sexta-feira, 26 de novembro de 2021

POR QUE, MEU DEUS? POR QUÊ?

 


Não tem mesmo jeito nem conserto. Até o último dia de 2022 teremos de conviver com um governo negacionista, homicida e parceiro fiel do novo coronavírus. Ao que parece, 620 ou 650 mil mortes será pouco para Jair Messias, o verdugo do Planalto.

Há quase dois anos o devoto da cloroquina sabota com extremo vigor todas as práticas que ajudam a controlar a pandemia e a reduzir a gravidade dos casos de covid, ou seja, tenta diminuir a quantidade de doentes internados e de vítimas fatais. O B*ls*naro maníaco do tratamento precoce, estimulou e promoveu aglomerações; foi à internet mentir e espalhar boatos sobre as vacinas, além de atrasar ao máximo a aquisição; e eliminou, um por um, qualquer ministro e servidor que agissem de forma correta.

VIRULENTO POTENCIAL

Se é mesmo verdade que ainda não se vacinou, já que seu cartão de vacinação foi colocado sob sigilo por 100 anos, o sociopata da República é um potencial disseminador do vírus, maior do que qualquer brasilerio vacinado, mas não se importa nem um pouco. Aliás, para quem já disse ‘e daí?’ e ‘não sou coveiro’; ‘vão chorar até quando?’ e ‘deixem de ser maricas’ para milhões de enlutados Brasil afora; e já debochou, imitando um doente com falta de oxigênio, sufocando, de doentes à beira da morte, nenhuma surpresa, né? B*ls*naro é viciado em violência e destruição, no limite, em morte. Dia sim, outro também, fala em armas, em eliminar os adversários, em destruir a esquerda. Pregou, inclusive, alguns anos atrás, o extermínio dos índios, ao elogiar o genocídio ocorrido nos Estados Unidos.

QUANTO MAIS DOENTES E MORTOS, MELHOR

Do alto de sua psicopatia e profunda ignorância, o amigão do Queiroz (o miliciano dos 90 mil reais em ‘micheques’) é contra o uso de máscaras, de isolamento social, de vacinação ou de qualquer medida sanitária contra o corona. Até ameaçar com Aids e suicídio ele já ameaçou.Sim! Espalhou que as vacinas podem causar Aids e levar ao suicídio – ao menos desistiu dos jacarés. E suspendeu a imunização de crianças e adolescentes por conta de boatos de redes sociais. Além de receitar cloroquina, ivermectina e banho de sol contra o vírus.  O patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas ou alugadas por preços bem abaixo do  mercado, não só desdenha das mortes e dos enlutados como atua com entusiasmo como uma espécie de auxiliar da doença.

MINISTROS À IMAGEM E SEMELHANÇA

Após enxotar quatro ministros da Saúde, ou melhor três, já que o general não passava de um ajudante de ordens medíocre, o pai do senador dos panetones e chocolates emplacou um outro bibelô na Pasta, aquele médico especialista em mostrar o dedo do meio para o povo. Presidente e puxa-sacos, travestidos de ministros, desprezam e até contrariam as recomendações da ANVISA. Dessa vez é Anderson Torres, ministro da Justiça, que se disse contrário à exigência de vacinação para estrangeiros em visita ao Brasil.‘Não precisa; A vacinação não impede a transmissão da doença’. Pois é. Estados Unidos e União Europeia, além dos países mais desenvolvidos da Ásia e Oceania, além do Canadá e até mesmo Argentina e Chile estão errados, e este gênio da raça, certo.

POR QUE, MEU DEUS? POR QUÊ?

Inconformado, me pergunto: por que essa gente maldita é assim? Por que pregam contra o uso de máscaras e de vacinas? Por que desdenham do vírus e incentivam sua circulação? Que mal o mundo e os seres humanos lhe fizeram para que atentem contra nossas vidas? O que ganha o governo, permitindo que milhares de estrangeiros entrem no Brasil sem vacinação completa? Praticamente todos os países do planeta exigem de nós, brasileiros, a imunização, para permitir nossa entrada em seus territórios. O ministro da Saúde ofende os cidadãos. O ministro da Justiça se pretende virologista. Não há nada no lugar! A covid aumenta em países com baixa taxa de imunização, e diversas nações endurecem as regras internas e externas. Mas na Bolsolândia,... mais de 613 mil e contando…

Onde Impera a Mediocridade

 O  onde impera a mediocridade, a hipocrisia e a desfaçatez. Claro que nada disso tem a ver com o povo, que se equilibra para tentar sobreviver e fugir de um destino duro e cruel. O que impressiona e dói é a massificação da tragédia, a banalização, a desumanização dos sentimentos. Os absurdos contra os direitos dos invisíveis são deixados de lado de qualquer espanto. É como se fosse proibido se indignar, mas em mim, essa proibição não chegou!.


Se um supremacista norte-americano atira em uma escola em Washington e mata oito norte-americanos, o mundo para. O Brasil inteiro entra em estado de catarse em solidariedade à tragédia. E é bom que seja assim. Num mundo globalizado, compartilhar a dor diminui a solidão. Se não podemos ser felizes juntos, até porque a felicidade coletiva é quase uma ofensa neste momento, eu espero e aplaudo os que como eu, seguem dignamente tristes.


Mas, a tristeza tem gosto de escárnio. A vida virou, quase naturalmente, um caos. As mortes, contadas, como se não fossem vidas, somavam-se aos absurdos cinematográficos dos detalhes. Para os mortos e seus familiares, a vida foi interrompida. Nunca mais.

Viramos um lugar onde os mortos não tiveramm a tranquilidade para morrer. É a morte dura, repentina, que não dá margem a nenhuma hipótese de luta pela vida. É a chacina. 

Não se recupera a dignidade coletiva de um povo sem a conscientização da necessidade de superar os fossos que marcam a nossa desigualdade social. É imprescindível ter uma opção: dignidade e civilização ou humilhação e barbárie.


Tudo isso a um passo que só depende da nossa consciência e vontade. É preciso o nosso passo, ou ficaremos à margem de tudo. Todo dia, ao acordar de manhã, precisamos dar margem para nossas ansiedades, anseios e esperanças. Se não for assim, acordaremos um dia com as notícias dos extermínios e passaremos a achar que estão falando de outro mundo, que não nos atinge. É como se nós fôssemos o produto perfeito e acabado da bestificação que nos tirou a capacidade de nos indignarmos, de nos posicionarmos, de lutarmos, enfim.

Roubaram da gente a vida antes mesmo de nos tirar a vida. É a pior morte. E se somos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte: que é a morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos 20, de fome um pouco por dia.

Quase um Musical

 



Esperava-se que tudo passasse como num sopro, leve, frio e seguro. Mas foi transcedente, traiçoeiro, voraz. Os olhos vazios, de um rosto bonito. Eu sentado procurando, me procurando e achando toda vez você. Carros e mais carros, engarrafamento total. E um barulho irritante, mas quase musical de um vidro batendo numa janela e o refrão era composto pelas businas, um coral de velhos, uma criança chorando, a pipoca, e mulheres conversando sobre uma amiga da amiga e homens falando de coisas banais. Um só, um lá, nada sofisticado demais. Contemporaneidade. Tudo isso formava o cenário do meu teatro.
O sangue é ralo e sai depressa demais para poder conseguir estancá-lo com um pedaço de pano. A dor causada por nossa vontade de língua e de produzir outra vida era grande, desesperada, às avessas. E apesar de todos os desejos estarem juntos e serem nauseantes, ainda não era nada difícil sorrir e gozar um no outro. Ainda era gostoso cantar músicas bonitas com uma boca num ouvido gelado. Os olhos escutavam com uma atenção encantadora e brilhava tanto quanto chorava.
A mulher conseguiu sentar. O ônibus quase esvaziou de gente. E eu também desci, pés cansados de um dia inteiro que não acabava de levar tédio para as horas. O sangue escorreu quase grosso, quase cessando. E a cabeça confusa e cheia de buracos que tentavam fazer mais buracos e tentava fazer alguma coisa palpitante ser feliz. E o egoísmo nada frágil de não deixar você me deixar. Quase um fracasso.
Não,
era só vontade de você mesmo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

ELES ODEIAM OS POETAS!

 

                                                                              O Brasil, que já foi motivo de glória, de inveja e de admiração, agora é um nome numa parede desbotada e, como diria o poeta, e como dói. Nós, que andamos muito e temos a conversa como maneira de nos situarmos no mundo, acostumamos a falar do nosso país e, principalmente, a ouvir a impressão dos outros sobre o Brasil. Mesmo fugindo das observações óbvias - futebol, Pele e café - o Brasil era admirado.

Um povo que fixou a imagem de ser guerreiro, esperançoso e quase feliz. Tirando os estereótipos do Carnaval e samba, na verdade, essa leveza ajuda a população que precisa lutar contra uma profunda desigualdade social. O Tom Jobim, definiu com ironia: “Morar em Nova Iorque é bom, mas é uma merda; morar no Brasil, no Rio, é uma merda, mas é bom”.

Até o ano de 2012, o Brasil falava de igual para igual com as grandes potências mundiais, ainda que com nossas graves diferenças. Eramos 6ª potência do mundo crescia e afastava o fantasma do desemprego. Os números da Economia e a inclusão de 36 milhões de pessoas no mercado de consumo criavam uma sustentável leveza de ser. E, o principal: pela primeira vez, a ONU retirou o Brasil do mapa da fome.

Os  dados poderiam ser somente números, mas, quando se tira um país do mapa da fome, é a garantia da dignidade a um povo acostumado a ser tocado como uma boiada sendo levada para o abatedouro. De repente, a pergunta, hoje, entre as pessoas que nós nos relacionamos, revela uma angústia profunda, uma tristeza e uma cruel perplexidade: como o país elegeu este canalha, este FeDaPuta? Como explicar a fome voltando de maneira desesperadora, com 20 milhões de famintos? Como conviver com o drama do desemprego, que representa 15% da população? Como conviver sem a esperança que os bárbaros nos roubaram?

Quem aniquila a Cultura, constrange o apoio científico, estupra a Saúde, corrompe o sistema de Justiça, enfim, desestrutura o país como maneira de dominação, é quem aposta contra a civilidade, contra qualquer hipótese de humanismo.  A única saída é acreditar nos poetas que seguem dando luz e nos guiando.

E seguir: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Dormi Bem.

 




Vez ou outra
acordo sem acordar.
Raciocínio que amanhece
pesado.
Cérebro de concreto
e visão de estátua.

Minha vida é
a enxaqueca de sempre.

O peito vai bem:
Um mais um
é um.
[D(eus.)]
Mas o estômago não:
Concatenação anoréxica.

Dormi bem.
Mas sonhei mal.
Não sei
(nunca sei)
explicar minha cabeça.

Se fico deitado
enlouqueço.
Se me levanto
sinto dor.
A cor do dia
mudou muito hoje.

Não sei quanto vale o hoje sem ontem...

Sou humano demais.
Quero sumir
mas quero ficar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Palavras que me aceitam como sou

 


A honra, a dignidade e a solidão, são sentimentos personalíssimos. É muito inquietante e triste ver um medíocre abestalhado humilhar o país por “atributos” que seriam só dele.

A força do Presidente da República em um regime presidencialista é imensa. Num raciocínio simplista, que é o  dominante, esse energúmeno representa o brasileiro médio. Ficamos reféns de uma eleição movida pela mentira, pelo ódio e pela direita com valores fascistas e sem limites.

Aquela sensação de “vergonha alheia”, que sentimos é quase uma percepção coletiva. O Brasil está sentindo uma  vergonha alheia. A humilhação parecia ter chegado ao auge com o ridículo papel do Bolsonaro na ONU. Mas não, tudo pode piorar. E muito! O papel que esse presidente fez no encontro do G20 é de corar qualquer bolsonarista ainda com algum discernimento.

Será possível ver alguma lucidez e isentar de responsabilidade os cúmplices, asseclas e comparsas? Até quando vamos aceitar essa posição dos que acompanham o caos e apoiam a tragédia brasileira? Já não é mais por eles que optaram por serem sócios da barbárie, mas por nós, pelos nossos filhos, netos e  pelo... Brasil.

Se esse cidadão, tosco e primário, nos faz sentir uma “vergonha coletiva” pelo altíssimo grau de ignorância destilada, penso que deveríamos também inventar uma cobrança coletiva por essa humilhação. Cada um no seu canto se posicionando contra o monstro e suas criaturas. Sem ódio. O desprezo já é suficiente.

Cortá-los das mensagens do WhatsApp é a pior reprimenda neste mundo binário. Vamos desconsiderá-los. Eu sei que “eles”, na sua grande maioria, são robôs e esses, embora sejam equiparáveis, não têm sentimento. Mas os que ainda suportam algo de humano hão de ler.

Não estou propondo deixar de fazer o enfrentamento coletivo e político. Ao contrário, é uma estratégia. Não se pode fazer a nossa velha política com os velhacos, com os canalhas e com os sem escrúpulos. A esses, só mesmo a lei para conter os ímpetos corruptos e assassinos. Vamos levá-los a serem responsabilizados por toda a barbárie.

Mas quero registrar, nos mínimos detalhes, a dor de ver o país oficial se embrutecer. Agora, partiu o grande Nelson Freire. Talvez, o silêncio do idiota do Presidente sobre uma perda tão significativa para o país seja melhor. Ouvir o piano de Nelson Freire é e será muito maior do que essa nossa geração medíocre. O silêncio, mestre Nelson, é nossa homenagem amorosa ao som que você nos legou. Certamente eles não ouviram. É assim mesmo, eles não suportam a poesia e sua música era poesia.

Como ensinou o mestre Manoel de Barros:

“A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.”

terça-feira, 2 de novembro de 2021

v o l t a r

 


Precisando voltar 

para as mesmas vias,

precisando cantar

velhas alegrias.


Na necessidade de compor

nas linhas da vida,

versos e frases de amor,

rima jamais perdida.


Volta pro peito a chama

que arde, que fere, inflama,

guardada é dor lacerante,

exposta, é... Diamante.


É verso, palavras, é frase,

é sentimento pulsante, 

é ritmo, é grande e grave...

É tanto e sobretudo, viciante.

O L H A R E S

 


Sobre o olhar desatento,

alento e calmo,

eu invento

o alvo!


Diante do olhar temeroso,

distante,

passivo e vigoroso,

eu sigo errante...


Vigiado pelo olhar suave,

eu corro por cima do mundo,

ora voando na leveza de uma ave,

sozinho, separado ou junto.


Olhares que me seguem os passos,

que me despem,

que cortam laços,

que me dizem!


Olhos cerrados de medo,

cegos pela ignorância,

que guardam segredo,

forjados de elegância.


Todos são olhares,

que como os meus,

vagam por muitos e tantos lugares...

perdidos e encontrados dentro de olhares como os seus!