Não há felicidade possível
Diante de uma inadequação da existência,
Quando a ideia de tortura
É naturalizada
E quando uma gente aplaude o torturador.
Não há felicidade viva
Quando a morte negligente é comemorada como sucesso
E a censura passa a ter um clamor popular.
Não há felicidade agora
Quando a nossa ancestralidade indígena
É lançada ao sacrifício
Do descaso e do extermínio
E o racismo avança a todo vapor
Estruturalmente,
Institucionalmente,
Nacionalmente
Nas mentes, corações e atos de tanta gente.
Não há felicidade sentida
Quando a nossa Soberania é subjugada,
Quando a nossa vida é vigiada,
Quando passamos a ter medo de falar, se expor e pensar.
Não há felicidade possível.
Simplesmente, não há.
Quando um povo passa a seguir um berrante,
Se alegra com o duscurso do ignorante
E assimila a brutalidade e o xingamento como formas normais e apreciáveis de expressão.
Não há felicidade hoje nem nunca
Enquanto continuarmos covardes e egoístas,
Enquanto persistirmos no erro da agressão,
Enquanto não olharmos para nós mesmos
E reconhecermos os imbecis que nos transformamos...
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