quarta-feira, 25 de março de 2020

2 amigos




2  amigos   

                                                                                                                    
A mãe do mais velho estava enferma. Quando soube, o amigo mais novo lhe perguntou:
— Qual a idade dela?
O mais velhoo respondeu:
— Por que você está perguntando pela idade dela? Isto não importa. Ela é a minha mãe.
Quando morrem os nossos velhos, morrem os nossos queridos. Quando morrem os velhos dos outros, morrem pessoas queridas, morre uma parte de nós.
Quando morre um velho, morre um projeto de vida. Quando morre um velho, morre um sonho ainda a ser realizado. 
Quando morre um velho, morre parte da nossa memória. 
Quando morre um velho, morre um página valiosa da sabedoria. 
Quando morre um velho, vive a saudade.
A morte de um velho é o triunfo da impossibilidade; é a celebração da irresponsabilidade.
A morte evitável de um velho é como a morte precoce de uma criança, de um adolescente, de um jovem.
A vida de um velho, que não comparece mais ao seu trabalho, não vale menos do que a de um aposentado, porque a beleza de uma pessoa não pode ser medida pela força dos seus músculos a serviço da acumulação. Nunca podemos permitir que se reviva a experiência nazista da eugenia, que eliminou milhões de pessoas que julgou inaptas, indesejáveis e improdutivas.
O que importa numa pessoa não é o ano em que nasceu, mas o seu caráter interior e a sua bondade exterior.
Temos que sofrer com toda a morte, seja de uma criança, seja de um velho.
Velho também tem que viver, não morrer. 
Velho não é estatística: é gente.
Velho não integra apenas um grupo de risco: é gente como a gente.

Que vivam os velhos.🌹🌹🌹

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