terça-feira, 31 de dezembro de 2019

ESTOU DISPENSANDO.





Se você de alguma forma contribuiu, por ação ou omissão, com esses que estão no poder, dispenso a benção de seu Deus excludente,higienista e simpático à tortura!! 
Guarde sua cínica benevolência para os seus. Dispenso os seus votos! 
Desejo que a sua consciência doa ao ver a miséria avançando, e brote em você ,empatia e doação a todos os  que foram lançados ao fosso  do descaso( os LGBT, os Indígenas, os Quilombolas,os PNEs, os usuários do SUS, as mulheres que estão mais vulneráveis ao feminicídio) por conta da chegada de seu Excrementíssimo Bostanauro ao  poder!

domingo, 29 de dezembro de 2019

BEM VINDO VINTEVINTE




Sempre gostei dos fazedores de história. Ninguém faz história sem prestar atenção. Ninguém muda o mundo sem prestar atenção. Não gosto dos  desatentos. Não me entenda como um desprezador de gentes. Não é isso. É que o tempo é tão caprichoso que só nos permite escolher alguns acompanhantes. E foi ele mesmo, o tempo, que foi me ensinando a perceber que esses acompanhantes me ajudam a conhecer a paisagem. E a me levantar quando necessário para nela interferir. E me convidam a passear, sem pressa, pelos tempos que me fizeram ser quem sou, quem somos. E estão comigo, em silêncio, ouvindo o sol se despedir.
E a saber retirar a poesia do cheiro da chuva que beija a terra e que alimenta o que nem vemos.

Me ensiman a conjugar o verbo agradecer. Conhecer a gratidão e viver as lágrimas dos cultivadores da esperança , de quem acredita.
A vida será melhor. Os acúmulos de aprendizagens nos ajudarão a errar menos. E, se errarmos, que não seja um erro que traga dor a quem amamos ou a quem deveríamos amar.
E nos perfumemos com a limpeza necessária de quem só quer fazer o bem.
Preparei uns dizeres novos para o ano novo, trarei no olhar visões e lembranças de quem abracei e beijei de olhos fechados.

Seja bem-vindo, 2020, há muita gente esperando por você.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

GOSTAR DE VIVER .





É um ano que se inicia, e ele não está. Já se foi há algum tempo. Ele não mora comigo, nem em casa nenhuma. Mora onde moram aqueles que esculpiram vidas com a própria vida. Era ele um cuidador de gentes. Se há moradas na casa do Pai, preparadas para quem amou, é lá que ele está. E é aqui, também. Em um turbilhão de recordações. em palavras que estão dentro de mim.

Sou carente, confesso. Abraço lembranças e fico em silêncio, pensando. Olho o passado, com alguma frequência, e cultivo a saudade sem melancolias. O tempo vai se esquecendo de que gostamos de permanecer e, quando vemos, não podemos mais ver. Não com os olhos.  
Vejo em mim em gestos que aprendi com ele. Gostava, quando criança, de brincar com suas mãos. Grandes. Gostava das histórias que ele me contava. Gostava de quando ele ria das palavras que eu inventava. Mas o que eu mais gostava era da forma com que ele tratava as pessoas. Ele era um homem bom. 
Exerceu ele, tantas vezes, o ofício de curar destinos, de espalhar belezas, de ouvir por amor. Quando ele morreu, eu sabia que não era a morte suficientemente forte para terminar um sentimento tão lindo. Quando ele morreu, eu a abracei como quem busca um poder de amaciar a dor. E choramos sem pressa.
Hoje, acordei pensando nele. Mais uma vez. eu o observava observando as pessoas. Havia uma mulher que, invariavelmente, fazia perguntas e narrava histórias . E ele ouvia. Sem exigências práticas. Apenas ouvia. E compreendia que ela estava ali para aliviar a solidão. Um outro foi explicar sobre uma dívida não saldada, e ele, pacientemente, acalmou-o, explicando que esperaria. Quem faz isso? Quem compreende. Demorou a se casar. E, quando se casaram, espalharam romantismos sem economias. Ela ainda hoje, recorda-se dos gestos daquele cavalheiro, daquele viajante que a viu em um a calçada e decidiu que era com ela que haveria de aquecer a vida. Não sei, se há, ou não, essa história de alma gêmea ou de amor único, só sei que, desde o início, eles se amaram. Nas diferenças. E, no encanto da unicidade, fizeram a viagem juntos. Até o dia da despedida.
A casa da minha infância já esteve cheia de tristeza e já viveu pintada de alegria.
É difícil nos acostumarmos às despedidas. Preferimos sempre as chegadas. Por isso há tanta festa quando alguém vem. Um filho vem. Um amor vem. Lembrança dos primeiros beijos em uma pessoa amada. Do aguardado reencontro.
Ela fala da timidez daquele tempo. Do namorar acompanhado. Do sonhar com que o dia cumpra o seu dever e o entardecer traga ele de volta. Desenharam um amanhã, com os olhos, com os sorrisos e com um desejo de permanência. Nos aniversários dele havia muita movimentação. Ela  sempre gostou de festa. Inda mais da festa do seu amor. Era bonito de ver os dois sendo um. E cada um sendo o melhor que podia para que os dois fossem felizes. Ele ria do nervosismo dela. Ela brincava de dar ordens. Ele brincava de obedecer. E assim fui crescendo.
Teve um ano que eu dei a ele uma carta de presente, era sobre a sua história. Escrevi com o teclado dos sentimentos. E ele gostou. E ele chorou. E ele, novamente, leu e se viu. Dor a dor. Frio e flor. Estações que foram se sucedendo e concedendo a ele o dom de viver.
No aniversário deste ano, só posso dar de presente sua presença em mim. Acordei triste, confesso. Mas confesso, também, que conheço a tristeza. E a cultivo como parte de quem sou. Ela me humaniza, me explica que eu preciso de colo. E que, se choro, é porque aprendi que a lágrima é uma delicadeza da alma para acalmar os meus sentimentos. Pai, feliz aniversário. Não sei como é a festa na morada em que você vive. Só sei que você vive. Aí e em mim. E, fica tranquilo, daqui a pouco o choro vai embora, e eu volto ao que você me ensinou.
Viver.
Gostar de viver!

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

E nós, vamos continuar!!!!!





E nós, vamos continuar!!!!!

Percebo nos olhos dos amigos de luta a tristeza e o cansaço. E confesso que muitas vezes em que me olhei no espelho ultimamente não gostei do que vi: nossos sorrisos estão mais tímidos, escondidos e raros.
É triste observar o nepotismo, o popularismo, a cretinice, a canalhice, a mediocridade que imperam no país nadar de braçada à nossa frente.
Sem críticas, questionamentos ou constrangimentos.
Há uma espécie de cegueira coletiva, consequencias de um país que enlouqueceu, embruteceu e emburreceu.
O pior da direita é que eles não ligam para a História. Não aprendem nada.
Se sentir enojado como esse governo que está aí não significa necessariamente ser “Lula” ou “petista”.

Trata-se de uma questão de inteligência mesmo.
Não ser Bolsonaro, esse equívoco histórico horrível, não significa ser Lula.
Então, perceber essa anestesia intelectual, que compactua com coisas como Olavo de Carvalho, terraplanistas, Damares e essa especie de gente  é constrangedora é imoral é doloroso.
Observar a defesa sem críticas à Moro e Dalagnol, mesmo diante das perturbadoras mensagens vazadas é desalentador.

Ouvir de amigos afirmações de que Jean Willys “vendeu” seu mandato ao vereador do Rio David Miranda, repetindo um mantra desonesto e completamente sem noção de fake News criados por Carluxo, através de seu perfil bizarro “pavão misterioso” é muito triste. É ver derretendo uma admiração, um carinho, uma confiança na capacidade intelectual de tais amigos.
Ouvir pessoas próximas defender que as mensagens do Intercept são falsas e que Gleen, um jornalista premiado com um Pulitzer e um Oscar é um bandido  é profundamete chocante.
Perceber a imaturidade política e desonestidade intelectual em quem você admira é muito impactante.
E sei que não sou só eu que estou passando por isso. Todos nós, que percebemos claramente o esforço feroz de destruírem um projeto de soberania e protagonismo nacional estamos nos sentindo muito tristes. E impotentes. A cada dia é uma surpresa nova. Um choque novo. E uma constatação de que eles não estão ligando.
Sempre foi luta de classes. Sempre foi.
Estamos diante de mais uma: a reforma trabalhista da forma que foi feita; a reforma da previdência tal qual está sendo feita; a vilanização da cultura, do pensamento, do ensino público gratuito; trata-se tão somente de luta de classes.

Nós, que acreditamos em um país mais justo e mais humano, estamos perplexos diante das maldades de pessoas que se dizem do bem, conduzidas pela fé e pela palavra de Deus. Nós, que entendemos a palavra de Jesus, estamos perplexos. É o oposto do mantra mais simples e repetido de sua palavra: “amai ao próximo como a si mesmo”.
Essas pessoas de bem odeiam pobres. Odeiam pretos. Odeiam gays. Odeiam as diferenças. E detestaram ver essas diferenças ocupando espaços antes reservados apenas para eles, os nobres e superiores cidadãos da Casa Grande da nossa eterna senzala.
Luta de classes.

Estamos tristes e adoecidos, é verdade.
Mas é agora, mais do que nunca, que precisamos manter a cabeça de pé.
Nenhuma maldade dura para sempre.
É da natureza das coisas a luz vencer a escuridão.

Vamos manter nossa alma, cabeça e espírito fortes.
Vamos resistir. A maldade perderá um dia, pois assim foi na inquisição, no nazismo, nas ditaduras e assim será mais uma vez.
Reúnam-se com seus amigos de fé e riam, gargalhem, se divirtam.

Quando for inevitável estar com os parentes e amigos “gente do bem cristã”, respire fundo e seja superior. Porque somos superiores. Estamos do lado certo da história.
Esteja mais com quem gosta de estar.
Leia mais livros. Assista mais filmes. Mais séries. Passeie mais com quem gosta. Dê mais valor a quem você ama. Se ame mais.
Essa dor vai passar.

Pois toda dor é como nuvem que se forma, se desmancha e vai embora.
E se por acaso queimar a pipoca no microondas, dê risada e jogue tudo fora. Há coisas mais importantes para a gente dar atenção!
Sigamos juntos, no próximo ano, e sempre🌹🌹🌹🌹💓💓💓💓😘😘😘😘😘!"

domingo, 15 de dezembro de 2019

DE REPENTE





DE REPENTE


De repente,
Um raio rasga o céu
Numa noite escura
Fazendo a terra estremecer.
Vulcões voltam a ferver,
E um pânico se espalha
Entre nós.
Trovões assumem
O som das cidades,
E o mundo em chamas
Faz muita gente gritar.
Não há mais lugar seguro,
E a enorme quantidade de muros
É um obstáculo
Para quem tenta escapar.
Matamos a solidariedade,
Estrangulamos a coletividade,
E fizemos da individualidade
Uma crença, uma ambição.
Agora,
Estamos todos sozinhos
Procurando o ninho
Onde se refugiou a razão.

OLHAR ANESTESIADO




A tragédia de Paraisópolis é um horror cheio de erros contra a constituição e contra os Direitos Humanos. Na primeira versão oficial dada pelos policiais falou-se em enfrentamento por parte dos frequentadores do baile, em pisoteamento, em apologia às drogas e sexo. Depois, videos trazendo fatos mostram o ataque deliberado por parte das forças de segurança (ó ironia) contra os jovens, e agora, laudos periciais apontam para sufocamento, enforcamento, ou seja, o assassinato das vítimas. Não houve confronto. Parece que esses policiais estão sendo treinados para crer que vidas negras não importam. E não é por acaso que seu pensamento combina muito com os que gostariam sinceramente eles não existissem mais, que a região fosse dedetizada e parasse de existir assim, esfregando a pobreza nas redondezas. É incômodo. Compromete o IPTU, é desagradável, por isso os muros dividindo os mundos. 
A sordidez do jogo desigual deixa as periferias, as favelas, as comunidades pobres todas reféns das igrejas ou de algum boteco para se divertirem. Nada mais. Não há opções. Dentre essa população moram mil vocações: médicos, engenheiros, artistas plásticos, bailarinos, atores, astronautas, cientistas, filósofos, professores, ensaístas, escritores. Mas, como a regra do jogo é educação zero para o povo, e o não direito ao compartilhamento das riquezas da sociedade como um todo, fica meio proibido sonhar ali. E como não se tem teatro, nem cinema, nem modo de se expressar isso, se o indivíduo for cantor, o melhor dia da vida dele é o dia que ele canta na igreja. E Deus ganha aí todo o território da sua vocação. Se sou ator e moro num lugar onde a melhor performance “teatral” que se vê é a de um pastor, é o que eu vou ser então. Eu por exemplo, se tivesse nascido numa favela e nela tivesse sido criado, certamente o melhor dos meus destinos seria ser uma rapper, uma funkeiro, ou então, poderia me dedicar e chegar a ser uma importante chefe de facção. Quem pode afirmar que não? Quando o Estado deixa desnutrido intelectualmente, culturalmente uma população, ele está exercendo o abandono, o mesmo abandono que muitos pais oferecem aos filhos muitas vezes. Não se importam com o seu destino. E mesmo que esse exército de pobres se transforme numa multidão de servidores domésticos, cuidando com dedicação os filhos dos ricos, construindo suas casas, cozinhando, servindo, lavando suas roupas, levando os meninos ao colégio, sua importância humana segue sendo nenhuma. Há um desprezo por cima, como se fosse um requinte desta crueldade. O baile funk não é crime, e sem ele a coisa vai ficar pior. A alma precisa de cultura. É ali o único encontro que se tem com a arte. Adolescente quer se divertir, dançar, cantar, se libertar, curtir. Faz parte da saúde jovem. Tanto é verdade que jovens ricos fazem festinhas “quentes” em suas casas, com os pais sempre ausentes. Frequentam suas raves onde rola droga farta, sexo nos banheiros, apologia à sacanagens,  sem temer a invasão da polícia. Lá a polícia não vai. E os pais compreendem, para eles não há delito: “são brancos, ricos, adolescentes e jovens. É natural”.
Se as festas ricas  são abarrotadas de tudo que dizem que há no baile funk, por que a polícia não vai nelas? O que se combate nestas agressões policiais não são as drogas. Por que a mesma ação não é feita nas zonas nobres das cidades, será por que haja ali maciça presença de meninos mimados, sem limites na vida e nos cartões de crédito, capazes de qualquer coisa, e confiantes de que seus pais têm contatos no judiciário, na alfândega, nas fronteiras, e pode fazê-los desaparecerem para esfriar as coisas num apartamento em Dubai, se der alguma merda? 
Há muitas boates famosas, abarrotadas de brancos, com bundas brancas tentando ir até o chão. São ricos, transando na cara de todo mundo pra geral ver, à base de muita droga sintética e cara, que baile funk algum nunca ainda conhece. Até substâncias para anestesiar cavalo tem e quem me contou foi um usuário contumaz e extremamente seguro de sua impunidade.
Circulou nas redes o algum comentários: “a culpa é dos pais que deixam os filhos de 14 anos num baile desse, quem mandou tá lá dentro, rebolando a bunda?”, “É isso que acontece, com tanto sexo e drogas rolando, queriam o quê?” Bem, os comentários seguem na linha da criminalização daqueles jovens,. Nenhum deles tem nome, sobrenome, importância. São pobres e pretos por isso devem morrer, “a polícia tem que subir no morro e matar todo mundo, subir lá e mata todo mundo pra gente ficar livre desse inferno”. 
Que tristeza! Qual é o seu olhar? Se você brada sua fé em Deus e em nome Dele, em nome da ordem, já se perguntou o que faria seu Jesus Cristo nessa situação? Para mim, esse anestesiamento,do olhar, essa falta de sentimento, esse não se importar com a sanguinária cruzada do rico contra o pobre, e que se utiliza da força do Estado, da ignorância e do despreparo de vários policiais, também oriundos da pobreza, para que sem pena, ou consciência, se voltem contra os seus.
É bom ficarmos de olho porque quem está anestesiado não sente que está anestesiado. Claro, né? Então, repare se o seu olhar não está desfalcado da sensibilização da realidade. Criminalizar quem sempre perde o jogo empobrece muito a riqueza. 
Putz, o exercício para não ter ódio está me matando.

sábado, 14 de dezembro de 2019

Acorda, Brasil!!!



Que o Leonardo DiCaprio é filho do Lula a gente já sabe, mas parece que o esquema é muito maior do que se imaginava! Tudo indica que ele namorou a Gisele Bündchen só pra se beneficiar da Lei Rouanet. Eles tiveram uma filha, a Greta, que desde pequena foi treinada pela KGB pra derrubar o Bolsonaro. Já naquela época se sabia que ele seria o melhor presidente que esse país já teve, pelos ótimos serviços prestados como deputado. Com o dinheiro da Lei Rouanet, DiCaprio mandou tacar fogo na Amazônia pra aumentar o pasto da empresa da família, a Friboi. A queimada também serviu pra dar ibope pra pirralha da neta do Lula, que até saiu na capa da Time, aquela revista esquerdista financiada pelos índios. Por causa disso o Bolsonaro tá desestabilizado e o Lula tá solto, pronto pra dar um golpe comunista!!

 Acorda, Brasil!!!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O ESTADO É O AGENTE DO CRIME




QUANDO O ESTADO É O AGENTE DO CRIME E OS DIREITOS SOCIAIS SÃO AS VÍTIMAS 

Vivemos sob o manto autocrático de um governo patético, sem raiz intelectual e com um coração cheio de maldades.
A brutalidade e a imbecilidade foram transformadas em princípios políticos dessa  gente tosca e medíocre.
Pior: os Três Poderes estão contaminados por esse pus de ignorância, burrice e cinismo.
A violência e a agressividade viraram bandeiras do atual governo.
O nepotismo foi banalizado e uma política pública de privilégios foi implantada para os militares, evangélicos pentecostais e agentes políticos.
Uma política pública de benefícios vem sendo criada para o mundo empresarial e financeiro, através da imposição de múltiplos sacrifícios para a classe trabalhadora, tanto do setor público quanto do setor privado.
O atual Ministro da Saúde, em seu silêncio sepulcral, articula mansamente a destruição do SUS - a maior conquista social do povo brasileiro na Constituição Federal de 1988.
Milhares de leitos públicos hospitalares desativados no país inteiro, milhares de pacientes portadores das mais diversas patologias desamparados e sem acesso aos medicamentos, morrendo pouco a pouco, enquanto vivem enorme sofrimento, nas filas, nos corredores, nas ruas - todos vítimas cruel, covarde e criminosa. Hospitais públicos com carência progressiva de pessoal, sem qualquer perspectiva de contratação de pessoal via concurso público. Enquanto isso, o povo vivencia o abandono como política pública de Estado. Nossos antigos hospitais públicos federais universitários deixaram de ser instituições sociais e, após a criação da EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - passaram a ser organizações empresarias, impossibilitando o ensino e o aprendizado de qualidade de todos os estudantes das áreas da saúde, pondo fim à carreira pública de Estado de tidos os profissionais da saúde desses hospitais, bem como impondo barreiras burocráticas e inconstitucionais ao livre acesso da população doente a esses hospitais.
Uma empresa estatal com personalidade jurídica de direito privado, hoje presidida por um general com formação técnica na área das ciências exatas, que nada entende de Medicina e saúde, muito menos de hospitais. Unidades Básicas de Saúde e hospitais públicos (federais, estaduais e municipais) sob gestão privada de organizações sociais, OSCIPs e ONGs, contribuindo para a privatização e precariedade de todo o sistema público de saúde brasileiro, além de implantar uma gigantesca rede de aparelhamento político do SUS, onde só quem ganha são os "donos" dessas entidades privadas do chamado terceiro setor e quem perde são os pacientes, os trabalhadores da saúde e os cofres públicos do Estado brasileiro.
Um crime estatal sob o amparo da lei - lei inconstitucional declarada constitucional por aquela gente lá do Tribunal Político chamado Constitucional.
Saúde, Educação, Emprego e Previdência transformados em alvos a serem destruídos. Servidores públicos estatutários transformados em alvos a serem eliminados. Trabalhadores e aposentados transformados em alvos a serem sacrificados. Estudantes e professores de instituições públicas  transformados em alvos a serem criminalizados.
Dinheiro para fundo partidário tem e pode ser aumentado; dinheiro para o SUS e Universidades Públicas não tem e deve ser reduzido. Dinheiro para aumentar o salário dos oficiais militares tem e deve ser aprovado; dinheiro para o salário dos servidores públicos civis não tem, e deve ser diminuído e congelado. Dinheiro para a aposentadoria dos militares tem, e deve ser privilegiado; dinheiro para os trabalhadores e servidores não tem, e deve ser sacrificado.
Governo com relações íntimas com milicianos, tráfico internacional de cocaína, fakenews. Um governo rico em insultos e boçalidades, e pobre em virtudes e verdades. A mentira e a hipocrisia como métodos de dominação e poder. Um governo sem vergonha, sem caráter, sem boas intenções.
Um governo eleito para fazer o mal. Mas, claro, toda maldade em nome de Deus, da família, da propriedade e da pátria.
E com uma multidão estúpida batendo palmas.
A destruição do Estado Social, da democracia,  da razão, e o desprezo aos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana, sendo admiradas por essa "gente do bem".
O caos moral de uma sociedade doente sendo governada por uma mente psicopata inspiradora de uma legião de psicopatas sociais vestindo roupas de Ministros, Governadores, Prefeitos...
E o país seguindo à deriva dos progressos civilizatórios e procurando se agarrar à idade das trevas, à ditaduras, à truculência e a um amor com arma nas mãos.
Não tem como dar certo. Nao tem como ter um povo feliz assim. Simplesmente, não tem...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Aquela música dos Tribalistas



Éramos jovens demais para compreender o que deveríamos ter compreendido. Abandonar as roupas que ontem nos enfeitaram para viver a responsabilidade de dividir. E foi assim que ela se foi, em um vento de medo que a levou. Promessas delicadas, entre beijos, foram esquecidas. Noites de amor permaneciam em mim, na memória que vivi ou que construí. Fantasias adolescentes que demoram a se desmanchar. Faz tanto tempo e eu ainda me lembro.
Fui atrás. Nos abraçamos e choramos juntos. Brinquei nos seus cabelos. Disse elogios. Falei dos encontros necessários. Dos sofrimentos que nós vivemos. Nos lembramos das falas da infância. Aquela música dos Tribalistas, 🎼"eu gosto de você,  e quero ficar com você, ...seu riso tão feliz contigo...🎼"Ela queria aliviar-me as dores. E, hoje, sou eu tentando abrir a porta. E ela me ouviu. Balançando negativamente a cabeça. E eu insisti que ela falasse. O que quisesse. A dor compartilhada tem mais chance de ir embora. Mas ela prosseguia falando para dentro, espantar o medo do amar? É preciso amar, "Qualquer forma de amor vale a pena", cantarolei.
Ela se aproxima do quarto e apenas olha, perguntando, sem dizer, se preciso de ajuda. Dizendo, agradeço. Ela se vai e fico. E vou calando palavras  para que ela compreenda que há vida fora das prisões que criamos. E que a chave não depende nem do corpo nem dos outros. Basta uma atitude, pelo menos para os inícios. Eu sei que vamos conseguir, foi o que eu disse. Eu sei que ainda haveremos de rir muito, juntos. Eu não sei como, eu não sei quando, mas eu sei que não vamos desistir. E, então, ela me abraçou por conta própria. E, depois, acariciou o meu rosto. E, depois, me avisou que iria tomar banho. E se levantou, cantarolando a música que lembrei. Não quero ser precipitado, mas alguma coisa acendeu em mim a esperança de que os dias que virão, depois de hoje, serão melhores.