terça-feira, 27 de outubro de 2020

CARTA AOS NETOS E SOBRINHOS. (consanguíneos e por afinidades)



Rudah e todxs. Aquilo que cala dentro de mim 

Tem muito a dizer para vocês.

A vida é uma estrada sem volta.

Por isso, muito cuidado na caminhada. 

E muita responsabilidade nas suas escolhas. 

O remorso é uma cicatriz que não te larga,

E o arrependimento pode te machucar tanto quanto aquele que você machucou.

Procure fazer do amor o princípio, o meio e o fim. 

A gente nunca sabe quando a vida vai acabar. 

Cultive valores civilizatórios e humanitários, e jamais se deixe levar por facilidades imorais.

Seja leal com os seus amigos e não trilhe a prática de prejudicar alguém. 

Estamos aqui de passagem, então, façam dessa viagem histórias de fazer o bem. 

Não julgue e não condene. Você não sabe as razões do outro,

Nem os motivos.

Estude muito e trabalhe.

Mas não seja um escravo do trabalho. O trabalho - todo trabalho - contribui para a nossa dignidade. Mas ele não é tudo; nem mesmo o mais importante. 

Importante mesmo é amar, fazer tudo por amor, ainda que não esteja de acordo com os padrões determinados por uma sociedade hipócrita. 

Converse sobre tudo com os seus filhos, mesmo os assuntos mais dolorosos. Eles saberão te escutar, te compreender e te perdoar.

Mas seja sempre sincero com eles.

Observe a natureza com a atenção que ela merece. Admire o nascer e o pôr do sol como presentes que recebemos todos os dias. 

Procure ser delicado nas palavras, evitando atritos desnecessários, que só nos deixam mal com nós mesmos. 

Seja resignado, sem perder a indignação, resiliente sem deixar de lutar.

Não se omita frente às injustiças e não seja injusto também. 

Faça da sua voz um grito de revolução. Porque a juventude é revolucionária por obrigação. 

Em algum momento, a doença pode te pegar, não desanime e não fuja dela. Você nasceu para enfrentar e superar problemas, e não para se entregar passivamente a eles.

Fortaleça os sentimentos de empatia e alteridade no seu coração. Mantenha os olhos e os ouvidos abertos para os que têm fome, não têm abrigo, não têm um lugar pra trabalhar. 

Não naturalize as desigualdades e nem banalize a pobreza. Sofra pelos miseráveis tornados invisíveis neste mundo. Queira transformar o mundo, fazendo dele um lugar melhor e justo para todos, sem qualquer espécie de preconceito ou discriminação. 

Não seja apenas um tecnólogo, alguém que se limite apenas a exercer com boa técnica a sua profissão; mas sem leitura do mundo, sem cultura geral e sem conhecimento da realidade social do seu país. 

Leia. Adquira o hábito da leitura. 

Aprenda a se importar com as pessoas, particularmente com aqueles mais vulneráveis. 

Viva todas as estações profundamente, de mãos dadas com a predisposição para o bem.

Se for da área do judiciário, faça do Direito a realização da justiça, e não simplesmente a aplicação das leis. Nem todas as leis são justas.

Se for profissional da saúde, saiba que, ao abraçar a sua profissão, escolheu se dedicar a cuidar do outro, abrindo mão, muitas vezes, dos seus interesses pessoais. 

Se for economista, compreenda que se trata de uma ciência social, e não de matemática pura ou pura estatística. Há sempre um ser humano, uma família por trás de todos os números. 

Se for da área da arquitetura ou engenharia, não aceite fazer projetos de construção de casas populares cujo tamanho seja uma indignidade. 

Se for da área da sociologia, cuidado com a relativização de tudo.

Se for da filosofia, acredite, a verdade existe.

Se for da área de tecnologia, reconheça que a informação é um bem público que precisa ser universalizado. 

Se for um político, saiba que o seu dever é trabalhar para o bem-estar da população, e não ser um capacho dos donos do capital. 

Se for da segurança pública, não se esqueça que vidas humanas muitas vezes estão nas suas mãos. 

Seja o profissional que você for, jamais deixe de afirmar o seu compromisso com a responsabilidade social.

Toda profissão tem o seu valor - e um valor igual em dignidade e respeito.

Os anos passam rápido demais. Quando você vê, já é noite e resta muito pouco pra viver.

Por isso, aproveite bem os seus anos de juventude, e jamais deixe de agradecer a sua saúde - este, o nosso bem mais precioso. 

Seja atencioso e carinhoso com todos, não só com sua família.. Seja educado com os seus vizinhos e colegas de trabalho, e com todos aqueles que cruzarem a sua vida. 

Procure fazer atividade física e não abuse da alimentação e da bebida. 

Valorize as suas horas de sono. Ouça músicas, assista  filmes. 

Não fuja das suas responsabilidades. 

Seja amor na vida de alguém. 

Em algum momento, você irá embora  e espero que seja após minha partida. Pode ser ainda jovem ou na velhice. Por isso, a importância de estarmos bem com a nossa consciência, então, não deixe o pedido de perdão para depois, e nem deixe de perdoar na hora certa. 

Somos passageiros com destino incerto nesta vida. 

Então, tenha sempre no bolso do seu coração um bilhete de amor que justifique essa sua viagem. 

Aprenda a olhar e ver em silêncio. 

Aprenda a amar, defenda a paz e os direitos humanos. 

Defenda o SUS e lute por ele.

Assim, quando a sua hora chegar, você estará em paz consigo mesmo e terá deixado um belo legado pra todos todos...

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

PRA PROVAR QUE AINDA SOU TUA.

 


Olhou nos meus olhos, e o seu olhar era de adeus. Mais uma vez ele me deixa sem chão.

Mais uma vez enfrento a frase que, não poucas vezes, registrei: "Você desmoralizou".

"Você" sou eu. Um capacho das emoções precárias, uma rastejadora de afetos, um imploradora de atenções.

Quando termina e, nunca, sou eu quem termina, visto a roupa de valente e comunico aos que me conhecem que o fim é, enfim, definitivo. E, então, o bloqueio de mim. E respiro os alívios.

E, então, começo a buscar justificativas, que ouso chamar de racionais, para tentar novamente. Não com essa rapidez. Faço a auto promessa de que seremos apenas amigos e que é injustificável, depois de ditos de amor, ficarmos distantes. Desenvolvo teses internas de que há vários tipos de amor. E, então, me ponho a insistir com quem já deu avisos de que prefere não estar.

Ele se veste de soberba e diz 'não'. Eu prossigo em minha insana subserviência. Aceito qualquer exigência, imploro o perdão por uma falta que inventei, choro sem cerimônias. E, então, cacos de vida vão aborrecendo o chão de onde deveria brotar futuros. Há vida sem ele. Já expliquei a mim mesma, e já não compreendi. Uso silêncios quando estamos juntos. E, quando nos separamos, falo aos outros o que não falo a mim mesma.

Nas fases da valentia, logo após alguma separação, dele digo sem pestanejar. O quanto não me completa, o quanto é arrogante, o quanto é insensível. Falo de suas variações de humor, falo de seu pouco apreço ao amor. E concordam comigo os que me ouvem. Imploro, então, que me apresentem alguém. Tudo, menos a cama vazia. Tudo, menos o voltar para casa e encontrar o som de mim mesma.

Sei, por estudos, que sou caminhante errática em matéria de amor. Leio nos livros e nas conversas, quando estou atenta, que o que faço comigo é um desperdiçar de emoções maduras. Já disse a mim mesma que só quero quem não me quer. Que não valorizo, por alguma razão que desconheço, quem se faz a mim conhecer.

Rezo por uma história que suavize os meus dias. Talvez me falte ouvidos para ouvir o que peço nas rezas. Não sei. Só sei que ele está de volta. E, então, eu digo para mim mesma que a vida é curta. E que as variações de temperamento dão a temperatura correta de uma relação. Se não, seria o tédio. É o que eu digo para desdizer o que disse antes.

O que seríamos sem as contradições?

Ele está lindo, como lindo sempre esteve dentro de mim. Diz que aceita. Faz suas exigências. Eu aceito. Entro na solidão da casa em que agora ele está e sinto falta de mim mesma. O que posso fazer se não consigo?

Talvez o tempo, amigo displicente - pelo menos é o que penso, se não, teria ele cicatrizado as feridas que tanto me ferem -, um dia resolva vir em meu auxílio. E aí nos auxiliaremos juntos e respiraremos uma manhã sem medo, uma manhã vazia de machucaduras, uma manhã primaveril.

Enquanto isso não chega, compreenda e entenda, por favor, os meus invernos.

domingo, 25 de outubro de 2020

BAR BOLSONARISTAS!

 




Recém inaugurado o Bar bolsonaristas. Bar que não respeita distanciamento social. As mesas são todas juntinhas. Tá liberado o abraço, o aperto de mão, o beijo. Nada de álcool gel, isso é coisa prá farmácia faturar.

Em dias de jogos do Brasil, a aglomeração aumenta. Todos bem juntinhos e misturados, gritando Brasil acima de tudo. Goleada na certa! A cada gol os casais se beijam longamente. Todos se abraçam fortemente, alguns até tossindo.... Mas, isso é detalhe! Os copos de bebidas, cerveja principalmente, são divididos. Não faça desfeita! Beba, não importa em qual copo. Importante é agradar, é não decepcionar a família bolsonarista!

Bolsonarista que ama a pátria e que ama o mito Messias não pode ficar de fora. As conversas são muito inteligentes (?). A terra é plana. O homem não foi a lua. Piadas sobre empregadas domésticas, sobre índio e negros( Kkkkkk). E de pobre de direita, aqueles mais alienados. Como é bom esse povo. A farsa do fogo no Pantanal, na Amazônia.... Muitas risadas sobre as fake news que elegeram nosso Capitão. Rachadindinhas da família!  Queiroz,  a Micheque, digo, Michelle. Nossa Primeira Dama.

Lembra-se daquela facada? O Brasil inteiro acreditou. Vale tudo: só não vale criticar o nosso mito. Que o diga Carol Solberg, jogadora de vôlei. Claro, não poderia faltar nosso assunto predileto: corrupção! Como todos sabem, a família de nosso Capitão não é corrupta. Ele já falou, inclusive, que acabou com a corrupção no governo dele. Se ele disse, temos que acreditar. Não é mesmo? Afinal de contas, somos cegos por ele. Não podemos esquecer dos pilantras (fale baixo) Edir Macedo; Crivella; Silas Malafaia; pastor Everaldo; R.R. Soares; Marco Feliciano; Estevam Soares; Flordelis. Tadinha dela.... só porque matou o marido.... Essa esquerda !!!!! Só mi mi mi. Não dá né?

Não falta é assunto prá conversar e rir muito dos idiotas e dos imbecis úteis/inúteis!!!!

Bora encontrar os amigos e amigas ?

O Messias recomenda! Quem sabe você não encontra Ele por lá!!!!

Ah!, esqueci de falar: caso você pegue a COVID, não tome vacina. Isso é coisa de viado! Tome cloroquina, ivermectina, hidroxicloroquina ou receitas caseiras. E ficará curado, talquey!!!!!!

Bozo garante! Somos ou não uma grande família!!

Brasil acima de tudo!

Deus acima de todos!

Amém, Aleluia!!!!

(Acho que ouvi um óhóhóhóGlóóóória)

Hora de agir ou admirar a boiada passando?




Está inaugurada a guerra contra as vacinas feita pelo próprio governo e esse fenômeno bestial vai exigir da gente algum tipo de solução mais radical. 

Pra começar, devolver os milicos pros quartéis e pastores pros templos será um objetivo a curto prazo. Não será fácil pois eles estão nadando de braçada em diversos tipos de mamatas. Umas ideológicas e outras tantas a encher suas contas bancárias e cuecas. Essa gente está provocando o caos na nossa saúde pública de forma deliberada. Sendo claro, estão cometendo crimes contra a saúde pública, um atrás do outro. As consequências desse desastre irão durar muitos anos. A expansão da covid é o que está mais visível, mas a prevenção de todas as doenças imunopreveníveis está comprometida de forma irremediável. Como sempre,  somente as famílias e amigos das vítimas sentirão as dores porque a maioria das pessoas jamais saberá o tamanho do estrago. Também vão sentir o impacto desse desatino animalesco os serviços de saúde e seus profissionais. As vítimas serão apenas números num imenso espaço territorial, como alfinetes fixados num mapa sem vida. Anjinhos já estão sendo recrutados pelo mesmo Deus que dizem ter nos trazido o Messias fardado e desalmado pra nos governar. Os idosos, em sua maioria considerados fardos e despesas pra previdência, já estão sendo descartados. 

A calamidade está sendo plantada na vastidão do solo gentil de uma pátria armada e, como sabemos, a colheita se anuncia farta de desgraças. 

Se houver uma revolta advinda dessas condições, haverá como arar essa terra onde em tudo se plantando dá?

Restarão sementes de justiça e sabedoria?

Haverá uma nova safra de esperança e luta?

Eles provaram que reencarnação existe.

Eles são a reencarnação dos soldados das cruzadas, dos juízes da inquisição.

Quando eles falam contra as vacinas, me sinto como se um espírito do século passado tivesse em mim reencarnado: e Oswaldo Cruz lutando pra vacinar a população.


Que se toquem os sinos da razão e da coragem pra que possamos mudar o destino de nossa gente, pois que o silêncio é cúmplice dessa imundice e covardia que estamos presenciando.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

CUIDEM-SE BEM.

 


Eu fui questionado algumas vezes de 2017 pra cá, como eu pude me afastá  de pessoas que eu amava, por política.

Bem eu não deixei de amar, existe um amor pela história desse convívio com essas pessoas, mas eu não briguei, só estou sendo verdadeiro comigo, acho que tribos diferentes que não se combinam, cada um com seu cada qual.

Eu sou Fernanda Montenegro, vocês são  Regina Duarte.

Vocês são Eduardo Costa, eu Caetano Veloso.

Vocês são Gustavo Lima, eu sou Chico Buarque.

Vocês são Malafaia, bispo Macedo, eu sou Bob Marley.

Pra vocês, eu sou completamente diferente!

Eu sou floresta, vocês são pasto, 

Vocês são alta da bolsa, eu sou bolsa família, 

Vocês são Leonardo, eu sou Zeca Pagodinho, 

Vocês são Robinho,  eu sou Carol Solberg. 

Então meus queridos a gente cresceu, a gente se conheceu, a gente curtiu, mas não da mais não né, fica o carinho pela história, o passado é importante pra construir o futuro, pra evitar erros, então  enquanto pra que vocês Jesus bom é Jesus morto (ele foi crucificado por ser bandido) eu sou a favor da ressurreição.

Fiquem bem, espero que entendem o posicionamento!

UM PAÍS DE PESADELOS

 

Vivemos num país 

Exportador de alimentos

E com mais de dez milhões de brasileiros passando fome.

Um país com uma quantidade enorme de desempregados e que resolveu implantar políticas públicas de extinção da proteção social.

Um país com uma natureza tão bela, que optou por destruir suas florestas e matar a diversidade da sua fauna. 

Um país continental que não garante moradia para todos os seus cidadãos. 

Um país privilegiado por rios, cachoeiras e mares, e que mantém milhões de pessoas sem acesso à água potável e saneamento básico. 

Um país com uma infinidade de pessoas doentes, e que se esforça para desmontar o SUS.

Um país com milhares de doentes precisando de um leito hospitalar, e que não constrói nenhum novo hospital público. 

Um país que criminaliza negros e pobres, e que absolve brancos e ricos.

Um país com tanta evasão escolar e com tantos analfabetos funcionais, e que trabalha para desqualificar as nossas Universidades Públicas e os nossos professores. 

Um país com uma enorme precariedade dos serviços públicos, e que pretende desconstruir toda a Administração Pública.

Um país que está entre as dez maiores economias do mundo e que, ao mesmo tempo, está também entre os dez países mais desiguais desse mesmo mundo.

Um país com um acentuado grau de violência e que, apesar disso, quer armar toda a população. 

Um país com tantos cientistas respeitáveis, e que insiste em negar a ciência. 

Um país com uma cultura tão diversificada, e que despreza e ofende os nossos artistas mais brilhantes.

Um país com tantos patrimônios históricos, e que não se esforça em preservá-los.

Um país com tanta gente vivendo em estado de miserabilidade, e que se recusa a cuidar dela.

Um país com tantos bons premiados escritores, e que despreza todos eles.

Um país com tanta gente preparada e culta, e que prefere governar com o que há de pior na nossa sociedade. 

Um país vocacionado para a festa, e que resolveu transformar isso numa vocação para o ódio. 

Um país que tem tudo para se afirmar como nação soberana, e que escolheu a subserviência à nação estrangeira. 

Um país com uma bandeira tão bonita, e que bate continência para estranha bandeira. 

Um país com o maravilhoso dom de sonhar, e que passou a ser jogado no fundo de um interminável pesadelo...


Encontrei o meu lugar.

 


                                                                       

O dia estava atrasado, sei disso. Ou eu estava. Foi assim que ela começou.

Demorei a me desvencilhar dos medos e a decidir colorir o mundo do meu jeito.

Permiti desde sempre me reduzir. Eu era a sem adjetivos. Nos seus dizeres, foi um erro o nosso casamento. Da cozinha, enquanto limpava o antes e o depois. Falava de minha ausência de atitudes. 

Por que eu permiti? Quem sabe?! Fui esperando. Não o queria morto. Queria que morresse nele as inseguranças.

E confesso, também, que pouco entusiasmo tinha eu para o amor. Preferia limpar a casa. Dormia antes para não alimentar qualquer possibilidade. 

Pobre homem que sabe nada do aquecimento de uma mulher. Não é no automático das modernidades, é no vagar dos estímulos que antecedem ao estar. 

Nos desaforos, eu me alforriava e fazia nada.

Resolvi estudar. Sem marido, morreu ele e morreu em mim a letargia. Fui cuidadosa, com medos aos montes. De não aprender, de não ser compreendida, de não dar certo. As aulas foram preenchendo lacunas deixadas há tanto. E fui escrevendo como nunca. E saboreando a novidade como quem sai de uma toca pela primeira vez e respira vida.

Decidida, enfrentei a falta de hábito e li o que não havia lido a vida inteira. E escrevi como recurso de conhecimento. E me refiz com frequências regulares para não voltar para trás. Não era mais possível. O barco já me conduzia para um outro lugar. Encontrei meu lugar.

O primeiro dia como professora, em uma sala de crianças inquietas, me fez ensinar o que decorei. Com alguma ansiedade, dei tudo o que sabia em alguns minutos. E me tombei diante do relógio que não me ajudava. Sofri o depois. E voltei mais forte para os novos encontros. Fui me compreendendo frágil e valente, como tem que ser. E olhando ao longe sem perder de vista cada vida que confiava em mim. Lia neles o que eles precisavam e, então, me abastecia dos livros e das teorias e do repertório todo que faria a diferença.

Aprendi a cantar para cantar junto, aprendi o mundo tecnológico para abrir outras janelas, aprendi o significado da palavra essencial. O que era preciso que eles aprendessem? O que era essencial para que construíssem um sólido início que resistisse às violências, que não se permitisse quebraduras, quando das adversidades, que abrissem portas e mais portas para a luz.

Conheci Amauri na escola em que trabalho. Professamos juntos a crença no que fazemos e o prazer de estar com eles.

Amauri é romântico. Gosta de me surpreender com delicadezas. Deitamos sem pressa nas noites que nos assistem entrelaçados. Gosto de ser uma com ele.

Limpamos juntos a casa e gostamos do plantio. Mas o melhor é namorar. É sentir as transformações do corpo quando uma ou outra respiração se acelera e se acalma simultaneamente. Não sei descrever. Sei amar. E sei dar de mim.

O amanhecer é bom. Gostamos da primeira refeição e saímos para a escola.

E por que conto tudo isso? Porque dia 15 foi dia dos professores. E, quando entrei na sala, ouvi canções que mais uma vez me convenceram de que eu estava no lugar certo.

Se tudo é perfeito? Não. Mas não é sobre isso que quero falar hoje. Quero falar que espero viver muito ainda. Que quero prosseguir compreendendo avanços e dores, medos e encantamentos.

Amauri me deu um vestido de presente, no dia dos professores, com um cartão que tem romantismos e um toque de safadeza. Não. Não mostro. Somos marido e mulher e gostamos do amar.


domingo, 18 de outubro de 2020

TUDO TÃO INTERESSANTE

 



Interessante o senador esconder dinheiro vivo na cueca que guarda coisa morta. Interessante esse mesmo senador ter trabalhando no seu gabinete, em cargo comisdionado - portanto, não concursado - um sobrinho do Presidente - aquele que disse manter uma quase união estável com esse senador.

Interessante o flagrante desse dinheiro "sujo".

Tão sujo quanto as palavras que costumam sair da boca do Presidente. 

Interessante as voltas que o mundo dá. 


É tudo tão interessante...

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

AS RESPOSTAS QUE TODOS NÓS CONHECEMOS



O que aconteceria com um servidor público que,

Durante uma reunião de serviço, se dirigisse aos seus subordinados com xingamentos, palavrões, ameaças e todo tipo de impropérios?

O que aconteceria com um servidor público que, ao vivo, durante uma entrevista jornalística, se dirigisse ao repórter com ofensas, xingamentos, palavrões e todo tipo de impropérios?

O que aconteceria com um servidor público que, de modo contínuo e sistemático, mentisse para o publico atendido por ele?

O que aconteceria com um servidor público que agisse sem o devido cuidado na preservação da coisa pública?

O que aconteceria com um servidor público que, no exercício da função, estimulasse o público atendido por ele a desrespeitar as orientações técnicas e científicas determinadas pela autoridade máxima do seu órgão ou setor?

Todo cargo público exige um decoro para o exercício da função. 

Trara-se de uma questão ética, moral e educacional referente à civilidade necessária ao exercício da função pública. 

O servidor público é um servidor do Estado, e não um servidor do governo. 

E servir ao Estado tem uma carga simbólica extremamente importante, porque é através dos atos do servidor público que a face do Estado se revela para o país e para o mundo. 

O que aconteceria com um servidor público que fosse negligente e imprudente no cumprimento das suas responsabilidades?

O que aconteceria com um servidor público que não agisse em defesa da coisa pública?

O que aconteceria com um servidor público que, no exercício da função de chefia, criasse privilégios para alguns e prejuízos para outros subordinados seus, sob o manto da mesma Carta Constitucional de igualdade e não discriminação?

O que deveria acontecer se tudo isso, e muito mais, fosse praticado por alguém no exercício da Presidência da República?


domingo, 11 de outubro de 2020

Olga Completou o Poema.

 




Era um início de fevereiro e fazia calor. Queria ser ponte entre o humano e o Sagrado. Era menino ainda, e ela entrou. Era linda, iria me ensinar Introdução à Filosofia. Me olhou e iniciou a viagem pelos filósofos da liberdade. Nunca me esqueci desse início. Eu copiava com medo de que a palavra se perdesse, de que o esquecimento roubasse um saber tão novo e iluminador. O ano foi me apaixonando e eu, ainda hoje, abraço os filósofos que ela me apresentou.

Era talvez setembro, e eu estava triste. Tudo era construção e desconstrução. Possibilidade e medo. Segurança ou voo. E foi ela, a que antes havia me apaixonado no saber, que cuidava de mim, na psicologia dos sentimentos. Foram tardes de cultivos. Enquanto descansava em uma poltrona quase divã, via a exuberância dos ipês amarelos que explicavam que a vida prosseguia. 

Era novembro e fazia calor. E havia um frio em mim. Estava sentado em uma escada. Olhava para janelas de um dia que terminava e sofria o medo de não dar certo. Um professor havia rabiscado meus sonhos. E eu tinha medo de não conseguir prosseguir. E, então, ela passou andando com seus livros e sua paz. E nos vimos. E eu me despedacei em palavras desconectadas. Ela estendeu a mão e todo o resto para que caminhássemos juntos. E, assim, eu prossegui.


Não poucas vezes, sentávamo-nos para viver o dia. E a palavra ganhava significado. Foi me orientando, enquanto eu crescia, ela acrescentava sabedorias na minha inquietude.

Era ela uma mulher de muito conhecimento. E, também, do silêncio dos que se alimentam de sonhos. Quando a via olhando para o alto e para dentro, eu compreendia. A sabedoria transcende o humano. A ponte com os une é mais sólida, as bases nasceram de uma crença de humanidade, no essencial.

Ela ouvia minhas certezas e se certificava de que era insegurança. Uma ou outra pergunta já me desconcertava. Então, fui sendo simples. Lia os meus textos e comentava com delicadeza e sinceridade. E me ajudava a celebrar a autenticidade. Foi ela uma parte minha vida, e hoje ainda é, de uma forma que ultrapassa tudo o que se pensa saber. 

Íamos juntos ao teatro celebrar a arte, víamos os filmes e suas narrativas de encantamentos, alimentávamo-nos em jantares que rasgavam as noites e traziam o sabor do saber.

E, então, ela completou o poema.

Viveu para a educação e para a serenização das almas. Viveu para falar de Tereza D'Avila e Clarice Lispector, de Agostinho de Hipona e de Goethe, e do Grande Sertão, como ensina Adelia. Eu falava que ela fazia parte de uma congregação. Viveu para a sua congregação, as filhas de Maria Auxiliadora, as mulheres missionárias de amor profundo pela razão e pelos afetos, como se fosse uma especie de Paulo Freire, de Marilena Chaui.

Viver é uma despedida. Todos os dias, dos dias nos despedimos. Todas as horas, das horas nos despedimos. E um dia, então, chega. Um dia em que nem o dia nem a hora escapam de nós. Entregamo-nos inteiros ao Amor que é maior do que o tempo e do que o espaço.

No espaço da minha vida, ela estará sempre, como gratidão, como entendimento de que bebi dos seus poemas para poetizar também. E, um dia, nos reencontraremos. Não sei se por lá os Ipês amarelos florescem apenas na primavera ou se será eternamente primavera. Ou se nem de primavera precisaremos.

Não sei se haverá abraços nem prosas, ou versos. O que sei é o que o mistério é quando escrevo com simplicidade. Mesmo assim, parcialmente. Não nos foi dado conhecer o que viria com participação dispensável minha, de seu ventre. 
 Olga já sorri o sorriso que nunca termina...

terça-feira, 6 de outubro de 2020

NINGUÉM DISCORDA, NÃO

 


 


Você diz ser um democrata,

Mas não suporta oposição. 

Você diz ser tolerante,

Mas se irrita com a razão. 

Você diz ser republicano, 

Mas só pensa em reeleição. 

Você diz ser muito honesto,

Mas seu patrimônio 

Não tem explicação. 

Você diz não ser racista,

Mas de negro não gosta, não. 

Você diz ser muito macho,

Mas com mulher não anda, não. 

Você diz que matar 

É sua especialidade,

E por isso quer arma na mão.

Mas, na verdade, você é um fraco, covarde, 

Que sem arma não encara, não. 

Você diz que é patriota,

Mas quer vender essa nação. 

Você diz que é de Deus,

Mas Deus não sabe disso, não. 

Você diz ser muito esperto,

Mas inteligente não é, não. 

Você diz que é de família, 

Mas com a família não está, não. 

Você diz ser cabra da peste - a peste é certo; mas cabra, não. 

Você diz gostar do Trump, 

Mas o Trump não quer isso  não. 

Você diz beijar outras bandeiras,

Mas a nossa, beija não. 

Você diz sentar à sombra de uma laranjeira,

Mas esse suco não queremos, não. 

Você diz amar miliciano,

E depois grita: conheço não. 

Você diz ser homem de coragem,

Mas todos dizem "não é, não".

Você diz ser um grande atleta, 

Mas jamais ganhou competição. 

Você diz ter a cura da Covid,

Mas cloroquina não cura, não. 

Você é um imbecil completo,

E disso aí ninguém discorda, não...

domingo, 4 de outubro de 2020

O Brasil e suas fezes

 




Toffoli depende de Aras pra não ser investigado em delação de Marcelo Odebrecht. O Aras deve um imenso favor a Bolsonaro por sua indicação a PGR. 

A pizza está preparada pra ir ao forno e a fogueira está acesa. 


Vivemos numa merda de país ou num país de merdas?


Talvez a assessoria de um general que Toffoli tem faz tempo tenha relacao com essa delação.

A reeleição de Alcolumbre e Maia seguem pelas mesmas manilhas.

Portanto há um fluxo de descarga de fezes cor veŕde oliva que vem dos passa quartéis, passa pela PGR, STF, presidência e Congresso Nacional.

Haja saneamento pra resolver essa situação lastimável, escrota e fétida.

Homenagem ao gado

 




Engenheiros com diploma!

Muito prazer, meu nome é otário.

Médicos com CRM

Vindo de outros tempos, mas sempre no horário

Peixe fora d'água, borboletas no aquário

Muito prazer, meu nome é otário

Na ponta dos cascos e fora do páreo,

Muito Prazer, meu nome é otário!


Puro sangue, puxando carroça,

Um prazer cada vez mais raro,

Aerodinâmica num tanque de guerra,

Vaidades que a terra um dia há de comer,

Ás de Espadas fora do baralho

Grandes negócios, pequeno empresário

Muito prazer, meu nome é otário!


Por amor às causas perdidas

Tudo bem, até pode ser

Os dragões não são moinhos de vento

Seja o que for

Seja por amor às causas perdidas

Por causas perdidas   

Por amor !

O TEMPO PASSANDO.

 


Ela ia atravessar a rua.

O sinal determinou a espera. E foi, nesse intervalo, que nos olhamos.

Eu estava sentado, bebendo a saudade.

O dia não me prometia nada além do que os dias que se passaram me deram nos 85 anos.                        

E, então, se deu um outro encontro.

Enquanto Eva esperava o sinal abrir, abriu em mim uma emoção diferente. Eu disse alguma coisa um comentário sobre a beleza do dia. E ela sorriu. 

Eu a convidei para que sentasse comigo e se refrescasse ouvindo a minha história. Ela não disse ‘não’. E, depois de algum encontro de pensamentos, eu fui ao que considerei o certo, convidei Eva para

vivermos juntos.

Era ela, também, só, há mais tempo do que eu. Também com os filhos entregues aos mundo. 

O sinal aberto nos viu atravessando o medo da surpresa de mãos dadas. De repente, Rudah apareceu em mim. Não para censurar. Emprestou me o sorriso dos que prosseguem amando. E cuidando. 

Com ela, o amanhecer nos prometia um dia longo.

O entardecer, ao lado de Eva, é diferente. Mas é também amor.

Não que eu seja apressado.

É que o tempo, quase sempre amigo, me ensinou que não se desperdiça um olhar único na multidão de olhos que nada dizem.