sexta-feira, 23 de setembro de 2022

ATRAVÉS DO SORRISO

 


A cidade era um vão. Poucas pessoas se encontravam nos seus lugares escusos. Poucos carros passavam por entre as poucas árvores que ficavam nas ruas. O sol pouco brilhava nas escuras ruas onde estas mesmas árvores faziam sombras. Mas poucas coisas eram tão notórias como o sorriso das pessoas que moravam nesta cidade. 

Detalhes mínimos as faziam sorrir. Por estes sorrisos nos encontramos num semáforo. Olhamos um nos olhos do outro e apenas sorrimos. Apenas fizemos perceber o outro. Mas o sol não brilhava naquele momento, naquele lugar. Era final do inverno, início da primavera. Nos tempos de inverno a saudade arde mais. Fizera em nós lembranças daquelas importantes pessoas que passaram em nossa vida. Sabíamos que da saudade deveria ficar mesmo somente esta lembrança. Deveríamos prosseguir o rumo e viver em cada vão daquela cidade, daquele lugar onde nos encontraríamos mais vezes. 

Fazermos dos encontros momentos de saudades futuras. Fazermos dos caminhos tortuosos, as saudades da vida de cada um. Sabíamos que da saudade de um amor, de um momento passageiro poderiam transportarmos para outro plano, um plano que nos livrassem da futilidade do mundo, da fumaça que o dia-a-dia faz na cabeça de cada um. Deixaríamos a saudade bater somente aquele momento no peito de cada um e construiríamos uma nova saudade, juntos. Não através do tempo, mas através do sorriso.

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