terça-feira, 5 de julho de 2022

É um perigo!

 




Sair de casa e vê alguém lendo Guimarães Rosa. Sair com seu companheiro ou companheira, ser surpreendido por alguém lendo Machado de Assis, em um bar ou lanchonete. Ver seu filho(a), ou neto(a) brincando, e, alguém lendo Cecília Meireles.

Nas páginas policiais de um jornal, todos os dias, ler Jorge Amado, Vinícius de Morais e Carlos Drumond de Andrade.

Quem entra numa biblioteca, ou quem abre um livro, não tem apreço pela ignorância. Está premeditando praticar um atentado contra o desconhecimento, uma emboscada à desinformação. 

Fico imaginando um mundo com as facções disputando em rodas de leitura quem vai espalhar obras do Arcadismo, do Romantismo, do Realismo e do Parnasianismo.

Fico pensando qual será minha reação se, andando  pela rua, alguém armado com um livro, disser: parado aí, isso é um poema! E me atingir com rimas de Cora Coralina...

E se no cruzamento, com o sinal fechado, alguém bater no vidro do carro e, de livro em punho, anunciar um trecho de João Cabral de Melo Neto?

Já pensaram se em vez de violência contra a mulher os homens passarem a praticar leitura com as mulheres? Ou num ato mais tresloucado ainda, dedicar-lhes poesias?

Poesias são melhores do que rosas e flores, pois podem ter todos os cheiros, todas as cores e podem ser despetaladas como "bem me quer e mal me quer" e não murcham nunca, por isso dou rimas, poemas e flores!

Se todo cidadão tiver a autorização e condições para portar um livro, inclusive fora de casa, ele estará seguro contra a idiotice, a burrice e a incompetência. 

O Coiso não reeleito ouviremos por aí, absurdos como "analfabeto bom é analfabeto letrado" ou, então,  "razão em cima de tudo, amor em cima de todos".


Cora Coralina, me empreste suas palavras, suas rimas?

Drumond, me dê a suavidade de Minas?

Vinícius, me deixe amar todas suas meninas?


Já que Lula tá livre, quero é Lula livro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário