sábado, 12 de março de 2022

Destamparam o bueiro da barbárie

 


Depois de amanhã, dia 14, completarão quatro anos do assassinato da vereadora Marielle Franco, sem que se tenha esclarecido quem a  mandou matar. Talvez jamais saberemos. A execução da vereadora ocorreu durante a intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro que teve como interventor o atual ministro Braga Neto. Se o assassinato de Marielle tivesse sido considerado afronta à intervenção o crime teria sido esclarecido. Mas ao contrário, se tornou símbolo de deboche com quebra de placa na qual constava o nome da vítima. Os autores da barbárie emolduraram a placa e a ostentam até hoje. 

O ano de 2018 foi um ano emblemático da História do Brasil. Foi o ano no qual se consolidou um golpe contra as instituições democráticas e contra o Estado de Direito. A mídia e instituições custaram a compreender o que se tramou e se executou. Somente quando ameaçadas as instituições se desvincularam do projeto em andamento. O cerco ao prédio do STF, as manifestações em frente a quarteis e os ataques demonstraram do que são capazes os que não têm apreço pelos valores civilizatórios da Constituição de 1988.

Não se pode afastar a hipótese de que o atentado à Marielle fosse parte de um projeto político, tal como foram as bombas que explodiam pelo Rio de Janeiro na ditadura empresarial-militar, até o dia no qual uma delas explodiu no colo dos terroristas oficiais no Riocentro em 30 de abril de 1981.

No último dia 8, Dia Internacional da Mulher, que celebra a data de luta das mulheres operárias por redução da jornada de trabalho e outros direitos, dentre os quais o direito de voto, a foto do pedaço de placa emoldurada, segurada pelos dois deputados que a quebraram, foi novamente postada nas redes sociais. Trata-se de um gesto desumano que tripudia sobre a dor da família e de todxs que até hoje, após quatro anos, não temos resposta sobre o motivo do assassinato. A indiferença à dor alheia mostra o declínio das sociedades rumo à barbárie. Mas ainda é possível reverter. Vamos mostrar nossa indignação em outubro, votando em candidatos que não estão juntos a milicianos, juntos a assassinos!

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