Ela está sempre se escondendo – pensou ele – atrás de livros, no meio dos cabelos, embaixo do cobertor, dentro de si. Deve ser por isso que ela despreza o verão. Até o sorriso, tão bonito e raro, ela esconde com as mãos. Cobre os lábios, mas felizmente se esquece dos olhos. Os olhos contêm o pedaço mais bonito do sorriso.
Quanto mais ela se esconde, tanto mais ele deseja encontrá-la, mas sua especialidade sempre foi perder. Perdeu-se em pensamentos pensando nela e o que ia dizer agora se escondeu também.
Alegra-se toda vez que revela um centímetro dela, assim por acaso, quando ela se esquece do mundo. Seu corpo é um filme fotográfico trancado em uma sala escura. Essas coisas levam tempo. E do tempo dependem. Não abra a porta ainda
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