terça-feira, 23 de agosto de 2011

FA X I N E I R A


Era uma vez a faxineira que estava louca, porque encontrou a Casa da Mãe Joana imunda. Se soubesse disto antes de assinar aquele contrato de quatro anos, renováveis; mas fazer o que? Agora só restava arregaçar as mangas e cair dentro. Foi aí que ela decidiu começar não honrando o trato com os empregados mais velhos da mansão, que tinham construído o gigante há anos atrás. Além de faxineira é governanta, e precisa equilibrar contas, mesmo que alguns funcionários, não tão velhos, tenham recebido 130 por cento de aumento, não por culpa dela (estranhamente, são empregados que votam e decidem seu próprio aumento). Hostilizada, partiu para o maior desafio da sua vida: limpar craca pegajosa e resistente, em todos os aposentos (tarefa mais difícil que os 12 trabalhos de Hércules).
Tinhosa, subiu a rampa da esplanada até a dispensa.Ficou ppossesa com o vazio dos armários: não havia produtos disponíveis para uma boa faxina. Nem escovão e nem soda cáustica, que ela tinha certeza que tanto a auxiliaria contra aquele resistente, quase eterno, bolor. Ela desconfiou que no caminho até o supermercado, o dinheiro liberado para compras dos desinfetantes ía diminuindo misteriosamente, até sobrar bem pouquinho, que ainda era desperdiçado na aquisição de péssimos produtos. Num suspiro, ela gritou: "o mofo deu!".
Milagrosamente apareceram quatro empregados dos serviços gerais para ajudar, só com balde de água e vassoura com pouca piaçava, liderados por Pedro Simão Bacamarte. Mas instalou-se a briga por onde começar: "a garagem dos transporte está ruindo", disse um; "negativo, o ambulatório de saúde é que é grave", rebateu outro. "Podíamos começar pela sala dos cursos de Turismo". Zonza, ela que é braba vociferou: "abandonem educação e cultura, ataquem a agricultura nos jardins!". Tudo muito difícil porque a mansão era loteada entre moradores diversos, que apontavam os ocupantes dos 37 cômodos. Força, faxineira, tomara que você consiga!

Um comentário:

  1. A Mulher trabalhadora tem uma força que sai do âmago..e nunca desiste.

    Marilene

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