segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Lembrança

 


Ela disfarça o sorriso usual, timidez aparente, brilho labial e cor natural nas maçãs, os olhos desobedientes, perseguem-no, ela reluta, inutilmente, ele percebe...

    Ah! O coração, ferramenta biológica fantástica, trabalhador incansável, que neste momento quase para. Estrelas nascem nos olhos dela. - Eu poderia dizer que havia apenas um brilho em seu olhar, mas seria eufemismo, aquilo estava mais para estrelas mesmo.

   No meio de tudo isso, gente desatenta que nem percebia o clima, o medo, o frio na espinha, e a curiosidade daquele corpo.

   Os pés, vamos falar deles, aqueles pequenos ou nem tão pequenos membros inferiores, responsáveis pela locomoção, esse par deles em especial, se movia agora, num ritmo constante, o que claramente demonstra obstinação, ela notou isso...     E corou.

Diante dela, as palavras, até então claras, foram se esvaindo de minha cabeça, ou se fantasiando em imagens indecifráveis, até restar apenas um:

    - Oi! E...          Como vai?

   Bobo isso, mas ela gostou, o nervosismo apresentado por ele, a fez sentir-se importante. E respondeu:

   - Oi! Tudo bem... E você? - Sorridente, tão sorridente.

Ainda mais bobo.

   Ali, as coisas mudaram para eles, ali, o coração dela se encheu, ali, ele abriu mão de muita coisa.


   É tão simples o nascimento do amor, que passa desapercebido!

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