quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

As palavras apodrecem.

 






O mais dilacerante sofrimento humano não é nomeável, descritível.

Ultrapassa os limites da linguagem. 

Por isso, quando provocado, este sofrimento, por ações alheias evitáveis, não pode ser justificado. Milhares de crianças mutiladas, membros amputados sem anestesia, espíritos destroçados, seus mundos familiares arruinados, seu espaço devastado, as coisas que as cercam estilhaçadas. Essas palavras estão vazias, evocam mas não substituem os corpos empilhados em Gaza, apodrecendo em Gaza: as palavras também apodrecem. Nenhum sofrimento extremo é comparável a nenhum outro. 

O sofrimentoda criança em agonia é um só, um oceano e um deserto, sem começo nem fim: a história interminável do avesso do que gostaríamos de chamar humano. A criança em pânico, agonizando em Gaza, é a mesma criança em pânico agonizando no campo de concentração nazista. As duas agonias não são comparáveis porque são uma só e a mesma agonia.

E temos também o dever de nomear os carniceiros. Os agentes das carnificinas, o governo de Israel e os nazistas, cometeram crimes contra humanidade. Seus crimes não são comparáveis. São um só.


OBS.: OPINIÕES DE DESCEREBRADOS RUMINANTES, NÃO COMENTO OU RESPONDO!

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