vitoriosos: acabamos com o coração partido, exaustos, e sem possibilidade de remendo.

Você nunca será capaz de me elevar, e me fazer sonhar uma realidade possível.

Teus lábios vivem impregnados de passado. E isso é demais até pra mim.

Eu não quero ser a aposta que consola sua solidão, nem o conta-gotas pra sua sede de afeto.

Chega de dançar pisando nos meus próprios pés, tentando me equilibrar para acompanhar seu ritmo caótico e desvairado.

“Os amores mais bonitos são aqueles que nunca foram usados”, já disse Neruda.

Cansei dos teus longos silêncios, de todo esse medo disfarçado de mistério e pretensa apatia.

É só muito esforço pra parecer indiferente ao que você sente.

Apagar você é uma missão suicida, quase como sair de um espelho e ver a minha própria morte, ali refletida.

Como quebrando "Tanto amor em mim, em ti nem tanto" já disse Drumond.


sábado, 25 de junho de 2022

PESSOAS DE BEM SÃO RUÍNS, AS COM BÍBLIAS SÃO PIORES!

 


Em 2014, o país tinha saído do mapa da fome da ONU, e agora voltou tragicamente. Hoje, 33 milhões de brasileiros sofrem com a falta de alimentação; entre esses, várias crianças. E mais da metade da população, 58.7%, vive com algum grau de insegurança alimentar — não sabem se vão comer alguma coisa no final do dia.  E a população carcerária aumenta de forma brutal: calcula-se que 918.523 pessoas estão presas; dessas, 412.060 são presos provisórios. Se contarmos o número de mandados de prisão, passaríamos muito de 1 milhão de presos. Um desastre humanitário diante das condições medievais dos presídios brasileiros.

No meio de tanta desgraça, é humilhante ver um cidadão pedir para continuar detido pelo menos "até a janta", pois sabe que passará fome fora da cadeia. É a demonstração da falência do país. O bem maior da liberdade é substituído, pelo instinto de sobrevivência. A voz do prisioneiro, uma súplica sentida, percebe-se que a fome tem sido sua companheira. Ao pedir para continuar preso, ele não parece se humilhar, quer apenas poder se alimentar para não desmaiar nas ruas. Essas ruas que acolhem mais de 500 mil pessoas que não têm onde morar. Na verdade, isso envergonha a todos nós, especialmente aos que não se posicionam contra a realidade da redondeza da terra. 

É de uma tristeza infinita a fala de um prisioneiro a Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Belo Horizonte publicada ,nos jornais em 22/06. Ele descarregou a tornozeleira eletrônica para se tornar foragido e depois se entregou para ser preso: "Na prisão é menos ruim. Como sou tranquilo e mais velho, o pessoal me respeitava. Eu tinha até amigos lá. Já na rua é solitário demais. Acordo sem saber se vou comer ou se estarei vivo no fim do dia". É, ... a fome humilha e mata.

Essa  sensação de estarmos anestesiados por tanta desigualdade e pobreza não pode nos impedir de fazermos o enfrentamento do que ocorre. Enquanto a fome for a companheira  de milhões de brasileiros, não teremos nenhuma condição de nos sentirmos realmente dignos da raça humana. Uma recente pesquisa revelou que a parcela de 1% dos mais ricos do mundo detém mais do dobro da riqueza possuída por 6.9 bilhões de pessoas.

E as dores se acumulam. O desprezo do governo pelos caminhos do país em todas as áreas faz com que seja aparentemente normal um brasileiro suplicar para permanecer na prisão para conseguir se alimentar. 

No Brasil o desespero e o medo da fome superam a alegria da liberdade.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

SONHADOR

 




Eu sou um sonhador 

Eternizado nas lutas  

Que me envolvo,

Acreditando sempre que é possível 

Um mundo melhor para todos nós. 

Eu sou aquele que não foge das duras batalhas

E que não se deixa abater

Por falsas acusações. 

O meu sonho é real,

E nele eu me aprofundo

Buscando coisas novas 

Para aprender e fazer.

O que seria da história da humanidade se não houvessem os revolucionários sonhadores vocacionados a transgredir?

Estaríamos hoje ainda numa época feudal,

Escravizados e miseráveis vivendo em uma condição de deplorável situação social.

Eu nasci pronto para as ideias,

E devo confessar que o mundo que eu penso

É um lugar justo e sem fronteiras, onde a felicidade é um estado de espírito habitual.

Se incomodo alguma gente,

Eu sinto muito;

Mas o meu caminho, 

Eu não desistirei de cumprir.

Estou, é verdade, mais perto da morte do que eu esperava estar.

Mas o resto de vida que eu ainda tenho,

Farei dela o motivo

Para eu nunca parar de lutar.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

A dor da fome



Estamos chegando a um ponto de exaustão preocupante. O Brasil chegou. Nós, boa parte dos brasileiros, que tem o mínimo de empatia, chegamos. Ninguém suporta viver sob um governo fascista que afronta diariamente as instituições, que aposta no caos e que, dia a dia, se esmera em grosserias e atitudes golpistas e antidemocráticas.

Hoje, a vida passa como num filme barato de terror. Para sobreviver a tanta ignorância ou aprendemos a desenvolver uma saudável sensação de ódio — que desopila as veias —, ou nos desligamos um pouco da realidade. A convivência com o baixíssimo nível do governo federal funciona como o que ocorre num estado de pré-infarte: um entupimento lento e progressivo antes da obstrução fatal do fluxo sanguíneo. Também nós cidadão lúcidos nos vemos sendo corroído por dentro, em nossas entranhas; sentimos que o corpo já não suporta mais tanta bestialidade institucionalizada. O sadismo e a desfaçatez do Chefe da nação viraram rotina, na qual a vulgaridade é a regra.

Nesta semana, uma cena chocou; não só a mim, mas a todos que ainda conseguem manter um pouco de indignação com a barbárie. Um jovem — que havia sido preso por ter furtado um celular e ter devolvido o aparelho à vítima —, teve sua prisão revogada na audiência de custódia. Para surpresa, tristeza e perplexidade, o cidadão fez uma súplica à juíza que presidia a audiência: "a senhora deixa eu ficar preso até a hora da janta? Senão eu posso cair na rua de fome." A falta de qualquer perspectiva doi. Estou acostumado e gosto de  ver a notícia da liberdade comemorada com intensidade máxima e absoluta. Mas a fome é maior, mais forte do que até mesmo a liberdade. 

O medo da fome. 

A memória da fome. 

A dor da fome. 

O desespero da fome.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

VERBO TRANSITIVO

 


Então me virei, rindo.

Você me puxou pela mão e, num gesto rápido, te roubei um beijo quase cínico.

Não fosse a estranha sensação de ter passado tanto tempo e tempo nenhum, 24 meses que pareceram segundos sem tuas mãos me segurando de volta.

Entre saliva e suor, a despedida jamais existiu.

Foi preciso navegar no sentimento conhecido, pra me lembrar que amar você é verbo transitivo.

terça-feira, 21 de junho de 2022

Becas e Jalecos

 




Juiz e médico muitas vezes decidem o destino das pessoas.

Algumas vezes fazem o exercício de se colocar no lugar das pessoas que estão dependentes de suas decisões. Outras vezes não. 

Há evidentemente limites para essa decisão mas não acho ruim , ao menos para se situar fazer essa reflexão mesmo que ela não seja a única forma de entender e enfrentar o problema. Às vezes o problema é tratado como uma questão técnica e portanto somente devido a um cálculo ou conhecimento científico ou mesmo submetido a uma lei.

Um médico por exemplo nunca usa pimenta como colírio para seus próprios olhos.

A juíza de Santa Catarina antes de aplicar a lei aplicou seu juízo, sua compreensão que antecede o curso de direito que ela fez. 

Ninguém entra numa faculdade vazio de ideias de compreensão da vida, de crenças e outros valores. O que se espera é que esses valores, crenças e desejos estejam submetidos ao conjunto de leis que ordena sua prática.

Imagine um médico da Igreja Testemunha de Jeová diante de um paciente que está com anemia grave e precisa de uma transfusão. Muito antes de fazer medicina sua mãe pegava em sua mão e levava para a Igreja com o antigo testamento grudado aos dedos. Sua formação anterior vai determinar sua conduta técnica?

Será possível o médico crente sentir falta de ar pela falta de hemácias e ou hemoglobina? 

Será possível o médico ver a face da morte em seus pensamentos?

E a juíza será possível ela sentir as dores de um estupro? Será possível ela imaginar os pensamentos de uma criança que vê sua barriga estufar?

Será possível ela acordar na madrugada vendo um vulto passar pela porta de seu quarto?

Devorar livros e códigos nós faz sentir a dor dos outros?

Dormir e acordar com a Bíblia desde os primeiros anos de vida e aos domingos passar de casa em casa tentando convencer os outros que ali está a verdade e que a verdade os libertará faz da gente donos da verdade e nos permite decidir pela vida do outro?

Becas e jalecos escondem mistérios da formação de quem os veste. 

A vida da gente está em situação vulnerável diante dessa formação e de suas decisões?

Pelo que de vê por aí parece que sim.

Essa gente acha que está acima de todos!

Essa gente precisa ser enquadrada para que desça de seu pedestal!

É preciso enfrentá-las!

EU SOU CRIANÇA AINDA

 




Eu sou criança ainda

E você não me respeita.

Alguém abusou 

Da minha vulnerabilidade 

E você não se importa com isso.

Falta em você empatia,

Sobra em mim sofrimento. 

Sou vítima 

E você não compreende;

Venho aqui humilhada

E você me humilha ainda mais.

Que tipo de ser humano é você, que procura constranger uma criança indefesa e que aqui veio esperando proteção, mas encontrou uma pessoa insensível e insensata, tipicamente sem noção?

Você não merece estar no cargo que ocupa. Falta-lhe razão e coração. 

Transborda de você uma fria arrogância, uma estupidez sem tamanho.

Cresce em mim angústia e desespero, medo e insegurança.

E quando olho pra você sinto pena, pelo desperdício dessa sua existência. 

Você não aprendeu nada nesta vida

E o seu destino está fadado a ser pior do que o meu.

Eu sou uma criança e em você não encontrei acolhimento.

Você é pessoa possuidora de diploma,

Mas esse diploma não fez de você uma pessoa melhor. 

Ao contrário, há em você o que de pior um ser humano pode cultivar. 

E essa caneta que hoje te faz tão poderosa é a mesma caneta que um dia, em mãos mais divinas, no futuro te dará dura lição...

domingo, 19 de junho de 2022

M A N C H E T E

 

 


Já é conhecido o mandante do assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Philips. 

Declarações do mandante sobre os indígenas. 

“Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho.”

Os executores só não usaram a arma escolhida pelo mandante. 

Outras declarações:

“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios.” Correio Braziliense, 12/04/1998 

“Os índios não falam nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional?" Campo Grande News, 22/04/2015 

"[Reservas indígenas] sufocam o agronegócio. No Brasil não se consegue diminuir um metro quadrado de terra indígena.” Campo Grande News, 22/04/2015 

“Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio." Campo Grande News, 22/04/2015 

“Em 2019 vamos desmarcar a Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros.” Congresso Nacional, publicado em 21/01/2016 

“Essa política unilateral de demarcar a terra indígena por parte do Executivo vai deixar de existir, a reserva que eu puder diminuir o tamanho dela eu farei isso aí. É uma briga muito grande que você vai brigar com a ONU." Correio do Estado, 10/06/2016 (vídeo) 

“Eu já briguei com o Jarbas Passarinho [ex-Ministro da Justiça] aqui dentro. Briguei em um crime de lesa-Pátria que ele cometeu ao demarcar a reserva Ianomâmi. Criminoso.” Entrevista com Marcelo Godoy, 02/04/2017 

“Pode ter certeza que se eu chegar lá (Presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.” Estadão, 03/04/2017 

“Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho. Não serve mais.” Espírito Santo, 01/08/2018, site Indigenistas Associados 

“Se eu assumir [a Presidência do Brasil] não terá mais um centímetro para terra indígena.” Dourados (MS), 08/02/2018



A sede de poder dos militares

 




A natureza deles é autoritária e violenta. Impositiva. Não propositiva. O imediatismo  decorrente do autoritarismo. A exclusão pela violência. A imposição da falta de estudo, gerando um rol limitado de hipóteses e de ideias. Somente a lei poderia mudar a situação, por isso se dominarem o judiciário todo como aconteceu na ditadura, a gente vai saber com quantos paus se faz uma canoa.

Por mais que eu tenha, e tenho, críticas ao judiciário, o acho elitista, não entro nessa de critica-lo porque estaria dando razão aos fdp.

O Lula e o PT dificilmente caem de pau no judiciário

Os dois que Bozo colocou no STF, como  estão agindo?

A interpretação da lei é uma faca de dois legumes

E tem a faca do sushi,

Dos samurais

Corta nas ordenadas e abcissas. 

No X e no Y

Para trás e pra frente. Pra cima e pra baixo.

É sinistro.

E eu não tô falando nas outras dimensões.

B*ls*naro volta a atacar a democracia: "não há mais lei no Brasil por parte do STF".

E assim, estamos caminhando,  as vezes tropeçando, caindo, mas seguindo em frente, não como boiada ouvindo o berrante, somos humanos, não somos como eles,  seguimos de cabeça erguida, orgulhosos de nosso passado, de onde estivemos, das lutas travadas  e confiantes na vitória!

E se no futuro, a lama nos sapatos for a medalha que teremos pra mostrar, o presente é uma porta aberta, e futuro é o que a gente fará....

E VAMOS A LUTA!

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Chove

 




A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.

NÃO ME RECONHEÇO.



"Toda vez que um justo grita

Um carrasco o vem calar

Quem não presta fica vivo

Quem é bom, mandam matar".

Cecília Meireles, em Romanceiro da Inconfidência.


Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na floresta amazônica, é o retrato de um Brasil que , envergonha. É como as mortes dos negros nas favelas pela milícia e pelo tráfico. É como as mortes das crianças no Brasil, onde 33 milhões de "vivem" da fome. É o retrato de um governo fascista que entregou a Amazônia para o garimpo, para os desmatadores, para o tráfico, e que incentiva e promove a genocídios nas florestas, no campo, nas periferias das cidades.

Nós já não reconhecemos o Brasil. A estupidez do "presidente" da República nos afasta de qualquer hipótese de identificação. O fascismo é um ácido, que destrói tudo e corrói a hipótese de esperança. Bestificaram o combate à pandemia, vulgarizaram a Cultura, a Ciência. As cores verde e amarela foram roubadas como forma de nos afastar de uma ideia de nação.

O entreguismo e a degradação precisam de terra arrasada, e isso é  uma estratégia. O ideal para esse governo é ter o não debate, a não política, a cizânia no dia a dia, a divulgação de notícias falsas e as  tentativas de rompimento institucional. A afronta ao Poder Judiciário e a submissão do Poder Legislativo que, com os cofres abertos, abre mão do seu papel constitucional. E nós, vamos tendo acesso a uma política insana de armamento e o fim das políticas sociais maquiado com a indústria de fake news. É o caos.

O "presidente" da República, foi insensível e sádico com os mais de 660 mil mortos pelo coronavírus, amigos e desdenhou da dor dos que perderam seus parentes e amigos queridos, tem o direito de dizer que o jornalista inglês e o indigenista brasileiro foram “imprudentes” ao saírem para fazer seus trabalhos numa floresta que deveria ser nossa. Na verdade, o que esses responsáveis diretos pela destruição da Amazônia querem é nos, é afastar das florestas os indigenistas que conhecem a região e seus dramas.

Por que o Bruno Pereira foi demitido da Funai na gestão do Moro quando ministro da Justiça? Era uma opção de esvaziamento dos que conheciam a questão indígena na Amazônia? Era um seguimento  de “passar a boiada” anunciada pelo ex ministro Salles? Não seria hora de convocar no Congresso Nacional o ex-tudo Sérgio Moro para explicar? Agora que ele anda rompido com o governo e desmoralizado, talvez resolva falar e fazer algo útil.

Mais uma vez estaremos expostos ao ridículo. A nossa imagem internacional é constrangedora. Viramos um país pequeno, tão ridículo, que o presidente da República vai lamber as botas do presidente dos EUA para pedir ajuda nas eleições. E anuncia dia após dia a hipótese de uma ruptura institucional. Um golpe. Uma vergonha que só não constrange os bolsonaristas pois eles não tem  senso do ridículo.

As mortes de Dom Phillips e de Bruno Pereira estão tendo  repercussão internacional, o jornalista é inglês e trabalha no jornal britânico The Guardian. No Brasil, o extermínio de 25 brasileiros negros numa ação policial na favela não ocupa o noticiário. A morte do pobre e invisível foi banalizada. A morte de brasileiros pela polícia, pela milícia, pelos garimpeiros, pelo tráfico não é notícia que mereça destaque na imprensa e não ocupa espaço na agenda governamental.

Mas, para quem tem complexo de vira-lata, o assassinato de um grande jornalista, branco, de um respeitado jornal inglês, vai dar voz ao desespero dos brasileiros que sentem que estão perdendo sua pátria para esse bando de milicianos que já se infiltrou até nas Forças Armadas. É o que espero!

Que o drama dos dois jogue luz neste país que se encontra à deriva, às cegas, onde o compromisso com a dignidade e com a vida humana não é nem colocado como opção. Eles optaram pela barbárie e se orgulham disto. Vamos resistir e lutar para ter o Brasil de volta.

Como já escreveu João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina: 

“E se somos Severinos, iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre, de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia".

Acrescentaria: de fraqueza e de doença, é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).

sábado, 4 de junho de 2022

Lema do B*ls*naro.

 




O excrementíssimo inominável está terminando seus discursos assim: "sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, faremos uma grande nação" 


Ainda Presidente, quero contribuir. Como você tá  numa de fazer rimas ricas,  rimou corrupÇÃO com coraÇÃO, ficaria bem legal, já que você se esforçou e rima ÃO com ÃO, como o Rudah em seus 3 anos faz,  bota também inflaÇÃO, centrÃO, inaniÇÃO  o que você acha? Ficaria legal, terminam com ÃO também, dá  pra encaixar, e fica bom. Ah, tem como  botar vacinação, isso!


Ficaria assim:


SEM PANDEMIA,

SEM CORRUPÇÃO,

COM DEUS NO CORAÇÃO 

SEM VACINAÇÃO,

E COM INANIÇÃO,

JUNTO COM CENTRAO

COM RECORD DE INFLACAO...


É BOLSONARO PRA LATA DO LIXÃO !

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Minha Doença

 


Há um fosso profundo que separa cada vez mais boa parte dos brasileiros. A pobreza aumenta assustadoramente - com um número absurdo de pessoas morando nas ruas em uma condição degradante, sem  mínima dignidade -, e por incrível que possa parecer, cresce assustadoramente o número de pessoas que atiça o ódio pelos sem-teto.

Os condomínios e os prédios dos "gente de bem" cercam-se de segurança contra o “perigo” dos pobres. Para essa gente de bem, a miséria tem cor e cheiro. E o cheiro da pobreza tem que ficar longe e fora das ilhas de segurança; hipocrisia e maldade. A separação acontece de maneira cruel, sórdida e direta. Enquanto lutarmos na busca por um país igual e justo, "eles" são cada vez mais representantes das milícias.

O início é a visão primitiva, desumana e cruel de que  pobre e negro é um ser a ser abatido. 

A crueldade da recente chacina no Rio, na Vila Cruzeiro, evidencia a postura rigorosamente fascista que tem sido a regra do sistema de repressão do governo bolsonarista. É o segundo maior massacre em número de mortos - foram 25 pessoas -, perdendo apenas para a do Jacarezinho, com 28. Mas a lógica é a mesma: a ordem é executar. É a política do “tiro na cabeça”, do Witzel, e do “direito de matar”, do fascista do Moro.

Mesmo quem não concorda com os princípios  humanista tem a obrigação de se posicionar sobre essas execuções sumárias. Quem concorda, são cúmplices nos óbitos dos brasileiros executados. Bolsonaro aplaudiu a morte que ele chamou de “bandidos, marginais”; e ainda criticou aqueles que são contrários a essa política de extermínio.

Ele deveria se poupar mais e ter mais cuidado. Em pouco tempo, após a vitória do Lula no primeiro turno, os verdadeiros marginais estarão, como estão, sentados à mesa com ele, respondendo pelos inúmeros crimes praticados ao longo dos últimos anos. Só que sem a proteção da Presidência da República. E aí, podem ter certeza, seremos nós, os defensores “idiotas” dos direitos humanos, que iremos garantir a eles o amplo direito de defesa e o  respeito à Constituição - essa coerência pode ser chata, mas é ela que mantém a civilidade.

Assistimos ao horror do assassinato do Genivaldo pelos policiais rodoviários, praticado com requinte nazista de execução – usaram uma câmara de gás -, e com deboche. É preciso mais do que apenas sofrer junto com a família e os amigos. A resposta tem que ser única, direta e firme. Foi um assassinato frio e cruel, filmado e presenciado por inúmeras pessoas, e durante o dia e sem escamotear. A resposta tem que ser proporcional ao descaramento dos policiais! Foi um sinal claro de que a barbárie não precisa mais se esconder.  Uma provocação.

A sociedade que assiste calada a um ato brutal como esse está aprovando os métodos daqueles que, tendo como herói um presidente apologista da tortura, saíram do armário e estão espalhando orgulhosamente o terror. 

A minha mágoa é tão intensa que eu penso que a alegria é uma doença e a tristeza é minha única saúde!

quinta-feira, 2 de junho de 2022

MOTIVO

 




Ai, esse cansaço 

Que me toma o corpo;

E o pensamento 

Que não me deixa em paz!

Eu ando sem tempo 

Para o descanso

E os meus olhos abertos 

Insistem em sonhar. 

Eu sou feito de lutas

Que exigem coragem

E o meu dom nessa vida 

É muito mais que poetar.

Eu vivo buscando 

Uma certa saudade;

Não importa a cidade 

Em que eu possa encontrar. 

Aquilo que eu sinto

É maior que esse mundo;

E você é o motivo

De eu querer namorar.