quinta-feira, 12 de junho de 2014

Carta ao Arquelogo do futuro.


  Em 4 de junho, Dia Mundial de Combate à Violência contra Crianças, o Senado,

após tramitação de mais de quatro anos, aprovou a lei que veta o uso de castigos
físicos ou de tratamento cruel ou degradante na educação de crianças. Um senador
distraído afirmou que não teve tempo de ler o projeto, objeto de várias audiências
públicas e debates acalorados em todo o Brasil.

   Prezado Arqueologo,  um senador alega que a violência contra criança é regra bíblica,
pois em Provérbios 23:13-14 está escrito “Não evites disciplinar a criança se você a
castigar com a vara ela não morrerá. Castigue-a você mesmo, com a vara, e assim a livra-
rá da sepultura”.
   Evidente que só os fundamentalistas ainda interpretam a Bíblia literalmente.
Mesmo que assim fosse, o texto indica que  o castigo com a vara nos tornaria imortais.
Ignorância pura, se querem dar uma interpretação literal, devem saber que a palavra
‘vara’ simboliza Justiça, e não violência. Tanto que até hoje existem as Varas Cíveis,
Varas Criminais, Varas de Família, etc.. Portanto devemos corrigir com Justiça, e não
com a Vara que os fundamentalistas trazem nas mãos. Não acredito que o Senador
(Cantor, Pastor) não tenha esse conhecimento, o que o qualifica como manipulador!
   O que se deve desejar para as próximas gerações são ações construtivas positivas,
baseadas numa disciplina que cultive o respeito e o amor mútuo. O castigo, ação de na-
tureza disciplinar ou punitiva com uso da força física que resulte em sofrimento físi-
co ou lesão à criança ou ao adolescente, e o tratamento cruel ou degradante que o
ameace gravemente ou o ridicularize devem ser eliminados da nossa cultura.
   Um deputado, prezado arqueologo, que se diz representante de bancada cristã e hostili
zou em plena sessão Xuxa Meneghel, defensora dos‘baixinhos’, questionando fatos de
sua juventude, traiu o Mestre, a quem afirma servir, que em situação semelhante teria
sugerido que atirasse a primeira pedra se ele fosse limpo. Claro que esse agressor teria
aído correndo do plenário da Câmara e, certamente, protegido por vários correligionários.
   Beliscões, gritos e palavras chulas não mais existirão nem sequer nas sessões do
Parlamento quando nos acostumarmos a tratar as pessoas em processo de desenvol-
vimento com respeito e dignidade.


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