sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

COMO SONHAMOS

 


Quando a tempestade passar,

as estradas se amansarem,

E formos sobreviventes

de um naufrágio coletivo,

Com o coração choroso

e o destino abençoado

Nós nos sentiremos bem-aventurados

Só por estarmos vivos.


E nós daremos um abraço ao primeiro desconhecido

E elogiaremos a sorte de manter um amigo.


E aí nós vamos lembrar tudo aquilo que perdemos e de uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.


Não teremos mais inveja pois todos sofreram.

Não teremos mais o coração endurecido 

Seremos todos mais compassivos.


Valerá mais o que é de todos do  que o que eu nunca consegui.

Seremos mais generosos

E muito mais comprometidos


Nós entenderemos como frágeis somos, e o que 

significa estarmos vivos!

Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.


Sentiremos falta do velho que pedia esmola, que nós nunca  soubemos o nome e sempre esteve ao nosso lado.

Mas você nunca perguntou o nome dele 

Porque  estava com pressa...


E tudo será milagre! 

E tudo será um legado

E a vida que ganhamos será respeitada!


Quando a tempestade passar

Eu te peço com tristeza.

Que nos tornemos melhores.

como "nós" sonhamos.

sábado, 22 de janeiro de 2022

QUE MINISTRO É ESSE?

 





Que Ministro é esse que que procura desqualificar a vacina e estimula o uso de medicamentos sem qualquer eficácia contra o novo coronavírus, colocando em risco de vida toda a população? 

Que Ministro é esse que continua no cargo, mesmo sendo contra a vida e a favor da morte do povo de uma nação?

Que Ministro é esse blindado pelo Conselho, atuando contra a ciência, por equivocada convicção?

Que Ministro é esse que trabalha contra o SUS e pretende a sua destruição?

Que Ministro é esse que mantém sucateados os hospitais públicos federais no atendimento à população?

Que Ministro é esse que defende os profissionais de saúde para a absurda prescrição?

Que Ministro é esse que desconhece a Medicina e quer fazer política com o sofrimento do povo, visando a sua eleição?

Que Ministro é esse? Que governo é esse? Que gente é essa transformada em aberração?



2022: o ano que precisa acabar!

VACINA SIM!



Eu sou profissional de saúde aposentado. Trabalhei na Vigilância em Saúde,  especificamente na Vigilância Sanitária.

E toda a minha formação, e tudo o que eu aprendi até hoje na minha profissão, eu devo ao conhecimento científico adquirido pela humanidade ao longo de toda a nossa existência. 

Aprendi com a ciência e, por isso, aprendi a respeitá-la. 

Aprendi a admirar e a respeitar os pesquisadores e cientistas de todo o mundo.

A descoberta de uma vacina, seja para que doença for, é motivo de grande orgulho para todos nós cidadãos do mundo. Porque a descoberta de algo que possa prevenir, evitar ou reduzir danos causados por qualquer doença é uma vitória da inteligência humana e um tremendo avanço civilizatório. 

Discursos negacionistas quanto aos fatos cientificamente comprovados proporcionados pela vacina devem ser lamentados como a expressão de uma desonestidade intelectual ou de burrice mesmo.

Muitos aqueles que combatem a vacina e propagam mensagens desestimulando a população a se vacinar estão vacinados, inclusive com dose de reforço. São hipócritas e agem de má fé; e muitos se dizem muito religiosos - a religião da ignorância e da maldade. 

Vacina é uma das descobertas mais maravilhosas do intelecto humano; é expressão máxima dos Princípios de Humanidade e de Cuidado.

Devemos todos declarar o nosso amor às vacinas

Tendo-as em nossos braços, correndo no nosso organismo, como parceiras do nosso sistema imune.

Vacina é pulsão de vida e um grito de não à morte. 

E vacina é pra todo mundo: crianças, adultos, idosos, gestantes. 

Então, vamos dar um "Viva!" à todas as vacinas já em uso pela humanidade e exigir que elas sejam um direito público subjetivo universal e bem comum da humanidade, porque diz respeito aos direitos à saúde e à vida - Princípios Éticos Universais da Humanidade. 

Sejamos todos pela ciência e pelo bem que ela pode produzir.

Que a gente possa sempre gritar: Vacina sim! Doença não!

Porque o ato de vacinar e de se vacinar é um ato de amor à vida e ao próximo - um dos ensinamentos daquele que nos criou.

"Vacina sim! Vacina agora e sempre!"





quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Lute com suas palavras

 

Ilha Grande, não lembro quando. Noite de lua cheia. A expectativa era apenas vê-la nascer. O tempo parado, alguns chamegos, um copo a ser esvaziado, um cigarro e um clima de verão. Na plataforma sobre o mangue que dá acesso à Praia dos Nativos, já meio escuro, a surpresa de cumprimentos efusivos e de posturas e críticas ao fascismo, e a promessa de mudar o mundo com o fim, breve, deste governo. Um sentimento geral de esperança no ar. Era mais um estado de espírito do que qualquer outra coisa.

Às 19 horas, estávamos todos na areia, sentados ou em pé, à espera da lua que iria nascer, rigorosamente, às 19:10, de acordo com a Ciência. E havia um leve frenesi no ar. Todo mundo checou o horário nas redes sociais, não tinha como falhar: às 19:10, a lua surgiria esplendorosa. Seria nossa única vedete e reinaria brilhando acima de todas as outras esperanças. E viria linda, poderosa e magnetizante. Quem tem amores se apegaria aos fascínios da paixão. Quem está desolado de amor iria suspirar pela esperança que a lua impõe sobre os amantes e os carentes. Sexo é um poço de expectativa, muito desejo e a necessária exaustão. A vida, enfim.

E, às 19:10, nada da lua! Como errar? Todas as consultas foram feitas! Todas as previsões científicas! Enfim, toda essa gente apostou que, naquele horário, a lua surgiria, nua, linda e desfilando sobre nós. Mas ninguém, nem mesmo o tempo, contava com as nuvens escuras, traiçoeiras e vulgares. E, de repente, todas as hipóteses foram frustradas. Às 19:30, após longos 20 minutos da precisão astrológica, o céu ainda permanecia placidamente escuro. Não havia nem sombra do óbvio, nem uma migualha do esplendor da lua vigorosa e fascinante.

Que nuvem estranha e difusa foi essa que veio impedir a lua de brilhar cheia, linda e poderosa na hora em que os astros diziam ser a hora? Como frustrar todo esse povo que se deslocou até a Praia dos Nativos, respeitando o horário da natureza, e que, subitamente, percebeu que nem o tempo era assim pontual, infalível? A história, a natureza, as tais verdades e a vida não têm nunca um enredo único, fechado e definido. Nem mesmo a natureza tem a definição de exatidão e certeza.

Nas noites de lua cheia, todos nós, ou alguns de nós, fazemos nossas preces. Quando me deparei com a lua impedida de soltar o seu brilho, confesso que entrei em estado de alerta. Tudo era tão certo. e  eu apenas segui todos os guias, todas as previsões e todos os Orixás.

Mas acabamos ficando num silêncio constrangedor e numa escuridão assustadora. E, pensei: se os astros e a Ciência erram, imaginem as pesquisas. Terror absoluto! Medo das nuvens estranhas, da falta de luz, da obsessão pela mentira e da falta de previsibilidade. Medo de tudo: da lua não nascer, do dia não raiar e da vida não sair mais por detrás das nuvens da escuridão. Medo de que minutos que obstruíram a visão da lua representassem a morte. Morte de qualquer expectativa de voltar a ver a força da luz de uma lua cheia e do que ela representa para o ciclo vital do mundo.

É mais ou menos isso: se, por um desastre, a luz da esperança não vencer o obscurantismo do fascismo, nós estaremos pra sempre condenados a viver na escuridão, nas trevas. Será o fim. O nosso fim. E, talvez, nós nem sequer tenhamos a chance de prender a respiração e torcer para que as nuvens escuras se dissipem e, enfim, a lua entre em cena, esplendorosa, atrevida, quase obscena, bela e insinuante, afastando as trevas e nos abraçando.

Acho que a lua quis dar um recado.  “Lute. Mesmo que sua luta seja a mais vã.… Lute com suas palavras. Elas são uma arma poderosa, de transformação, de mudança.  As palavras são armas mas não fazem o sangue jorrar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Pra conversar.

 


Quero conversar com você. São assuntos aleatórios, não convencionais, talvez você só ouça, mas gostaria ter, de  saber sua opinião.
Me pergunto constantemente quem sou e o que quero para o resto da vida. Não me vejo tão longe de onde estou, ainda, mas consigo me projetar em cenas bem peculiares. Das coisas que mais quero na vida, acho que a mais importante é o amor, isso porque acredito que ele acaba sendo o veículo condutor de tranquilidade na realização de muitas outras coisas. O que você acha?

As vezes me vejo em uma cena bem poética, e como se fosse  real, estou eu sentado num fim de tarde na varanda de uma casa simples, com uma xícara de café com a fumaça subindo. É um período frio, escrevo num caderno feito por mim mesmo,  com papel reciclado. Não é uma poesia que escrevo, mas um romance, mas não consigo desvendar o que é, pois então estragaria a novidade. A vista dessa casa há um jardim, onde eu mesmo cuido, planto flores muitas e diversas ervas, as quais utilizo para cozinhar e fazer chás. Perto de mim estão os meus cachorros e gatos,  que não são poucos, deitados se lambendo pelo chão, outros brincado com bolas de linha, outros dormindo. Como em todas as tardes, muitos passarinhos estão pelo local, sobre o telhado da casa, pelo jardim, em cima das árvores e sobre os dois pés de acácia que estão floridos. Tem sabiá, pardais, rolinhas-caldo-de-feijão, cardeais, dentre muitos outros. O que você diz?


Uma dúvida que ronda meus pensamentos quanto a cena é apresentada, é que tenho certeza que tem alguém dentro de casa, mas não tenho noção exata de quem seja, se é você, ou alguém que me ajude nos afazeres domésticos. Mas como o que escrevo não deve ser descoberto agora, creio que seja meu amor, que esteja assando o bolo de laranja com alecrim que cheira de forma muito gostosa. Você dirá alguma coisa?


Sabe, não tenho medo do futuro, pelo contrário, tenho uma ânsia muito grande por tudo que ele me trará e é por isso que me policio para não sofrer por antecipação, o que é um grande mal. Será que tem cura?

Acho que me basto, afinal não sou nem um vidente para prever tantas coisas, mas findo deixando bem claro que o que seremos é resultado do que fizemos no passado e o que estamos fazendo agora. Não importa onde estejamos, mas sim quem somos, porque é do amor de dentro que emanamos força para viver aqui fora. Isso que gostaria de conversar com você, mas sem pressa, com todo tempo necessários, para que todas as dúvidas todas as inseguranças, incertezas que nós por sermos humanos temos, sejam dissipadas, talvez seja uma conversa longa, de anos, e que continuará depois do fim do mundo, porque nós sabemos que a coisa mais maravilhosa do mundo é o sentimento, ele não precisa de tradução, a emoção não tem tradução.  

sábado, 15 de janeiro de 2022

P A L A V R A S

 


As vezes é feito borboleta...

Voa colorindo o céu e clareando os olhos feito luzes acesa.

E fica rodopiando, e catando letras, feito pirilampos.

E sobe devagar meio bêbada dançando sobre à mesa!


As vezes é como uma águia.

Voa poderosa, o alvo que já sente o cheiro do fim...

Não perde o rumo, mesmo sem seu guia...

Esta escrito e existirá enfim!


As vezes é meio vazio...

E escapa entre os dedos feito pássaro livre.

E você me sente frio...

E finge a partir dai, pra que todos os olhos acreditem que sobrevivo...

Mas ainda tenho o que só você sabe!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Negacionismo de sempre !





Desde que o mundo é mundo algumas pessoas não conseguem visualizar seus irmãos que não adoecem por ter tomado vacina. 

O que as pessoas enxergam e valorizam são as pessoas que adoecem ou morrem após uma vacina. Chamo isso de hipocrisia mas também posso chamar de sub cognição funcional. Esse último defino como sendo a incapacidade de entender que o mundo está muito além do que vemos, ele não se resume ao que sabemos ou pensamos. O mundo não é, está sendo como dizia Paulo Freire.

Para essa gente que é maioria (será?) só existe seu mundo, um mundo limitado por fronteiras de fantásticas histórias de heróis capazes de reverter a morte escritas séculos atrás. 

Isso não quer dizer que a ciência seja contra  fé mas que ambas deveriam ocupar espaços diferentes. 

O mundo está sendo porque e somos responsáveis por quase tudo que aqui acontece. E na maioria das vezes não somos capazes de abrir nenhuma janela das casas onde seu alicerce foi construído com as pedras do conservadorismo e cimento de preconceitos.

domingo, 9 de janeiro de 2022

MENTIRA

 

Não creio que sou um homem que saiba.

Tenho sido sempre um homem que busca.

Mas agora não busco mais nas estrelas, ou nos livros;

Começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura dentro de meu coração. 

Não é agradável minha história, não é suave, harmoniosa como as inventadas;

Sabe a insensatez e a confusão, 

A loucura  e o sonho, 

Como a vida de todos

Que não querem mais

Mentir a si mesmos!


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

P A Z É P O E M A .

 


Durante o isolamento na pandemia, todos nós, de alguma maneira, nos reinventamos em muitos sentidos. Desde aprender a ter a solidão,  até criar coragem para fazer coisas em horários não usuais. Quem não tinha rotina organizou uma, mas aberta, sem grades e nem satisfação para dar. E quem já tinha, gostou não ter que cumpri-la.

Aprendi a ter um cuidado, a valorizar o olhar do outro, a dor do outro e o gesto do outro. Mesmo o outro não estando perto, ao lado. Talvez, por termos que enfrentar a pandemia tendo um sádico como presidente, alguém que nunca teve qualquer empatia ou solidariedade com nada nem com ninguém - um monstro -, passar a nos preocupar com os detalhes, numa tentativa de olhar o mundo também com o olhar de quem estivesse dividindo o instante com a gente, ganhou um valor especial. E cada instante passou a ser realmente um instante de significado.

Até nos vários grupos de WhatsApp a gente se reinventou. Em alguns, fomos cortando os fascistas, os negacionistas e os chatos, nos permitindo encontrar uma identidade que justificasse estarmos conectados. Em um outro, passamos a prestar atenção e a esperar, ansiosamente, certos escritos que alimenta a alma. Acaricia. Instiga.

Fomos nos posicionando e mudando o olhar para o enfrentamento necessário neste tempo de angústia e indefinição. Nos tornamos, pelo menos alguns de nós, talvez mais politizados, exigentes,  questionadores. A necessidade de resistir à barbárie institucionalizada canalizou nossas perplexidades, raivas e frustrações. Os fossos cavados a seco distanciaram amores antigos e impediram novos, mas reinventamos e salvamos outros. Uma grande sacudida geral.

Gestos que salvam e protegem sempre nos acompanharam.

Hoje, temos um país entregue às traças. O governo federal empenhou-se em não comprar vacinas, em não fazer campanha de imunização e em desprezar o SUS, nosso exemplar sistema universal de Saúde. Nossa estrutura para testagem é inexistente. E ainda a ridícula e criminosa consulta popular para decidir sobre a vacinação de crianças e adolescentes.

Fiz um brinde imaginário. Afinal, é uma tradição os cumprimentos mais efusivos na virada do ano, até porque estaríamos exorcizando os demônios do fascista que nos preside e comemorando os novos tempos que se iniciarão no final desse ano. 

Que todos tenhamos um ano de mais cuidados, mais afetos, mais ousadias e que em outubro a gente possa comemorar a entrada de uma nova vida. Eu tive que me segurar nessa virada, mas estou me guardando e quero abraçar e beijar a todos os que estiverem no projeto de um país mais justo, igual e solidário.


Ainda é o advérbio lindo da esperança.

Que a palavra trema dentro da frase, não finda.

Nos lábios da criança o sorriso é ainda.

Ainda flor é a rosa.

Ainda paz é o poema.