quinta-feira, 18 de novembro de 2021

ELES ODEIAM OS POETAS!

 

                                                                              O Brasil, que já foi motivo de glória, de inveja e de admiração, agora é um nome numa parede desbotada e, como diria o poeta, e como dói. Nós, que andamos muito e temos a conversa como maneira de nos situarmos no mundo, acostumamos a falar do nosso país e, principalmente, a ouvir a impressão dos outros sobre o Brasil. Mesmo fugindo das observações óbvias - futebol, Pele e café - o Brasil era admirado.

Um povo que fixou a imagem de ser guerreiro, esperançoso e quase feliz. Tirando os estereótipos do Carnaval e samba, na verdade, essa leveza ajuda a população que precisa lutar contra uma profunda desigualdade social. O Tom Jobim, definiu com ironia: “Morar em Nova Iorque é bom, mas é uma merda; morar no Brasil, no Rio, é uma merda, mas é bom”.

Até o ano de 2012, o Brasil falava de igual para igual com as grandes potências mundiais, ainda que com nossas graves diferenças. Eramos 6ª potência do mundo crescia e afastava o fantasma do desemprego. Os números da Economia e a inclusão de 36 milhões de pessoas no mercado de consumo criavam uma sustentável leveza de ser. E, o principal: pela primeira vez, a ONU retirou o Brasil do mapa da fome.

Os  dados poderiam ser somente números, mas, quando se tira um país do mapa da fome, é a garantia da dignidade a um povo acostumado a ser tocado como uma boiada sendo levada para o abatedouro. De repente, a pergunta, hoje, entre as pessoas que nós nos relacionamos, revela uma angústia profunda, uma tristeza e uma cruel perplexidade: como o país elegeu este canalha, este FeDaPuta? Como explicar a fome voltando de maneira desesperadora, com 20 milhões de famintos? Como conviver com o drama do desemprego, que representa 15% da população? Como conviver sem a esperança que os bárbaros nos roubaram?

Quem aniquila a Cultura, constrange o apoio científico, estupra a Saúde, corrompe o sistema de Justiça, enfim, desestrutura o país como maneira de dominação, é quem aposta contra a civilidade, contra qualquer hipótese de humanismo.  A única saída é acreditar nos poetas que seguem dando luz e nos guiando.

E seguir: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

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