segunda-feira, 15 de julho de 2019

Até um dia, Até Talvez, Até quem sabe.





O vento lá fora assobia frio. Olho o anoitecer e penso nas despedidas. Um dia se despede. Um dia, ela se despediu de mim. Um dia, ela vai se despedir daqui. E também eu. E, antes disso, nos encontraremos e nos despediremos. Ou nos encontraremos outras vezes. Não sei dizer.
A noite está chegando. O escurecer vai dando calmaria ao dia. Não à minha alma. Estou eufórico e temeroso. Queria ter a reação correta. Nada de julgamentos. Queria olhar nos olhos dela e dizer que ela tenha paz. Queria não chorar. Ou talvez fosse melhor chorar, não sei. Não chorar pode parecer pouca atenção ao encontro. Pouco derramar de sentimentos.
Também ela deve ter suas questões.  A minha vida. Toda vida importa. Um sopro e estamos aqui preenchendo com o nosso jeito o universo. Um sopro e partimos.
O vento já não se deixa ouvir. O relógio continua caprichoso. Lento como não se deve em dias como os de hoje. E eu não durmo.
Não fará diferença. Cada um com suas cicatrizes. Cada um em lugar seu, muito seu. Cada um querendo, no seu tempo, se encontrar.
Amanhã, espero que o dia não seja implicante comigo e não compense a lentidão de hoje. Que seja tudo muito demorado. E que possamos colocar, nos instantes que tivermos, todos os outros tempos que já se foram.

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