quinta-feira, 26 de novembro de 2020

NESSE SEU OLHAR

 



Me ilude,

Como bola de gude. 

Como se as nuvens fossem ondas, 

Surpreendente.  

Viajar numa estrela-cadente,

Tremer, 

Pensar nos abismos, 

Onde, como, quando parará meu coração?     


Há uma saudade,  

De um tempo ou lugar, 

Na eternidade.   

Quero ter muitos anos-luz, 

Tantos quantos forem precisos,

Pra esperar,

Pra me ver, 

Pra viver, 

Nesse seu olhar!

domingo, 22 de novembro de 2020

Amor na condicional

 


Amem apenas os irrequietos que vagam pelo mundo em busca de justiça e liberdade.

Pros outros conformados e calados ante as injustiças apenas o amém.

Nem amem nem amém aos que optam pela humilhação e tortura e já encontraram o reino da mentira e hipocrisia.

Que o sol e a chuva sejam punitivos às mentes que mentem em nome de Deus e da família.

Que amem o buraco que cavam os homens, que pintam meio fios pois será ali sua casa e seu martírio. 

Amém.

sábado, 21 de novembro de 2020

VIDAS NEGRAS IMPORTAM

 




Sim! Você foi brutalmente assassinado, em frente às câmaras, e diante de dezenas de pessoas que nada fizeram para evitar que isso acontecesse.

Sim! Elas ficaram ali assistindo tudo, omissas diante de tamanha covardia, filmando com seus celulares a injusta agressão. 

São todos igualmente culpados. 

A raiva com que aqueles dois seguranças expressaram ao te espancar até a morte revela um ódio que a história já nos fez conhecer: não é só racismo; é também nazismo, fascismo, bolsonarismo. É o produto da construção de uma educação para matar. 

É uma cena dura e doída de se ver. Uma cena que envergonha muitos de nós. Uma cena que causa, em muitos de nós,  Indignação e revolta. 

Morto na frente de sua esposa, pedindo socorro à ela, que foi impedida de ajudar, a cena é absurdamente cruel.

O retrato nu e frio da barbárie. A imagem de uma sociedade moralmente doente em que estamos nos transformando. 

Uma sociedade afastada das virtudes humanas e mergulhada em um mundo negacionista dos fatos como eles realmente são. 

Um país governado por dois indivíduos que ignoram o racismo estrutural e que criam outras teorias conspiratórias de que existem pessoas aqui - provavelmente, comunistas -  querendo importar culturas racistas de outras nações para cá, com fins de tomar o poder. Quanto delírio!

O que dizer de de tão patética declaração?

Quanta boçalidade manifesta para o mundo todo nos ridicularizar ainda mais! 

A sua morte dói bastante no peito daqueles que têm empatia, mas passa anestesiada no peito daqueles que são feitos de indiferença e desamor.

Você morreu sob tortura; sob uma tortura praticada por dois torturadores - esse tipo de gente homenageada por aquele que nega as evidências do racismo, e que se mantém protegido pelas instituições democráticas, que, para o mal do Brasil, não o põe pra correr da cadeira em que está sentado.

As imagens da violência praticada covardemente contra você até a sua morte jamais sairão das mentes daqueles que têm bons sentimentos e que defendem os direitos humanos e a justiça social.

A sua morte é mais um triste capítulo da nossa história. 

Imagino o sofrimento da sua família. E rezo pra que, de algum modo, a espiritualidade possa confortá-los e dar-lhes força para continuar a jornada, agora muito mais difícil. 

O seu nome não será esquecido: João Alberto Silveira Freitas. 

E a sua morte há de não ter sido em vão. 

Havemos de criar uma consciência coletiva pela paz e por um comportamento antirracista. 

Às vezes, a dor faz nascer a esperança.

E, às vezes, a esperança é o que nos faz renascer...


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

NEGRO

 



Eu sou negro

E, desde sempre, trabalhador. 

Já fui escravo, explorado,  açoitado,

Jogado dos navios ao mar pra morrer sem compaixão.

Passei fome, senti frio,

Dormi ao relento amarrado a um tronco,

O corpo sangrando do castigo das chicotadas.

Engoli meu choro muitas vezes,

Apanhei por nada 

Na escuridão. 

Passei algum tempo em uma espécie de solitária,

Tentei me matar na solidão. 

Não tive respeito nem dignidade,

Implorei pela vida,

Sem muita ilusão. 

Humilhado em todos os sentidos,

Fui tratado como um bicho raivoso,

Com correntes nos pés e pescoço, e cordas nas mãos. 

Eu sou negro,

E fui por muito tempo analfabeto, 

Perdi a conta das noites em que dormi no chão. 

Sem permissão de descanso ao terrível cansaço,

Suava e sofria as dores do horror. 

Pensava em fugir,

Mas não sabia pra onde.

Rezava e pedia para o meu Deus me levar.

Um dia, veio a liberdade. 

E livre nas ruas, não conseguia trabalho com remuneração justa.

Abandonado à própria sorte, buscava um abrigo em algum lugar. 

Maltratado no centro da cidade, o morro - a periferia - foi onde consegui me assentar.

Não há segurança para o negro, nem ontem nem hoje, mas um dia haverá. 

Não há relevância para as questões do negro,

Não há igualdade, mas um dia haverá. 

Sou humano negro na pele e na história,

Sou negro na luta pra esse dia chegar.

Dia da Consciência Negra não vale!

 


Você já combateu o racismo hoje?

Tô falando falando do dia a dia! Afinal, só no Dia da Consciência

Negra não vale!

Quero saber se você já combateu aquela piadinha infame no trabalho, repreendeu aquela segurada na bolsa quando um negro passa do seu lado... O que não falta são exemplos pra falar, né.

Piada racista não tem nada de inocente. E se você rir dela, está sendo conivente! Ao invés de rir, faça o contrário. Finja que não entendeu e devolva com uma pergunta para o engraçadinho. Peça pra quem fez a piada, explicar o motivo. Rir de piadas que inferiorizam o outro, é submissão!

Se acovardar em situações tão degradantes como essas, é abrir brecha para que sempre aconteça, é dar força.


Existem questões que não dá pra bancar o isentão, o racismo é uma delas. Ou você se posiciona contra ou...

É  R A C I S T A !

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A Sombra, a Sobra

 



No momento

Olhar pra fora

Miragem é o mundo

Do futuro, a sombra

Do passado a sobra

A paisagem assombra

Virar o jogo  

A perda, a recompensa

Olhar pro lado

E estar com quem me interessa


É um instante

O silêncio

É a saudade

Do que não passou

O sossego,   

Atrasa o relógio

A pressa acalma

Sussurre em meu ouvido

O que me interessa


A lógica do vento

O caos do pensamento

A solidão

A órbita 

O retrato, a pausa

A intuição

A curva                                                                                                                 

O universo

O acaso                                                                                                                   

A fórmula

A promessa  

O Salto, o desejo   

O agora e o infinito

Só o que me interessa

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

VOCÊ PERDEU




Você perdeu

E vai continuar perdendo 

Sem parar

Até nos livrarmos de você. 

Porque você é desprovido de virtudes,

Preserva um déficit intelectual gritante

E tem uma cognição perturbada.

Falta a você a empatia ausente nos sociopatas.

Porque você é um sociopata sem estudo,

Que lê muito mal,

E carrega um vocabulário precário e chulo,

Muito próprio dos ignorantes.

Você carece de sensibilidade racional,

Desconhece a história 

E é um "marica" medroso,

Que corre dos debates,

Porque não tem argumentos pra encarar a  erudição. 

Você é um ser descartável,

Que falta nenhuma faz à humanidade. 

No seu DNA está escrito: imbecil.

O seu destino é ser esquecido,

Lançado no lixo da história pra ninguém nunca mais ouvir falar.

Você tem a maldade e a mentira na sua essência,

Porque você se fez no esgoto da sua arrogância e da sua falta de educação. 

Mas a sua conta está chegando,

E o preço só vai aumentar. 

Porque você é um amante de milicianos,

E a sua hora vai chegar.

E nesse dia - no dia da sua queda definitiva -, o país vai respirar mais leve e a esperança vai voltar. 

Porque o tempo é a melhor das escolas,

E as grades já estão sendo construídas 

Pra te esperar. 

E você não vai sozinho. 

Vai ter gente próxima ao seu lado.

Porque a justiça há de te alcançar e te colocar na prisão.

Pois você é um delinquente 

Que precisa receber a lição. 

E nós o veremos triste,

Amargurado,

Pagando todas as hostilidades praticadas contra esse povo sofredor.




segunda-feira, 16 de novembro de 2020

P R O P O S T A

 




Soltar os cachorros

Ser o anjo da casa

Trazer as marcas

Ter asas

Fique suspensa

Eu garanto

Fico em silêncio

Converso com plantas

Não apatia

Transpire energia

Urino urânio


Não fumo, nem bebo

Morri de sede

Deito na rede

Ser escolhido

Por você, é elegante

Não ser reprimido

Ser replicante

Avoado e brilhante

Remoo o caroço

Mastigo diamante

O fim do caderno

O início a leitura

Na fúria do inferno

Ser pra você 

Eterna ternura


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

TUDO È POSSIVEL.

 


Tudo que é possível

Apenas para nós 

Sinais, desejos de cais

Fragmentos de luz      

Falar dos temporais

Das flores 

Do bem e do mal    

O mundo sempre roda

Tudo vale

Isso quer dizer amor

Fazer acontecer     

Você olhou  

Acenou um beijo de paz

Virou minha cabeça       

Não consigo parar

O dia já clareou

Se você quiser transformar

O riacho em mar.          

Você vai  encontrar

Onde nasce o ser

Perceber meu coração

Bater mais forte só por você       

O mundo sempre  roda

E  tudo vale

Isso quer dizer amor

Fazer o sonho acontecer

Nunca vão tirar isso de mim,... 

nem de você

QUERO PERMANECER

 


Antes do despedir do dia, eu a abracei. Quem é ela que evoca os bons, os melhores sentimentos do mundo? Quem é ela que elimina qualquer desnecessidade para que o essencial se aloje na minha mente e cumpra o seu papel?

Falamos de sonhos de um país sem radicalismos. Em que, das dores, brotem possibilidades. Em que as possibilidades se tornem concretudes.

As nossas conversas deságuam em sentimentos que fortalecem nosso repertório, de compreensões, de vontade. Temos a vontade de que menos superficialidades abatam nossa razão. Temos a vontade de um mundo sem violência, sem desrespeito, sem precipitações nos julgamentos.

O sol vai se despedindo mais uma vez. 

Amanhã, será outro dia em mim e nela. 

Peço licença para permanecer. 

Ela autoriza. 

Será bom ficarmos juntos para espantar os frios.

PRESENTES


Fui conferir se a biografia da Rita Lee ainda estava no alto de uma prateleira, parei diante das obras do poeta Bráulio Bessa. E já ia embora, meio que extasiado por aquele mundo. Os livros têm essa magia de me conduzir  por muitas viagens, mesmo sem sair do lugar.

Estar numa livraria é sempre um momento mágico. Fico olhando aquelas prateleiras, com os livros separados por assuntos, e imaginando quantos mundos particulares eles representam. Para onde vai cada uma daquelas publicações tão diversas? 

Em que casas entram? Que pessoas atraem? Ao mesmo tempo, visualizo vários amigos em cada tema. Por instantes, é como se aquele lugar não estivesse mais separado por seções, mas pelo nome de quem eu conheço.

O livro é  vivo, é fascinante. Mas o mundo digital é uma realidade e veio para ficar. O livro pode ser “folheado” num e-book. A tecnolo-gia se entrelaçou ao universo das palavras.

Prefiro os físicos, comprei a coleção de guardanapos do poeta Fabrício Carpinejar, que havia visto em uma livraria física, bem antes desses tempos difíceis de máscaras. Aquelas poesias me encantaram logo no início: podem ser destacadas e viram presentes. Para mim mesmos, em primeiro lugar.  Todos os livros que comprei pra presentear, me apeguei tanto a eles, que não presenteei. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

DIAS CINZENTOS, CHUVOSOS E FRIOS.

 

Nesses dias cinzentos frio e chuvoso, perguntei á algumas pessoas amigas ou nem tanto: “Já abraçou alguém com palavras?”

Em tempos de pandemia, onde estar distante é mais do que necessário, dizer um “eu te amo”, “estava com saudades”, e “que bom te ver” afaga qualquer coração. É uma prova de amor e tanto!

E foram muitas as respostas... Uma disse “Falo pro meu filho todos os dias”. Outra disse “Abracei e disse logo cedo, é aniversário dela”. Já um mais “mente fechada” reclamou: “Não posso dizer essas palavras para um outro homem, por exemplo!”

Não aguentei e respondi: “Se você não diz palavras de carinho para o seu pai, irmão ou amigo, é melhor rever seus conceitos de masculinidade!”

Pois é... A desse amigo aí deve estar bem frágil. Mas nada o impede de mudar, ainda é tempo! E é assim tem que ser. Independentemente do que você é ou escolha ser, amor e carinho são para serem distribuídos e ditos,

não retraídos.

Cada um dá o que tem... Que tal ser só coisa boa? 


Obs.: Não te telefonei, mas "tava" com saudades

domingo, 1 de novembro de 2020

CENÁRIOS

 




A cidade estava em ruínas, vazia e sem vida.

Havia fumaça e um cheiro de sangue no ar.

O silêncio incomodava tanto, que era difícil segurar o choro.

Corpos desfigurados caídos no chão tornavam o ambiente assustador.

Impossível não entristecer nessa hora. Impossível não  questionar a razão para tamanha barbárie. 

A imagem que fica é a da estupidez humana.

Famílias destruídas por uma guerra que aqueles que a determinaram não foram para o campo de batalha, não puseram suas vidas em risco, não conheceram de perto a perda de um companheiro, não tiveram que matar ninguém. 

Caminhar nesse cenário muda a gente.

A guerra é a falência do diálogo, o amor posto de lado, em favor da intolerância e do ódio. 

Estamos neste mundo para compartilhar sentimentos, repartir mantimentos e agregar corações. 

Estamos aqui por um breve momento, para construir relações e aproximar os povos.

Os horrores da guerra são uma manha na nossa jornada.

Somos humanos, e não podemos perder essa nossa humanidade.

Somos seres racionais, não podemos nos afastar dessa nossa racionalidade.

Somos seres interessantes, e não podemos nos desinteressar de nós mesmos. 

A vida só é bela em tempos de paz. 

Então, por que manchar nossas mãos com o sangue de alguém?

Sejamos mais contidos nas nossas reações às ações do outro.

Sejamos um pouco mais ponderados. 

E quando o diálogo tornar-se insuportável, apenas se afaste ou mude de assunto. É Sempre possível construir uma ponte; só precisamos encontrar o lugar.

O mundo tem tantos lugares lindos! Lugares lindos também existem em nós. 

Vamos seguir nesta vida construindo novos cenários,

Fazendo do amor e da amizade os pilares dessa construção; 

Fazendo da compaixão e da solidariedade aquilo que nutre o nosso coração...