sábado, 25 de junho de 2022

PESSOAS DE BEM SÃO RUÍNS, AS COM BÍBLIAS SÃO PIORES!

 


Em 2014, o país tinha saído do mapa da fome da ONU, e agora voltou tragicamente. Hoje, 33 milhões de brasileiros sofrem com a falta de alimentação; entre esses, várias crianças. E mais da metade da população, 58.7%, vive com algum grau de insegurança alimentar — não sabem se vão comer alguma coisa no final do dia.  E a população carcerária aumenta de forma brutal: calcula-se que 918.523 pessoas estão presas; dessas, 412.060 são presos provisórios. Se contarmos o número de mandados de prisão, passaríamos muito de 1 milhão de presos. Um desastre humanitário diante das condições medievais dos presídios brasileiros.

No meio de tanta desgraça, é humilhante ver um cidadão pedir para continuar detido pelo menos "até a janta", pois sabe que passará fome fora da cadeia. É a demonstração da falência do país. O bem maior da liberdade é substituído, pelo instinto de sobrevivência. A voz do prisioneiro, uma súplica sentida, percebe-se que a fome tem sido sua companheira. Ao pedir para continuar preso, ele não parece se humilhar, quer apenas poder se alimentar para não desmaiar nas ruas. Essas ruas que acolhem mais de 500 mil pessoas que não têm onde morar. Na verdade, isso envergonha a todos nós, especialmente aos que não se posicionam contra a realidade da redondeza da terra. 

É de uma tristeza infinita a fala de um prisioneiro a Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Belo Horizonte publicada ,nos jornais em 22/06. Ele descarregou a tornozeleira eletrônica para se tornar foragido e depois se entregou para ser preso: "Na prisão é menos ruim. Como sou tranquilo e mais velho, o pessoal me respeitava. Eu tinha até amigos lá. Já na rua é solitário demais. Acordo sem saber se vou comer ou se estarei vivo no fim do dia". É, ... a fome humilha e mata.

Essa  sensação de estarmos anestesiados por tanta desigualdade e pobreza não pode nos impedir de fazermos o enfrentamento do que ocorre. Enquanto a fome for a companheira  de milhões de brasileiros, não teremos nenhuma condição de nos sentirmos realmente dignos da raça humana. Uma recente pesquisa revelou que a parcela de 1% dos mais ricos do mundo detém mais do dobro da riqueza possuída por 6.9 bilhões de pessoas.

E as dores se acumulam. O desprezo do governo pelos caminhos do país em todas as áreas faz com que seja aparentemente normal um brasileiro suplicar para permanecer na prisão para conseguir se alimentar. 

No Brasil o desespero e o medo da fome superam a alegria da liberdade.

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