segunda-feira, 7 de setembro de 2020

SIMPLESMENTE, NÃO HÁ

 


 


Não há felicidade possível 

Diante de uma inadequação da existência,

Quando a ideia de tortura 

É naturalizada

E quando uma gente aplaude o torturador. 

Não há felicidade viva

Quando a morte negligente é comemorada como sucesso

E a censura passa a ter um clamor popular.

Não há felicidade agora

Quando a nossa ancestralidade indígena 

É lançada ao sacrifício 

Do descaso e do extermínio 

E o racismo avança a todo vapor 

Estruturalmente, 

Institucionalmente, 

Nacionalmente

Nas mentes, corações e atos de tanta gente. 

Não há felicidade sentida

Quando a nossa Soberania é subjugada,

Quando a nossa vida é vigiada,

Quando passamos a ter medo de falar, se expor e pensar.

Não há felicidade possível. 

Simplesmente, não há.

Quando um povo passa a seguir um berrante,

Se alegra com o duscurso do ignorante 

E assimila a brutalidade e o xingamento como formas normais e apreciáveis de expressão. 

Não há felicidade hoje nem nunca 

Enquanto continuarmos covardes e egoístas, 

Enquanto persistirmos no erro da agressão, 

Enquanto não olharmos para nós mesmos

E reconhecermos os imbecis que nos transformamos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário