Sobre
os rellezinhos. li muito preconceito.
A
primeira palavra que apareceu foi “vagabundos”,seguida de “Engraçado apoiar
baderna”.
Ter
livre acesso é uma coisa, causar pânico na
sociedade é outra”. “Shopping é lugar de família, odeio quem atrapalha meu
lazer”.
O
que as pessoas não veem é que o pobre não tem obrigação de sair da pobreza, ele
tem o direito de sair dela.
O
consumo, é dividido: existem, locais
populares, como a Saara. E existem lugares de maioria branca e de maior renda.
Essa
é toda a questão do rolezinho. O jovem suburbano percebeu que está excluído e,
num ato corajoso e inteligente, resolveu incomodar a classe média com o que tem
de mais simples: sua presença. Shoppings fazem todo tipo de promoção para nos
levar para dentro deles, sorteiam carros, fazem shows, decoram. Mas jovens pobres
não são bem-vindos em certos locais.
Descobriram
finalmente o apartheid brasileiro.
“Eu faço a minha parte, ajudo deficientes no
asilo.” Esse é o pensamento da classe média: o deficiente fica no asilo, o
pobre, nos shoppings populares, a classe C, na econômica do avião.
“Trabalhar,
ninguém quer...”, continuam. Qual a diferença entre o jovem de classe média que
não precisa trabalhar e vai ao shopping e eles? Por que presumimos que logo os
pobres são vagabundos, se todos estão no mesmo lugar fazendo a mesma coisa,
nada, só andando de lá pra cá (dando um rolé)? Mas o rolé dos pobres é logo
definido como “baderna,arruaça e confusão”.
Para
as classes média e alta:pobre e negro tem que trabalhar— apenas trabalhar—sem reclamar.
Não queremos ver aqueles que nos servem usufruindo a mesma coisa que nós, isso
“atrapalha nosso lazer”.
O
rolezinho é um dos movimentos mais legítimos e inteligentes que já vi. Usa o
medo, o preconceito e os valores podres e deturpados de uma camada social contra
ela mesma.
Na maioria dos casos,
não existe crime, existe pânico e histeria coletiva.