sábado, 30 de abril de 2022

SEM MOTIVOS PRA FESTAS.



   Dia 1° de maio... É  domingo e Dia do Trabalhador!

   Num passado recente, muita gente vai lembrar que esse dia era até comemorado... Mas agora, isso não existe mais.

   Quem trabalhava tinha motivos, mesmo com as dificuldades

   O aumento do salário-mínimo era anunciado! Mas agora, com esse aumento covarde, ninguém pode fazer festa.

   Aliás, festa pra quê? Pra quem? São 12 milhões de desempre- gados, 4 milhões de desalentados e o salário mais baixo dos últi- mos dez anos.

   Dinheiro pouco, que vale menos!

   O corpo que trabalha um dia inteiro para colocar comida em casa sente o reflexo do sacrifício...Sacrifício esse que não com- pensa quando se chega no caixa do supermercado e tem que es- colher o que vai levar pra casa porque o dinheiro não dá pra tudo...

   Aos que não que nao trabalham, nem o direito de reclamar, infelizmente. Para os desempregados, resta o direito de ficarem em filas esperando por ossos e pelanca...Imagens que na gente  fazem doer o coração...A mim, doeu como as barrigas que doem de fome!

   Quem vai comemorar o quê?! Infelizmente, o 1° de maio é só mais um dia do calendário !

"Mais um dia vai chegar, que vamos aprender, não se vive sem lutar"

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Vagamente me recordo

 


Não entendo essa tristeza

tão crua e sem beleza,

que me aflige dia-a-dia,

sem motivo se recria...


Procuro sem sucesso

encontrar minha alegria,

que sem aviso fez recesso

e a mim não mais contagia!


Vagamente me recordo

dos dias de felicidade,

Se durmo, quando acordo

é ainda a mesma realidade.


Isso não faz mais sentido,

como fugir dessa maldade?

Como dizer que tenho vivido?

Se a vida tem tantos covardes...

domingo, 24 de abril de 2022

FEMINISMO

 



(essa é uma carta do meu masculismos pro nosso feminismo).

Uma carta que eu escrevo sentado no chão, pra você lê com a roupa ainda molhada da chuva.
Eu não quero chorar, as vezes nossas lágrimas não dão conta de expurgar nossa dor, por isso a transformo em palavras.


Sei que está exausta. Exausta por reconhecer que apesar de todos os esforços, TODOS OS DIAS, algum "homem" tenta impor seu domínio sobre o que pensa, sente, diz, sobre como se expressa, ou parece, por isso tentarei escrever como se fosse você.


Todos os dias, algum homem pretende me dizer como devo reagir, me comportar ou ser, e é difícil porque é preciso me desconstruir a cada tentativa de regulação, é preciso me lembrar a cada minuto que ninguém tem poder sobre o meu corpo, minha mente e meu coração, e essas tentativas estão muitas vezes disfarçadas de boas intenções, de interesses em trocas verdadeiras, de momentos compartilhados e afetos construídos. 
Essas relações de poder, na maioria das vezes pretendem reforçar estruturas muito complexas, onde o papel da mulher é agradar, servir, obedecer, a submissão é um papel que não me cabe, não cabe a nós, mulheres do mundo. Não cabe a nenhum ser humano que existe em sua singularidade e que há de ser respeitado como algo único.
Desafiar os poderes é dolorido, porque é entrar com a carne e a alma já cansadas num processo exaustivo, porque é sem fim, e as vezes o coração vacila, até recuperar o fôlego de novo.
Até a gente perceber que o nosso potencial criador está em constante renovação, ressurgimos das nossas cinzas, das cinzas das nossas próprias histórias, das cinzas das nossas ancestrais, que arderam por nós.
Mas, se preciso for, renasceremos de novo e de novo e de novo.

Beijos, 

           do meu  Masculismos pro nosso Feminismo!

sábado, 23 de abril de 2022

(NOS) SALVE JORGE!

 


Ontem eu chorei pelo carnaval de abril.

Choro de quem vê o salgueiro e se sente vermelho de vergonha.

Choro de quem gosta de samba e se sente ruim da cabeça.

Choro de quem não se ilude com a dor que chega forte como a mão que toca o violão, mas que não consegue mais fazer o hino.

Choro de desespero de se sentir ameaçado, mais uma vez.

Outra separação.

Mais um carnaval perdido, na doce ilusão do rio que passou na minha vida.

Um rio de lágrimas.

Um rio que não percebe como estão as suas margens.

Ontem eu chorei pelo carnaval.

Pelas mortes comemoradas na avenida.

Pela hipocrisia da alegria que está voltando.

Pela mãe que perde a filha.

Pelo golpe que nos espera na praça da apoteose, na terça feira gorda.

Ontem eu chorei por todos nós.

Filhos de uma pátria quase amada, que se perdeu nas mãos dos carrascos e dos iludidos.

E se ontem eu não chorasse,

Se ontem eu não me desiludisse.

Hoje eu não seria eu.

Hoje eu não pediria ao Santo proteção.

Hoje Jorge não se ergueria a me dizer

“Vai filho, desafinar”.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

QUEM SABE UM DIA?

 


Você me agride 

Sem razão,

Não me conhece 

De verdade

E procura destilar todo o seu ódio 

Como se isso fosse a cura

Para a sua frustração. 

Só eu sei das minhas lutas,

Dos riscos que eu assumo 

Ao incomodar o poder de ocasião. 

Não é nada fácil se colocar contra o sistema,

Ter coragem nesta vida

De ser oposição. 

Eu rezo por você 

Que me ofende por maldade,

Porque, certamente, não sabe da minha história, não. 

E, assim, eu sigo o meu destino 

Sem querer o seu mal.

O mundo dá muitas voltas.

Quem sabe um dia nos encontramos 

E, frente a frente nos seus olhos, 

Você já tenha mais

Respeito e educação?!

Uma pequena coisa que faz uma grande diferença.

 


Há algum tempo o governo Bolsonaro tenta desestruturar as instituições. O que demonstra ser uma estratégia de enfraquecimento das conquistas democráticas acumuladas ao longo de séculos. É  difícil lidar com quem não tem nenhum limite no trato com os direitos e garantias constitucionais e individuais.

Desde as eleições, quando o grupo que assumiu o governo federal resolveu usar mentiras, ataques pessoais e baixarias, nós deveríamos ter entendido que eles não mediriam esforços para alcançar o que pretendiam. E nem para se manterem no poder. A frase do coronel Jarbas Passarinho, ao assinar o AI-5, “Às favas todos os escrúpulos de consciência”, parece ter virado um lema para o atual governo.

Mesmo para quem está se acostumando com as criaturas bizarras que saem diretamente do esgoto que se transformou o governo do Brasil, está sendo difícil conviver com o modo com que estão tratando a questão da tortura durante o golpe assassino que se instalou no país após 1964.

Um grau de cinismo e desprezo pela dignidade da pessoa que, penso, só aparecem de maneira assumida por acreditarem esses bárbaros que o trabalho de desestruturar as instituições já lhes permite fazer, todo tipo de sandices. Quando o presidente da República exalta o sofrimento e homenageia o torturador, ele dá um sinal para os monstros saírem das trevas e assumirem suas faces verdadeiras.

A revelação dos áudios das sessões do Superior Tribunal Militar (STM) é de uma gravidade... Quem conhece o Projeto Brasil Nunca Mais, coordenado pelo Dom Paulo Evaristo Arns que, em 1985, em um ato de grande coragem e desprendimento, apresentou provas  baseadas em autos da Justiça Militar, de inúmeros casos de tortura.

Esse grupo pesquisou, clandestinamente, no período de 1979 a 1985, centenas de processos judiciais e, correndo o risco da própria vida, produziu importante documentação sobre os anos da ditadura. Os processos eram retirados dos cartórios por advogados, verdadeiros heróis, que cuidavam de tirar cópias escondidas para fotografar a história das barbáries. A história da ditadura. A história do Brasil.

Foram analisadas mais de 850 mil páginas de processos e o trabalho resultou no livro de não ficção mais vendido do país. Não havia como o Estado negar, pois eram documentos produzidos pelo próprio Estado: foram mais de 20 mil brasileiros torturados naquele período.

Quando penso que nada poderia ser mais cruel do que o presidente da República defender a tortura,  o horror é jogado friamente nas minha/nossas caras. Agora, com vozes cavernosas e macabras, através dos registros também obtidos oficialmente dos julgamentos do mesmo Superior Tribunal Militar.

Deu vergonha e nojo de ver o presidente do Tribunal, um general do Exército, ironizar as dramáticas gravações e dizer que elas “não estragaram a Páscoa de ninguém.” E ainda afirmar que eram “notícias tendenciosas” para atingir as Forças Armadas. O que atinge as Forças Armadas é o silêncio sobre as torturas. É a cumplicidade.

Sobre os mesmos fatos, o general vice-presidente da República tripudiou com o sentimento das famílias e de quem tem dignidade e humanidade ao afirmar, gozando: “Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô (risos). Vai trazer os caras do túmulo de volta?”

No mesmo dia, um ex-integrante do Exército, que serviu na Brigada Paraquedista, resolveu contar detalhes dos flagelos a um jovem casal, morto em 8 de dezembro de 1968, após a “menina ter tomado choque na vagina, no ânus, na boca, nos lábios”. Covardes. Bandidos. Eles  envergonham a humanidade.

A banalização da violência, o culto à tortura, o desprezo à vida e ao Estado democrático são um alerta para todos. As próximas eleições podem ser as mais importantes da História do Brasil, até porque podem ser as últimas. Nenhum povo aguenta viver sob a barbárie.

Vamos fazer de nossas dores e dos nossos horrores uma força para tirarmos a venda da tirania e as amarras do nosso imobilismo e enfrentar os vermes que vivem do submundo. Como me ensinaram: “Atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença.”.

sábado, 16 de abril de 2022

AFETO É REVOLUCIONÁRIO

 


Começo a suspeitar que entre a paixão e o feito, encontra-se sob escombros eu.

O que faço agora: Te mando ir embora ou arrumo as malas?

É gostoso de imaginar o amar, mas amar não sei se sei...

(afeto)


Fico entretido com as crendices,

Fico perdido entre as poesias, e as letras,

As receitas de amar que me vem a mente, e não noto suas palavras,

Não entendo suas fases, e seus contextos,

Fico procurando pedrinhas coloridas na sua calçada,

E só vejo areia, marcas do vento e pegadas...


E as vésperas do ponto, é na exclamação que te salvo.

Não posso acreditar que a ponte separa, que o vento atrapalha a minha emoção.

Cortinas que não balaçam. Aromas que não conheço.

Vento que nunca mais bagunçou seus cabelos.

Sou a tortura de uma vida em cinza. 

Em você não vejo armadilhas,

nem saídas.

Tudo ficou na página, e o próximo parágrafo deve iniciar com letras douradas.

(E minha tinta com a qual escrevia, por ti secou)


Entrego as vírgulas, os mapas,

Devolvo suas retas, 

Tomo meus caminhos, tão incertos quanto antes,

mas levo de ti as cores, os presentes, e um pouco do perfume...

Não quero ter seu sangue nas mãos, se não corre em minhas veias!

Espero que me perdoe, 

Ou que me culpe,
Ou que me esqueça, 

Só não espero que se culpe,

e que se fira... 

Não tenho culpa se quanto ao amor sou imune!


Sei que melhor ator do teatro não sou.

Não animo a platéia no fim. 

Sou sutilmente trágico.

Assumo que falei em bosques, no encantado.

Mas foi você que revelou os contornos, 

pintou olhos de preto...e investiu em desejos -  

Desculpa não sou tão ruim assim,

Não posso seguir por um caminho, onde não me interessa o fim.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

V I V E R

 


Hoje eu acordei mais cedo,

a vida me contava um segredo que não podia deixar de ouvir...


Eu abri a janela pro sol que desejava entrar!


Viver é não fechar os olhos e sair sem saber o que nos espera na manhã do dia seguinte.


Mas deve-se querer muito descobrir!


É um segredo saber viver!

Saber esquecer as dores que não podem cicatrizar...

Por essas não vale a pena lamentar!


E saber ignorar o que não pode mudar!

Saber que todas as coisas tem fundamento,

seja o que for, em qualquer que seja o momento...


Mesmo que coloque em frente a nossos olhos uma nuvem de fumaça...

E não possamos caminhar!


Devemos soprar, soprar até dissipar, mas parado? Parado é que não podemos ficar!


A vida me disse que existe motivo pra tudo,

mesmo que eu não possa entender,

é uma lição valiosa que vou  aprender!


Que devo agradecer por estar vivo!


E que se minha vida parece mesmo um ...

Eu posso mudar isso, pois com certeza sou eu parte do problema!


Prova de que tudo é possível,

sempre que for licito,

é que nem nascemos com asas,

mas podemos voar!

terça-feira, 12 de abril de 2022

NÓS NÃO SOMOS ELES!

 




Eles mandam cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. 

Querem todo mundo igual, cantando o hino.

Gostam de frases de efeito e piadas de bicha.

Chutam cachorro, chicoteiam cavalo e matam passarinho.

Desprezam a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que eles.

São rudes na língua e flatulentos por todos os seus orifícios. 

Recorrem à religião para serem hipócritas e à brutalidade para serem respeitados.


Eles detestam a arte, pois não querem ter que entender nada. 

Odeiam o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. 

Seguram de si, acham que a psicologia não tem necessidade e que desculpas não se pede.

Falam o que pensam, principalmente quando não pensam. 

Furam filas, cantam pneus e passam sermões. 


Eles não têm vergonha na cara.

Querem ser autoridade, para poderem dar carteiradas. 

Querem vencer, para ver o outro perder. 

Querem ser convidado, para cuspir no prato.

Querem bajular o poderoso e debochar do necessitado. 

Querem andar armado.

Querem tirar vantagem em tudo. 


Unidos, eles fazem passeatas de apoio e protestos a favor.

Atacam como hienas e se escondem como ratos.

Existe algo mais brega do que um rico roubando ou  pastores de igreja metidos em falcatruas? 

Algo mais chique do que um pobre honesto? 

É sobre isso quero falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.


Rudah, nós não somos eles!


(Qualquer semelhança com figuras bizarras, bolsonarentas não é mera coincidência.)

domingo, 10 de abril de 2022

Seguir "sozinho"

 




Bom é ser esperado em algum lugar.

Viver tem sentido se dividimos a mesa, o dia, os planos, os sonhos, 

Dividir a alegria boba depois de uma ligação no meio da tarde, 

Esperar de braços abertos no desembarque, 

Mostrar a cama ajeitada, após as malas desfeitas, 

A Comida fresca, 

As flores na mesa.

Bom é ser esperado em algum lugar, ...

E também ficar  esperando!


Ótimo é,

"Dizer: Me espera que eu tô chegando"! 

"Ouvir: A que horas você vem"? 

"Falar: Tô passando aí"!

 "Ouvir: Que saudade de você"!


Seguir "sozinho", e possível.

Mas é ótimo ser esperado em algum lugar.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

PARE REPARE! NASÇA RENAÇA!

 

Ao ver  enorme queda da reprovação do presidente no combate à covid-19 durante a crise sanitária, que levou à morte mais de 660 mil brasileiros, havia uma esmagadora certeza: Bolsonaro era o responsável direto pelo desastre que teve no país, com a condução criminosa e cruel no enfrentamento da pandemia. Dados mostram a responsabilidade pessoal do presidente e de seus assessores diretos por, pelo menos, um terço dos óbitos pelo vírus.
A investigação feita pela Comissão Parlamentar de Inquérito, que encheu o país de esperança e depois levou nos levou ao fundo do poço do desapontamento - pela falta de efetividade das decisões do relatório final -, apontou, com provas e evidências, a mão do presidente no desastre vergonhoso na condução das políticas públicas no combate à crise.
Não apenas o culto à morte, o desprezo à vida, a falta absoluta de empatia e o desaforo de encenar uma pessoa com falta de ar – em meio à falta de oxigênio em Manaus -, mas as decisões de não comprar as vacinas, de não apoiar a Ciência, de promover campanhas cruéis de desinformação, enfim, de todas as ações capazes de fazer o indiciamento judicial do mandatário maior do país pelos milhares de óbitos.
Ao ver, nas pesquisas, a queda violenta da reprovação desses assassinos no combate à pandemia, voltei a sentir nas ruas, como andarilhos sem encontrar lugar para um repouso digno, os milhares de insepultos que já mereciam estar em paz. Foi como se nós, os sobreviventes, tivéssemos esquecido da obrigação moral, não dita e nem escrita, de fazer justiça aos que não precisavam ter morrido. Sem contar os milhares de sequelados, os órfãos que não conhecerão os pais e os pais que tiveram que enterrar seus filhos em caixões fechados sem sequer cumprir o ritual de despedida.
Foi como se uma nuvem tóxica e densa voltasse a tirar o ar,  e uma venda viesse obstruir nossos olhos, lançando-nos em um labirinto com precipício no fim da linha. Uma angústia tornou a apertar o meu peito. A vergonha pelo fato de o Brasil não honrar seus mortos se espalhou entre os que ainda teimam em manter uma pouco de esperança na humanidade.
É hora de nos indignarmos. Para o brasileiro, que luta pela sobrevivência em um país faminto e com um desemprego enorme, fazer justiça aos que se foram passa a não ser prioridade. Como o governo só cuida da reeleição, o que mobiliza hoje é a nova roupagem que o Centrão vestiu o presidente. Há uma fé cega de que o silêncio do Bolsonaro será tão ensurdecedor que impedirá que ouçamos o lamento dos milhões que choram seus mortos ou o vento leve que acompanha os corpos que nos rondam sem o direito ao descanso final.
A nossa cegueira vai coroar a estratégia de mostrar que o que vivemos não foi o caos, não foi a vitória da barbárie e não foi o triunfo do obscurantismo. Tudo o que mais nos uniu vai ser desintegrado no ar. E um monte de fake news, de auxílios financeiros, de orçamentos secretos e de acordos espúrios serão suficientes para fazer crer que nossos mortos não merecem mesmo justiça
. Os mortos estão dormindo ou estão conscientes? 
Os vivos, ao que tudo indica, estão em um sono profundo e já não se posicionam. Não podemos deixar que essa seja a era da desesperança, na qual o culto à tortura, covarde e atroz, tenha mais espaços do que os gestos de resistência. Voltemos ao enfrentamento diário dos bárbaros e à reverência dos valores que fazem cada um de nós ser um agente de transformação do mundo.
Como aprendi com  Drumond: Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

- Fenda, Ferida Funda -

 


- Fenda, Ferida Funda -


Armada, armazena tocaias e arapucas.

Foge. Esnobe, manda e desmanda. 

E sangra, e escorre, e grita - estapeia(-se?). Minimiza – máxima - e, tácita, entreolha ácida o que nunca foi. 

Assim, alheia, desmancha, deteriora - em-pó-(p)rece. E chora – implora - se faz falta, evapora. Ela ama! Ah! É toda cama - ama como nunca na vida amou!

Mas já é ontem quando o sol desiste. E ela sabe. E invalida, inválida. E insiste, arrasta o nunca, empurra, afasta. E se arranha inteira - metade arrancada. Não cabe!

Ainda assim, buraco dentro – fenda, ferida funda - nunca cabe o que se ausenta. É um tanto de peito inteiro - é vácuo. É receio, névoa, neve derretida. 

Ela é partida. Sem linha de chegada, desejo: o suspenso etéreo desejo de um primeiro - e último!

           

            beijo.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

É ASSIM

 




Sentir 

          o carinho

Ouvir 

         o chamado

Saber 

         o momento

Ficar 

         calado

Somar 

         alegrias,

Dividir 

         tristezas.

Respeitar 

         o espaço

Silenciar 

         o segredo.

Certeza

         da mão estendida.

Cumplicidade 

         não se explica,

Sentimento

         reciprocidade!

O Brasil de volta

 



O país precisa, mais do que nunca, de ações afirmativas de todos nós. A perplexidade pela mediocridade do momento brasileiro, com a angústia da volta do país ao mapa da fome da ONU, do qual tínhamos saído em 2012. E, claro, o constrangimento de termos, ainda no meio deste caos obscurantista, 30% dos brasileiros apoiando o governo fascista.

A revolta, a sensação de um desânimo no meio do desastre pelo qual passa o Brasil em todas as áreas: cultura, saúde, economia, educação, segurança, tudo enfim. A resistência que nós pretendemos é pra fazer um Brasil feliz de novo, em vencer o atraso, em afago e em afeto, um aconchego no fundo do poço, dar as mãos na beira do precipício e não deixar ninguém sozinho. Para reagir aos bárbaros, é necessário revelar as atrocidades. Não há como enfrentar esses ratos que saem diariamente do esgoto sem se expor ao cheiro putrefato.

O deputado bolsonarista que foi à Ucrânia fazer turismo sexual, pois as ucranianas seriam "fáceis porque são pobres", outro escândalo ocorreu no meio do bolsonarismo raiz. Um vereador desse grupo, com 23 milhões de seguidores e o terceiro mais votado — 60.326 votos no Rio de Janeiro —, foi filmado aparentemente aliciando uma menor em troca de um sanduíche. O mesmo vereador que é acusado de assédio moral e sexual por ex-funcionários. Tudo merece apuração, claro.

Ao mesmo tempo, o ministro da Educação caiu por corrupção depois de o Presidente afirmar que "botava a cara no fogo" pelo infeliz. Mas Bolsonaro não cumpriu a promessa, pois, como a cara dele é de pau, teria virado cinzas. Por isso vamos esquecer a ideia do brasileiro cordial. É necessário encarar de frente, e com vigor, esses hipócritas e canalhas. É preciso nos lembrar do acinte de ter o ex-ministro Milton Ribeiro autorizando a distribuição de bíblias com fotos dele. Não existem limites para esse grupo!

Mas, na verdade, uma sensação que me domina: é chegada a hora de termos o Brasil de volta. Um país que acolha a todos e que nos faça ter a certeza de que vale a pena lutar por um mundo melhor, e  continuar incansável, lutando por um Brasil mais feliz e digno.

domingo, 3 de abril de 2022

Delicia de natureza

 


Antes fosse somente calafrio, desses que passam logo e não deixam marcas nem vazio, mas é  mais que isso, é febre.

Está denunciada no  olhar vadio.

Apura os meus instintos,  sinto o cheiro e o gosto do cio.

Delicia de natureza, do lugar de estar no outro.

Poema com gosto de mel, de aroma norteando o meu desejo, de estar trocando essa temperatura que aumenta gradativamente com os desejos, que junto ao pulso, ruma as contrações ao jorro do gozo de estar fluindo a mesma busca.