quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Palavras que me aceitam como sou

 


A honra, a dignidade e a solidão, são sentimentos personalíssimos. É muito inquietante e triste ver um medíocre abestalhado humilhar o país por “atributos” que seriam só dele.

A força do Presidente da República em um regime presidencialista é imensa. Num raciocínio simplista, que é o  dominante, esse energúmeno representa o brasileiro médio. Ficamos reféns de uma eleição movida pela mentira, pelo ódio e pela direita com valores fascistas e sem limites.

Aquela sensação de “vergonha alheia”, que sentimos é quase uma percepção coletiva. O Brasil está sentindo uma  vergonha alheia. A humilhação parecia ter chegado ao auge com o ridículo papel do Bolsonaro na ONU. Mas não, tudo pode piorar. E muito! O papel que esse presidente fez no encontro do G20 é de corar qualquer bolsonarista ainda com algum discernimento.

Será possível ver alguma lucidez e isentar de responsabilidade os cúmplices, asseclas e comparsas? Até quando vamos aceitar essa posição dos que acompanham o caos e apoiam a tragédia brasileira? Já não é mais por eles que optaram por serem sócios da barbárie, mas por nós, pelos nossos filhos, netos e  pelo... Brasil.

Se esse cidadão, tosco e primário, nos faz sentir uma “vergonha coletiva” pelo altíssimo grau de ignorância destilada, penso que deveríamos também inventar uma cobrança coletiva por essa humilhação. Cada um no seu canto se posicionando contra o monstro e suas criaturas. Sem ódio. O desprezo já é suficiente.

Cortá-los das mensagens do WhatsApp é a pior reprimenda neste mundo binário. Vamos desconsiderá-los. Eu sei que “eles”, na sua grande maioria, são robôs e esses, embora sejam equiparáveis, não têm sentimento. Mas os que ainda suportam algo de humano hão de ler.

Não estou propondo deixar de fazer o enfrentamento coletivo e político. Ao contrário, é uma estratégia. Não se pode fazer a nossa velha política com os velhacos, com os canalhas e com os sem escrúpulos. A esses, só mesmo a lei para conter os ímpetos corruptos e assassinos. Vamos levá-los a serem responsabilizados por toda a barbárie.

Mas quero registrar, nos mínimos detalhes, a dor de ver o país oficial se embrutecer. Agora, partiu o grande Nelson Freire. Talvez, o silêncio do idiota do Presidente sobre uma perda tão significativa para o país seja melhor. Ouvir o piano de Nelson Freire é e será muito maior do que essa nossa geração medíocre. O silêncio, mestre Nelson, é nossa homenagem amorosa ao som que você nos legou. Certamente eles não ouviram. É assim mesmo, eles não suportam a poesia e sua música era poesia.

Como ensinou o mestre Manoel de Barros:

“A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.”

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