sábado, 8 de abril de 2017

Perdão Maria Eduarda e outras(os)

Perdão
Maria Eduarda


"Perdoe-nos, menina Maria Eduarda. Não tínhamos o direito de viver numa sociedade que se recusa a discutir o fim da Polícia Militar. Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por sempre aceitarmos os incontáveis "autos de resistência" fajutos, em que policiais militares se vangloriam de quem "carrega nas costas" mais assassinatos, travestidos de combate ao crime, como eu tive o desprazer de assistir. Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por sempre colocarmos vendas nos nossos olhos para a péssima PM e dizermos que o Amarildo, o pequeno Juan, dentre muitos e muitos outros, "tinham envolvimento com o tráfico". Tenha a certeza de que, se você não tivesse estudando e praticando educação física, diriam que era uma traficante de drogas, mesmo com treze anos. Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por 1/3 da população dizer que a polícia deve ter "carta branca" para matar bandidos, rasgando quaisquer leis vigentes. Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por parte de nós ter aplaudido a execução dos dois traficantes já rendidos, afinal a contradição permeia algumas mentes que são contra o aborto, mas a favor da pena de morte. Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por não conseguirmos entender que a Polícia tem de ser Civil, pra proteger a sociedade e impedir que as drogas cheguem aos traficantes. Aliás, perdoe-nos, Maria Eduarda, por todos os armamentos pesados vendidos pelos próprios PMs para os bandidos. De bandido para bandido, né, menina? Perdoe-nos, também, por poucos de nós gritarmos "eu já falei, tem que acabar. Eu quero o fim da Polícia Militar". Perdoe-nos, menina Maria Eduarda, por esta polícia, através de seu batalhão de choque, espancar professores e outros servidores estaduais como eles, mas respeitarem quando meia dúzia de esposas impedem suas saídas dos quartéis. Perdoe-nos Maria Eduarda, por tirarmos o seu futuro e os seus sonhos. Seu sangue está banhando as mãos da sociedade e não adianta lavar."

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