domingo, 24 de abril de 2022

FEMINISMO

 



(essa é uma carta do meu masculismos pro nosso feminismo).

Uma carta que eu escrevo sentado no chão, pra você lê com a roupa ainda molhada da chuva.
Eu não quero chorar, as vezes nossas lágrimas não dão conta de expurgar nossa dor, por isso a transformo em palavras.


Sei que está exausta. Exausta por reconhecer que apesar de todos os esforços, TODOS OS DIAS, algum "homem" tenta impor seu domínio sobre o que pensa, sente, diz, sobre como se expressa, ou parece, por isso tentarei escrever como se fosse você.


Todos os dias, algum homem pretende me dizer como devo reagir, me comportar ou ser, e é difícil porque é preciso me desconstruir a cada tentativa de regulação, é preciso me lembrar a cada minuto que ninguém tem poder sobre o meu corpo, minha mente e meu coração, e essas tentativas estão muitas vezes disfarçadas de boas intenções, de interesses em trocas verdadeiras, de momentos compartilhados e afetos construídos. 
Essas relações de poder, na maioria das vezes pretendem reforçar estruturas muito complexas, onde o papel da mulher é agradar, servir, obedecer, a submissão é um papel que não me cabe, não cabe a nós, mulheres do mundo. Não cabe a nenhum ser humano que existe em sua singularidade e que há de ser respeitado como algo único.
Desafiar os poderes é dolorido, porque é entrar com a carne e a alma já cansadas num processo exaustivo, porque é sem fim, e as vezes o coração vacila, até recuperar o fôlego de novo.
Até a gente perceber que o nosso potencial criador está em constante renovação, ressurgimos das nossas cinzas, das cinzas das nossas próprias histórias, das cinzas das nossas ancestrais, que arderam por nós.
Mas, se preciso for, renasceremos de novo e de novo e de novo.

Beijos, 

           do meu  Masculismos pro nosso Feminismo!

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