quarta-feira, 6 de maio de 2020

Dona Maria,




Dona Maria, nome fictício, 54 anos, mostra as mãos calejadas de trabalho. Do dia para noite, viu a renda de diarista zerar. Preocupada em comer?

“Comida a gente consegue um dia ou outro, minha preocupação é o aluguel. O dono da casa que eu moro depende desse dinheiro para comprar o remédio controlado dele", diz.

É de “Donas Marias”, que padecem na fila de um auxílio que de emergencial não tem nada, que o Brasil é feito.

O vírus trouxe o medo no mundo todo e aqui retirou o curativo de várias feridas abertas, expondo o puz de um país desigual, com renda para poucos, ia dar nisso...

A covid-19 mostrou que o desemprego é muito maior do que os mostrados pelo IBGE. Sem gente na rua, os informais também passam fome. O auxílio emergencial, que vem para “socorrer”, não socorre.

No meio do caminho, se encontra a exclusão digital e uma Educação sem qualidade, que faz milhares de brasileiros não saberem usar aplicativo para receber R$ 600.

Quando o mundo todo gripa por isolamento, as aglomerações em frente às agências da Caixa Econômica parecem destoar, mas é ali que se encontra a cara do brasileiro, o retrato de um país doente há muito tempo.


Quem fica na fila é por desespero... Não conseguiu usar o aplicativo, não tem emprego fixo, não pode adoecer! 

Muitas mulheres, arrimos de família, que precisam carregar seus filhos para as filas gigantes... Sob sol e chuva... Já pensou no desespero delas?

Não adianta nada só pensar, imaginar! Tem que enxergar a ferida e o puz, e todas as mazelas por falta de políticas públicas, subtuídas por políticas de governantes e não de governo. E adivinha quem sempre paga? Quem morre no final? 

Todo mundo pode estar no mesmo barco para atravessar a tempestade. O grande problema, é que essa barca é uma furada, remendada há décadas!

E nesse barco, Rudah eu tenho certeza... São poucos que estão na primeira classe. O restante sobrevive, infelizmente, no porão.  
E como vai você? Assim como eu, nesse barco furado, remando contra a maré?

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