terça-feira, 19 de maio de 2020

PARTO


O silêncio foi se arredondando,

 cheio de formas e cúmplices.

O silêncio foi se alastrando feito,

tinta em papéis em branco.

Afastou as fronteiras.

Inocentou o tempo.

Abriu as pernas.

O silêncio preencheu de vazio das letras

que mal cabiam no espaço.

Eram imensas, duradouras.

Hoje, são incertezas ditas em tons de transparência.

O silêncio vestiu-se de homem. É ativo e transpira.

O silêncio é faminto.

Suga a água da vida que brota do peito onde

ele nasceu.

Invade os poros.

O silêncio projeta-se no alheio, nas fotografias.

Os ditongos, as rimas foram comidas por esse tal

do silêncio.

Ela não é covarde, franzina. Mal se sustenta nas

pernas.

O silêncio corta minhas asas e me recrimina.



Era uma vez o silêncio, Rudah.

Nenhum comentário:

Postar um comentário