domingo, 31 de julho de 2022

Cuidando do Jardim

 

Não quero mentir

Dar espinhos

Não sei o que me atraiu

O que me despedaçou

Vou encontrar

O lugar

Pra sermos


Não vou mais dormir

Com olhos abertos esperar o sol

Quando ele chegar 


De alegria vou explodir 

Vou fugir do destino, do azar

Quando você olhar

Estarei cuidando do seu jardim

Entre a terra e o céu, 

Entre a terra e o mar, 

Entre o mar e o céu,


Do jantar

Do céu, do mar, de você e de mim

sexta-feira, 29 de julho de 2022

SERÁ NO PRIMEIRO TURNO

 





Corre nas minhas veias

O sangue vermelho 

Da revolução,

A força que vem de uma energia de lutas,

O calor que eu sinto

Junto à multidão. 

Bate no meu peito

Um coração cheio de sonhos,

No ritmo da necessária rebelião,

Chamando o povo para as ruas

Bater tambor por esta nação. 

Chega desse ambiente neofascista violento,

Chega de tanta aberração. 

É hora do basta ao ódio atrevido,

De uma gente agressiva

Com armas nas mãos. 

A nossa rebeldia é toda amorosa,

Com um olhar de igualdade e respeito

Nessa nossa triste condição. 

Mudar este país 

Com a bandeira do SUS, da Ciência e da Educação,

Resgatá-lo para o mundo da civilização. 

Agora é o momento do alerta geral,

Será no primeiro turno 

O nosso tão esperado carnaval!

quarta-feira, 27 de julho de 2022

A T É B R E V E

 




Até breve, eu ficarei por aqui procurando palavras, enquanto a garoa se derrama pelas ruas cinza, nesses dias frios.


Continuarei na mesma janela, embaçada pelo pó preto da indústria que deu origem a cidade, e que suja a piscina, fazendo com que a água seja tratada, filtrada em intervalos casa vez menores, dormindo com a persiana aberta esquecida na noite anterior.


Acordarei na mesma cama com as lembranças e as saudades já desbotados, outras e algumas recentrs amontoadas num canto qualquer.


Na pequena estante de madeira preta, pilhas de livros que releio, outros novíssimos e intocados, alguns clássicos e aqueles que me lembram você.


Me pergunto por onde tuas mãos caminharão? Por quais versos se perderão teus olhos? Quais lágrimas poderão  manchar novas páginas da poesia da tua vida? 


A poesia existe, porque só viver não basta, e apesar de tudo estamos vivos, resistindo a tanta estupidez, nós que já atravessamos muitos Saaras, resistimos aos brilhos da ilusão, sabemos que melhores virão, é o desejo que trago no coração!

terça-feira, 26 de julho de 2022

Marcha pra Jesus

 


Esse povo da idade média, que queimava bruxas,  são os mesmos do Cristo armado.

Não consigo entender o que leva uma pessoa se sentir representado  numa "Marcha pra Jesus" que ostenta uma arma enorme como um estandarte!


Qual o sentido da vida ? Uma pessoa vazia, oca , um ser desprezível!! Por isso não faço mais questão de ter certas amizades, mesmo os velhos amigos! Esse era o ponto de sabermos de fato, o grau de amizade que se sente pelo outro!  


Fica muito difícil a convivência.


Então, acho natural a "gente se tornar chato" pois não temos que aceitar qualquer tipo de situação que nos  remeta violência,  menospreza a paz e o respeito. 

Evito certas pessoas, ambientes e comportamentos que não me agradam.

Quero amizades, diálogos saudáveis, e amor  recíproco!

SEGUIR E CEGAR

 





… Líquido!

Liquido!

O que era vívido

Deixou de ser vivido.

Só a dor e o terror.

A morte – do outro – 

É a semântica da alma apodrecida.

Ignoro uma existência diferente.

Trata-se de vida a ser banida.

O não-ser que também sente.

Sentimento e não-sentimento.

Sujeito e não-sujeito.

Coração remendado com cimento.

Um hipócrita.


O fascista líquido

É de morte e crueldade;

Abnega a liberdade.

Mas seu diferencial 

É a vulgaridade.

É pornográfico até no roubar.

Aplaude com deboche a banalidade.

Patriota?

Só fingimento no falar,

Como homem de família

Que esconde a perversão 

De seu coração com poucas verdades.

E é o zurro fútil.

Mas é tão útil 

Ao sistema de avessos;

Ao anti-sistema

De incompetências e tropeços;

De fome,

Doenças

E dor…

Terror

Terror

Terror

Não visto por tantos

Porque quem

Segue

É cego

E tem no baixo ego;

A mesma vulgaridade;

A mesma maldade

Que seu ídolo pornográfico;

Que seu líder tão vil…


               Desperta, Brasil!!!


.......................



Esse poema é para você, CRISTÃO ou ateu, que ainda segue cegamente o Bolsonaro. 



domingo, 24 de julho de 2022

ARMINHA!

 





Aquela arminha feita com as mãos matou: 

A Esperança. 
O Amor, 
A Tolerância. 
A Dignidade. 
Os Sonhos. 
A Igualdade, 
A Fraternidade. 
A Empatia. 
A Fé! 

sábado, 23 de julho de 2022

TARDES AZUIS

Sei que você nunca viu

Azul como o céu de Julho e Abril

Quais ruas você andava 

Que eu não te encontrava?

Você está tão perto e eu não sei dizer: palavras

Carrego tantas dores, todas no meu gasto coração

São flores de um jardim que rego com paixão

Mas ainda quero te ofertar

Ficou guardado como um tesouro escondido no fundo do mar

Vem, quero tanto

Sem você a vida tem menos encanto

Preciso disso pra sobreviver

Vem, abre as cortinas, espanta o escuro

Eu não quero perder tempo com o futuro

Quero você pra sempre, agora e já

Sentimento igual você nunca viu

Nem azul como essas tardes de Julho e Abril

Porquê ruas você andava que eu não te encontrava?

Agora você está tão perto e eu nem sei dizer: palavra



sexta-feira, 22 de julho de 2022

CARNAVAL EM OUTUBRO

 




É difícil definir o que nos foi levado primeiro. A esperança? A alegria? Não!  O futuro. Mas uma lucidez e uma expectativa me invade. Há um estranho e indefinido sentimento de perplexidade no ar. Deixamos de ser o país que, mesmo com profundas contradições e desigualdade, tinha o sonho da mudança para se tornar mais justo e igualitário. O Brasil secou. E viramos uma pátria triste, sem ar, sem charme. O futuro não chegou a ser sonhado, foi destruído pela mesmice e pela obviedade de um bando de bárbaros. 

O grande trunfo é ter (sobre)vivido e poder ter histórias para contar. O passado é nosso companheiro nos  momentos de solidão. Quem foi feliz começa a se achar poderoso e a imaginar uma hipótese de viver com o crédito de vidas passadas. O futuro deixou de ter um objetivo, a juventude é um susto contido, e a vida, enfim, é uma incógnita diária. Nós temos que nos reinventar para enfrentar e conviver com a extrema direita vulgar e criminosa que está no poder. É indescritível o número de absurdos. Se fosse ficção seria inimaginável criatividade surrealista. Mas é a vida real. O dia a dia é de uma mediocridade irritante. A Fundação Palmares excluiu da nossa história  de personalidades negras, como Gilberto Gil, Martinho da Vila, Milton Nascimento e tantos outros; removeu do site biografia escritores(as), como da Carolina de Jesus. Sem contar o escandaloso fato que foi a retirada da estátua de Zumbi dos Palmares da entrada da sede da Fundação. E o  que me envergonha,  excluirá qualquer referência a Carlos Marighella pois seus textos “são como escritos de Hitler.”

Uma secretária do Ministério da Saúde disse à CPI, que existe um “pênis na porta da Fiocruz”. Num país onde o presidente da República frequentemente se ampara em piadas chulas, provavelmente trata-se da manifestação de um desarranjo sexual exteriorizado por uma pseudo segurança. Parece que a sua família está no limite do armário e do divã. E o pênis é o fetiche dos seguidores bolsonarentos.

No meio de todas lutas, que nos mobilizam e nos definem, temos um espaço real. E ainda assim alguns tem dúvidas. Nós que não suportamos mais esse governo que cultua a morte, que se coloca de costas pra vida, que despreza a dor das pessoas e que teve a desfaçatez de ridicularizar os que sofrem pela falta de oxigênio, os que querem deixar de ser prisioneiros do obscurantismo e do atraso demonstraremos nossa indignação em outubor. Uma manifestação pacífica na qual as pessoas ocuparão as ruas em sinal de inconformismo com a política genocida do governo B*ls*naro. Organizado pelos Comitês, o protesto pela tristeza e revolta generalizadas pelo caos das nossas vidas diárias. Estarão conosco, lado a lado, num abraço invisível e de mãos dadas, as memórias de mais de 650 mil brasileiros que foram levados pelo vírus. Boa parte deles em razão da irresponsabilidade criminosa do presidente da República e seus cumplices!

Andará também, junto a cada um de nós a memória dos familiares, dos amigos, dos conhecidos e até dos desconhecidos. Um silêncio de dor e saudade será mais forte do que qualquer grito de inconformismo. Nada fala mais alto aos nossos corações do que a falta de um pessoa querida. Não tenhamos, a pretensão de sermos percebidos por "eles". "Eles" vivem em um mundo imaginário originado pela mentira e suportado pela hipocrisia. A insensibilidade "deles" criou um muro e, do lado de fora, ficaram a solidariedade, o humanismo e a empatia. Nós, enfim.


Vamos mostrar para nós mesmos que é possível resistir. Que nós não perdemos a capacidade de nos indignar. E de sonhar por um mundo, de novo, justo e igual. Foi difícil a decisão de ficar  em casa de não sair, pois a aglomeração é a arma dos fascistas. Foi um ato de legítima autodefesa e de terceiros. No silêncio das nossas casas presenciamos um genocídio, um massacre, um extermínio. Vamos mostrar em 03 de outubro ao mundo que nossa dor é coletiva, que a indignação é de todos.

E vou de verde e amarelo. Os fascistas, que roubaram a dignidade, a esperança, o presente e o futuro, se apropriaram inclusive das nossas cores, que passaram a representar certa vergonha nacional. Será também uma maneira de dizer não a esses incultos. Voltar a usar o verde e amarelo é também uma maneira de dizer não a essa barbárie, de resistir. Sem medo de ser feliz.


Eu brasileiro confesso

Minha culpa meu pecado

Meu sonho desesperado

Meu bem guardado segredo

Minha aflição

Eu, brasileiro, confesso.


Sem medo. Sem susto. Sem raiva.

 

“Eu não tinha estas mãos sem força. Tão paradas e frias e mortas. Eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança. Tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face?” Cecília Meireles.


É cansativo repetir que o presidente é um inepto, um réptil. No entanto, agora, mais do nunca, precisamos dizer, ele é um sujeito de quinta categoria. Na reunião com embaixadores ele mais uma vez, expôs o país ao ridículo, dessa vez, um ato oficial. Com carimbo de ridículo. Com selo. Que tristeza. Um governo orgulhosamente patético. 

Ele não quer somente envergonhar o país, ele tem uma estratégia de preservação do poder, e a explora. Tudo é planejado. Ele faz  provocação, barata e vulgar, mas destinada ao seu gado domesticado. Os bolsonaristas convictos, orgulhosos da própria ignorância, e os dinheiristas, que assaltam a Pátria. Não há limites em nenhum dos dois grupos. A ignorância, o poder e o dinheiro dessa espécie humana, às vezes nem tão humana. Vivemos um golpe em movimento. Um golpe diário, na consolidação da mediocridade, na potencialização do ridículo, na cultura do estúpido, que é a marca dessa barbárie. Vai se afirmando nas pessoas que consideram normal tanta hipocrisia, que não se assustam com a reunião absurda do presidente da República com os embaixadores.  Eu falei pra mim mesmo, também de maneira orgulhosa e inútil: o presidente da República é um serial killer em matéria de crime de responsabilidade. Nunca na história de nenhum país democrático uma quantidade de crimes de responsabilidade  fartamente documentado. Tem quase 200 propostas de impeachment dormindo na presidência da Câmara dos Deputados.

O Brasil precisa sair do fundo do poço. Não cabe ao presidente Lula, se eleito dia 2 de outubro, no primeiro turno, como espero, lidar com essa escória. É preciso reconstruir o país. Olhar e cuidar dos 33 milhões de brasileiros que passam fome. Dos 158 milhões com insubsistência alimentar. Dos 500 mil que vivem nas ruas. Dos milhões de desesperançados. Juntamente com os que têm fome de cultura, de justiça social, de arte, de alegria.

Vamos ser felizes de novo e deixar os medíocres terem o fim que eles merecem: o esgoto do mundo, na sarjeta que eles se lambuzam e se sentem em casa. Vamos reconstruir o país. Com justiça social e igualdade. Vamos fazer do Brasil um país possível de ser feliz de novo. Sem medo. Sem susto. Sem raiva. É mais do que necessário dizer: basta!

 

terça-feira, 19 de julho de 2022

O MAIS QUE PERFEITO

 


A dor lacerante

do mais que perfeito, desfeito,

se acontecer, não se espante

com meu arredio jeito.


Distante, por certo

é o medo que domina,

é algo incerto

dolorido e vago, não me fascina.


Pra ela, menina

precisa mais que rosas,

mais que olhar na retina,

mais que duas horas prosas...


Não provar nada

com frases elaboradas,

deve ser uma estrada

sem rotas demarcadas.


Se essas medidas

conseguir provar,

estarei de amores perdido,

serei teu par.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

PÁTRIA ADOECIDA

 




O meu corpo sente o adoecimento de um país que fez a opção errada de um dia eleger alguém simpatizante das armas e da violência; inimigo da paz, da ciência  e da democracia.

A minha alma sente os efeitos negativos desse equívoco histórico da nossa gente na última eleição. 

Não reconheço mais o meu país e me surpreendo todos os dias com colegas identificados com o discurso de ódio e mergulhados no abismo das fake news.

Jesus Cristo anda sendo rotulado como simpatizante da barbárie por uma gente fanática e cega pela ignorância e estupidez.

Os livros passaram a ser esquecidos e o "conhecimento", agora, se dá pelas redes sociais. 

Há muitos psicopatas no comando dessa lógica perversa de olhar o mundo. Há muita gente corrupta e má dirigindo essa nação. 

Procuro manter minha saúde mental escrevendo versos que viram poesias. Procuro manter a esperança querendo acreditar que "em breve uma mudança vai acontecer".

Eu choro as mortes provocadas pelo  irracional, as perseguições ideológicas, o abandono de tudo aquilo que nos é precioso como humanidade e o desprezo aos nossos direitos sociais. 

Somos uma pátria à deriva nas mãos psicopatas de alguém. 

Mas, hoje, eu sei que não sofro e choro sozinho.

Hoje eu sei que isso tudo vai passar. 

Porque saberemos agir e teremos a coragem de tomar a direção de volta para as nossas mãos. 

Conduzir nosso país de volta a um ambiente político de paz, com políticas públicas sociais e econômicas que visem o bem-estar social de todos, onde a justiça seja um princípio a ser efetivado e onde o amor possa finalmente guiar o nosso caminho  porque amor é contagioso, porque o afeto é ato revolucionário!

Cheiro de Morte

O fanatismo é a única forma de força de vontade dos fracos


O Brasil se tornou uma terra de ninguém, de aproveitadores e de sádicos. Um homem que cultua a morte, que faz apologia à tortura, que incentiva a violência e que alimenta a necessidade de todos usarem armas fez, juntamente com seus seguidores, o país virar um local tóxico e inabitável. As barbáries se sucedem em ritmo alucinante. 

A covardia insana do homicídio do guarda municipal Marcelo Arruda por um bolsonarista alucinado, no meio da própria festa de aniversário, junto de seus familiares, choca qualquer pessoa que tenha um segundo de humanismo e empatia. Mas não abala o Presidente da República, com sua visão distorcida e fascista do mundo. Afinal, quem desdenhou da morte de 660 mil brasileiros na pandemia, inclusive imitando alguém morrendo de falta de ar, por que se abalaria com um assassinato?

É um padrão a ser seguido. Covardes, eles se mantêm nos armários demonstrando a impotência ao agredirem as mulheres, ao apoiarem o acirramento dos conflitos, ao não se desculparem nunca; ao contrário, exaltam a agressão física e a dor. Um governo necrófilo, que tem o cheiro da morte.

É mais que chegada a hora de nos posicionarmos. Estamos no fundo do poço, mas neste fundo ainda tem um abismo criado por uma cratera moral. Temos que conviver com pessoas que não se colocam, que falam sobre conflito político em posições exaltadas dos dois lados. O que existe é a necessidade de responsabilizar esse facínora e seu bando pela desgraça que se abateu sobre nós.

Saquearam o país, destruíram as conquistas em todas as áreas, implementaram um governo bandido, violento e sem escrúpulos sob a falsa capa de homens de bem. Hipócritas.

A cada dia, uma máscara cai e mostra os cúmplices da política de terror e de morte. Mas eles não se abalam e seguem nos expondo a um risco permanente. Não é mais um risco simbólico, é real. Somos reféns de uma quadrilha que dominou o Brasil e transformou o ódio na maneira de ser de boa parte da população. Já não procuram motivos sequer para matar. Foram derrubando todas as barreiras humanistas e assumindo, pouco a pouco, o que eles verdadeiramente são.

Seguem orgulhosos da própria ignorância, da prepotência e do sadismo com a firme convicção que parecem ter de que, quanto mais forem ousados na violência, mais terão ao seu lado um grupo fanático para apoiar o projeto de aniquilar uma nação.

Passou da hora do basta. Quem minimamente compaixão e empatia, deve se unir para, no dia 2 de outubro, dar a chance ao país de voltar a ter uma estabilidade democrática. Vamos devolver esses seres ao lixo da história, ao esgoto enquanto é tempo.

Se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância  junto!






quarta-feira, 13 de julho de 2022

Todas violentadas

 


Todos, homens e mulheres sentiu o que eu senti…Todos não, excetos aqueles que mugem, os que mantem a empatia intacta, sim!

De alguma forma, todas mulheres, foram violentadas pelo estuprador que se passava por anestesista.

Dez minutos de estupro, no momento mais vulnerável que uma mulher pode ter.

Ânsia, dor na barriga, nojo, revolta… Todos os sentimentos num só. Mas principalmente, vulnerável. Assim que julgo que elas se sentiram por ser mulher.

Sem direito de defesa, completamente anestesiada, aquela mulher sendo usada enquanto paria seu  filho é uma das coisas mais absurdas que eu já vi.

Não há parâmetros, adjetivos, qualquer palavrão que possa ser dido, para tentar de alguma forma externar o sentimento que a gente tem ao ver aquela imagem.

Mas o abuso, separado apenas por um lençol da outra equipe médica, escancara e descobre algo muito mais grave: a violência sofrida por todas essas mulheres, vítimas do algoz maior.

Primeiro de tudo, não houve respeito à lei. Toda mulher, seja no sistema público ou particular, tem direito a um parente dentro da sala de cirurgia. Por que ele ficava sozinho com elas? Por que a falta de cumprimento de uma lei facilitou tanto a ação desse nojento?

Mulheres salvas por uma rede de mulheres. Primeiro, a desconfiança e sagacidade das enfermeiras, mesmo diante de uma hierarquia dentro de um sistema de saúde, não se calaram! Fizeram de forma calculista o caçador virar a caça.

Depois, a força de uma equipe liderada por uma mulher que fez a prisão no local mais humilhante que ele poderia ter: o local onde ele se achava rei e era chamado de doutor.

Não existe lugar, hora, status, pronome que livre qualquer mulher de sofrer assédio, abuso, estupro. A única arma que a se tem é se unir, homens e mulheres, e contar com quem quiser entrar nessa luta.

E denunciar, dar a cara. É óbvio que ninguém vai forçar a vítima a se expor, mas elas têm que entender que não é exposição, mas prestação de serviço pra todas.

É mais do que isso, é dar voz e mostrar que quem tem que ter vergonha são eles, é ele, o "doutor". Nunca elas, as vítimas dessa história sórdida. e tão cruel

terça-feira, 12 de julho de 2022

Beeeem longe de mim.

 


Carta para uma ex-amiga.


Não, minha cara ex-amiga, não podemos continuar amigos, nem virtual, nem na vida real. Sinto muito. Amigos meus não fazem arminha com a mão, nem muito menos tripudiam da morte de alguém, alvejado por arma de verdade, no dia do próprio aniver- sário de cinquenta anos.

Amigos meus não fazem piada de atentados terroristas, não acham graça de bombas caseiras espalhando fezes, urina e veneno. Amizade, minha cara ex-amiga, pressupõe afinidades, conexões, empatias. Comunhão de interesses, sintonia de afetos, e reciprocidades.

Entre amigos, as diferenças são bem vindas, os modos de pensar não precisam ser idênticos. Você torce por um time; eu, por outro. Você se diz conservadora; eu sou progressista. Você é de direita; eu, de esquerda. Até aí tudo bem. As diferenças nunca impediram nossos abraços e beijos a cada reencontro.

Mas, precisa se ter o mínimo de humanidade, uma dose que seja de compaixão para com a dor e a tragédia alheias. Você se diz cristã, cidadã de bem. Deus me livre desse seu cristianismo e da sua benquerença.

Você também se diz patriota, nacionalista. Sua foto nas redes é uma bandeira verde e amarela. Ainda assim, ignora o desmonte de um país inteiro, a degradação ambiental, morte de Indigenas, o garimpo ilegal, o estrangulamento das universidades públicas, a perseguição aos artistas, o sucateamento da saúde. Finge não ver o desmanche do Iphan, o esvaziamento da Funai e a ruína programada dos demais órgãos de preservação e controle.

Você filiou-se a uma seita desumana! Não queria tomar vacina, fez propaganda da cloroquina e até achou graça quando aquele sujeito,  em tom de gracejo, simulou a falta de ar de um doente de Covid.

Você faz vistas grossas para o escândalo colossal do orçamento secreto, das emendas do relator, dos documentos colocados sob cem anos de sigilo. Você releva rachadinhas e rachadões. Espalha fake news, semeia desinformação.

Você, minha cara ex-amiga, se tornou uma pessoa má, rancorosa, ressentida. Agora deu para relativizar a ditadura e até defender a tortura. Diz que é a favor da vida e prega a proliferação das armas. Você bate palmas para quem quebrou a placa com o  nome de Marielle. Quando Dom e Bruno morreram assassinados, você pôs a culpa nas próprias vítimas.

Quando você foi candidata, fiz campanha, colaborei com sua candidatura, me empenhei,,, Não te reconheço mais. Ou talvez não te conhecesse direito antes. De todo modo, vamos ter que dar um tempo em nossa amizade. Não sei se a sociopatia tem cura. Sinceramente, não lhe desejo o mal. Passe bem. 


Beeeem longe de mim.

domingo, 10 de julho de 2022

VAMOS SAIR PRA VER O SOL.

 

Vou sair,  ver o céu

Me perder entre as estrelas

Onde nasce o sol

Como se guiam os planetas pelo espaço


Meus passos

Nunca mais serão iguais


Ser mais veloz que a luz

Escapar da tristeza

Deixar a dor pra trás

Num planeta abandonado

Pelo espaço

Voltar sem olhar pra trás



No escuro do céu

Longe do sol


Num planeta abandonado

Pelo espaço


Desaprendi

A caminhar no céu

Foi o princípio do fim

sábado, 9 de julho de 2022

Em busca da inspiração

 




Eu achava que conversar com a gente mesmo era uma coisa comum. Agora desconfio que não é por vários motivos. Seja porque nossa ignorância é imensa, e isso não combina com a pressa de ter respostas rápidas, seja porque somos muitos e portanto os assuntos são os mais diversos possíveis. Ou seja, por outras questões que ainda vou descobrir, conversar com a gente não é fácil, e muitas vezes até proibido. Censurado, interrompido e inexplicável.

Se eu conseguir entender mais sobre isso talvez consiga melhorar a  narrativa de meus textos. Preciso voltar ao teatro, ensaiar, escrever crônicas para gostar do que escrevo, ao ponto de lutar e de não abrir mão dos sonhos ou da ficção. Ao ponto de morrer entre as palavras, seus significados e sua presença. Ao ponto da busca de alguma essência que faz respirar e nos mover. 

É preciso marcar encontros com a solitude, com os amigos, e com voce. É preciso estar onde o som se faz ritmo e a luz se faz vida. 

É preciso estar dentro de nós para conhecer nosso potencial. É preciso ter prazer. É preciso ir ao encontro!

Encostei na cerca do metrô, vindo para a Cinelândia e tinha um cara com um trompete tocando garota de Ipanema. 

Deu vontade de me perguntar de onde ele tirava inspiração para tocar naquele sol de meio dia. E eu, onde haveria de buscar inspiração naquele sol com os joelhos doendo?

Se não fosse as perguntas, pra que teríamos respostas!

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Em nome de Deus?



"O racismo é um vírus que se transforma facilmente e, em vez de desaparecer, se esconde, mas está sempre à espreita." Papa Francisco

O Brasil vai cada dia mais se desumanizando com o fascismo instalado pelo governo Bolsonaro. Muitas vezes, são os detalhes que demonstram nossas fragilidades e nossas hipocrisias.  Quando surgiu na política do Brasil a liderança do Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo: um operário chamado Luiz Inácio Lula da Silva. A greve coordenada pelo líder dos trabalhadores que desafiou a ditadura militar, que foi instalada. O movimento durou 41 dias e mobilizou mais de 200 mil trabalhadores. O governo ditatorial fez uma intervenção federal nos sindicatos e obrigou a demissão dos operários. A Igreja Católica não só se posicionou contra as demissões sumárias, como abriu a Igreja para abrigar as reuniões dos trabalhadores.

A presença dos trabalhadores no templo não significava nenhum abuso; quem o desrespeitava era a repressão ditatorial, que prendeu um sindicalista dentro da sacristia.

Era a Igreja abrindo as portas para acolher, abrigar e proteger aqueles que ousavam se insurgir contra os poderosos e contra a tirania. Penso que esse é o sentido e o principal motivo, talvez até o único, da existência dos templos religiosos. Cuidar da alma e das dores pode ser feito até sem a presença física das capelas; mas, usar o espaço religioso como abrigo contra a repressão, aproxima aquele que não crê e que não professa a fé do trabalho e da importância da Igreja. Falo isso em homenagem ao Dom Valdir e outros.

O uso político, indevido e cruel, por um grupo racista de Curitiba, da pretensa invasão de um templo católico, após a missa, por ativistas políticos, entre eles, o vereador negro Renato Freitas. Um caso de preconceito explícito usando o nome da Igreja Católica. Hipocrisia.

Eles ingressaram, inclusive o parlamentar do PT, de maneira  pacífica na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos - tradicional lugar de acolhimento dos negros -, após um protesto em razão bárbaro e covarde assassinato do congolês Moise. O grupo entrou pelas portas que estavam abertas. Os supremacistas brancos de Curitiba, que não suportaram a presença de um negro e pobre, mas não humilde, nas dependências da Câmara dos Vereadores, encontraram um motivo para cassá-lo e tirar seus direitos políticos. Mesmo a Arquidiocese de Curitiba manifestou-se contrária à cassação, porém, posicionou-se a favor de "medida disciplinadora proporcional", em grave divergência com o espírito cristão do grande Dom Valdir e outros, que acolheu os perseguidos.

O vereador Renato, tá sendo vítima desse verdadeiro estupro à democracia: a tentativa de cassar o mandato e os direitos políticos desse jovem negro e muito digno que representa a parte não racista da sociedade curitibana. 

Precisamos, e seria o ideal debater mais fortemente a questão do racismo, pois a decisão  de destituição do cargo é do Legislativo, respeitados os direitos  do vereador. À democracia, enfim.

O que realmente me encantaria seria discutir o racismo estrutural desse grupo fascista, que se empoderou com esse governo que despreza e zomba dos direitos políticos e humanos. O fascismo alimenta o racismo e eles se completam. É importante discutir o papel da Igreja nessa hora de barbárie institucionalizada. A Igreja que eu quero e que eu respeito é a de Dom Valdir: a que acolhe os oprimidos e que vive na prática a solidariedade pregada por Jesus Cristo.

Onde persistir o racismo, o desprezo e o ódio ao negro, não pode existir a presença de nenhum Deus, não pode existir Igreja e muito menos democracia.  Quando se fica neutro em situações de injustiça, estamos escolhendo o lado do opressor.

terça-feira, 5 de julho de 2022

É um perigo!

 




Sair de casa e vê alguém lendo Guimarães Rosa. Sair com seu companheiro ou companheira, ser surpreendido por alguém lendo Machado de Assis, em um bar ou lanchonete. Ver seu filho(a), ou neto(a) brincando, e, alguém lendo Cecília Meireles.

Nas páginas policiais de um jornal, todos os dias, ler Jorge Amado, Vinícius de Morais e Carlos Drumond de Andrade.

Quem entra numa biblioteca, ou quem abre um livro, não tem apreço pela ignorância. Está premeditando praticar um atentado contra o desconhecimento, uma emboscada à desinformação. 

Fico imaginando um mundo com as facções disputando em rodas de leitura quem vai espalhar obras do Arcadismo, do Romantismo, do Realismo e do Parnasianismo.

Fico pensando qual será minha reação se, andando  pela rua, alguém armado com um livro, disser: parado aí, isso é um poema! E me atingir com rimas de Cora Coralina...

E se no cruzamento, com o sinal fechado, alguém bater no vidro do carro e, de livro em punho, anunciar um trecho de João Cabral de Melo Neto?

Já pensaram se em vez de violência contra a mulher os homens passarem a praticar leitura com as mulheres? Ou num ato mais tresloucado ainda, dedicar-lhes poesias?

Poesias são melhores do que rosas e flores, pois podem ter todos os cheiros, todas as cores e podem ser despetaladas como "bem me quer e mal me quer" e não murcham nunca, por isso dou rimas, poemas e flores!

Se todo cidadão tiver a autorização e condições para portar um livro, inclusive fora de casa, ele estará seguro contra a idiotice, a burrice e a incompetência. 

O Coiso não reeleito ouviremos por aí, absurdos como "analfabeto bom é analfabeto letrado" ou, então,  "razão em cima de tudo, amor em cima de todos".


Cora Coralina, me empreste suas palavras, suas rimas?

Drumond, me dê a suavidade de Minas?

Vinícius, me deixe amar todas suas meninas?


Já que Lula tá livre, quero é Lula livro!

sexta-feira, 1 de julho de 2022

PEÇO AO SOL QUE BRILHA.

 


Lá fora o frio, e o vento bate em meu rosto

Tempos cinzas de junho e na mesa o vinho derramado

Tanto orgulho que pulsa no meu pulso

O remorso das palavras

Que não digo

Mesmo na luz não há quem possa

Se esconder do escuro

O caminho, o vento, a voz

No filme ou na novela

É o disfarce que revela o bandido

Meu coração cheio de amor e deserto

Dança a minha alma desarmada

Peço só ao sol que brilha

Que o mar não seja uma armadilha

Como a íris dos teus olhos