sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Onde Impera a Mediocridade

 O  onde impera a mediocridade, a hipocrisia e a desfaçatez. Claro que nada disso tem a ver com o povo, que se equilibra para tentar sobreviver e fugir de um destino duro e cruel. O que impressiona e dói é a massificação da tragédia, a banalização, a desumanização dos sentimentos. Os absurdos contra os direitos dos invisíveis são deixados de lado de qualquer espanto. É como se fosse proibido se indignar, mas em mim, essa proibição não chegou!.


Se um supremacista norte-americano atira em uma escola em Washington e mata oito norte-americanos, o mundo para. O Brasil inteiro entra em estado de catarse em solidariedade à tragédia. E é bom que seja assim. Num mundo globalizado, compartilhar a dor diminui a solidão. Se não podemos ser felizes juntos, até porque a felicidade coletiva é quase uma ofensa neste momento, eu espero e aplaudo os que como eu, seguem dignamente tristes.


Mas, a tristeza tem gosto de escárnio. A vida virou, quase naturalmente, um caos. As mortes, contadas, como se não fossem vidas, somavam-se aos absurdos cinematográficos dos detalhes. Para os mortos e seus familiares, a vida foi interrompida. Nunca mais.

Viramos um lugar onde os mortos não tiveramm a tranquilidade para morrer. É a morte dura, repentina, que não dá margem a nenhuma hipótese de luta pela vida. É a chacina. 

Não se recupera a dignidade coletiva de um povo sem a conscientização da necessidade de superar os fossos que marcam a nossa desigualdade social. É imprescindível ter uma opção: dignidade e civilização ou humilhação e barbárie.


Tudo isso a um passo que só depende da nossa consciência e vontade. É preciso o nosso passo, ou ficaremos à margem de tudo. Todo dia, ao acordar de manhã, precisamos dar margem para nossas ansiedades, anseios e esperanças. Se não for assim, acordaremos um dia com as notícias dos extermínios e passaremos a achar que estão falando de outro mundo, que não nos atinge. É como se nós fôssemos o produto perfeito e acabado da bestificação que nos tirou a capacidade de nos indignarmos, de nos posicionarmos, de lutarmos, enfim.

Roubaram da gente a vida antes mesmo de nos tirar a vida. É a pior morte. E se somos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte: que é a morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos 20, de fome um pouco por dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário