sábado, 9 de setembro de 2023

NOVO HINO NACIONAL.

 


Aproveitando este 7 de Setembro, acho necessário atualizar os símbolos nacionais (indevidamente apropriados pelo imbrochavel, além das joias, relógios,e... ) —, talvez fosse hora de aposentar o velho “Ouviram do Ipiranga” e assumir o novo hino.   

Inflamos o peito e murchamos a barriga para, de pé, nos esgoelar num brado retumbante, desafiamos mais que a própria morte: vamos de lábaros impávidos a flâmulas garridas, de fúlgidos penhores a límpidas clavas, sem saber muito bem com o que estamos cantando. 

Nunca sabemos se um sonho intenso e um raio vívido vêm antes ou depois do amor eterno seja símbolo. Nunca nos explicaram essa letra, — ou, pelo menos, a desentortaram— e verá quantos fugirão à luta.

Sugiro um hino informal. Não há esplêndido colosso ou estrelado florão —apenas uma intensa, plácida e profunda declaração de amor: Quando eu digo que deixei de te amar/É porque eu te amo. /Quando eu digo que não quero mais você/É porque eu te quero.

Nada de contorcionismos, e permitissem a nós, brasileiro dizer ao Brasil, em ordem direta: Eu tenho medo de te dar meu coração/E confessar que eu estou em suas mãos/Mas não posso imaginar o que vai ser de mim/Se eu te perder um dia.

Assumiremos nossa bipolaridade política diante desta pátria-mãe nada gentil: Eu me afasto e me defendo de você/Mas depois me entrego. /Faço tipo, falo coisas que eu não sou/Mas depois eu nego. Imagine o Maracanã lotado cantando num jogo da seleção: Mas a verdade é que eu sou louco por você/E tenho medo de pensar em te perder. /Eu preciso aceitar que não dá mais/Pra separar as nossas vidas.

Ou aquelas "autoridades" eleitas nas recentes eleições...

E nessa loucura de dizer que não te quero/Vou negando as aparências/Disfarçando as evidências/Mas pra que viver fingindo/Se eu não posso enganar meu coração? /Eu sei que te amo.

Ninguém erraria a letra. Eu entrego a minha vida/Pra você fazer o que quiser de mim.

Nada contra o hino que ainda se canta, música de Francisco Manuel da Silva nem aos versos de Joaquim Osório Duque-Estrada, mas fecho os olhos e fantasio o auriverde pendão tremulando aos acordes de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, enquanto penso na bossa nova, na redemocratização, no Grande Sertão, no Suassuna, Niemeyer, em Dom Casmurro, em Dias Gomes, em Joãosinho Trinta, no Olodum, ...e declaramos ao Brasil: Diz que é verdade, que tem saudade/Que ainda você pensa muito em mim. /Diz que é verdade, que tem saudade/...


Será arrepiante.

Um comentário: