Após as eleições, o Brasil foi sacudido por um transe alucinatório, uma histeria coletiva. Pessoas delirantes foram às ruas por motivações paranoicas. Pais de família sentados no meio-fio à espera de um golpe de Estado, “patriota” agarrado no para-brisa de um caminhão em alta velocidade, mães e avós em gritos e orações pedindo proteção contra um comunismo a ser instalado no Brasil. Essa foi a parte caricata e menos nociva da tragicomédia brasileira.
A transição para a posse do presidente eleito em 30 de outubro segue, e estará concluída em 1º de janeiro de 2023. Demorada deverá ser a transição para a civilidade.
Por um processo de regressão civilizatória, o bolsonarismo levou essa incivilidade a um estágio de barbárie.
A incivilidade bolsonarista é programática, é a opção pela ignorância e na renúncia à autonomia; renúncia que é condição de todo fanatismo. Logo após o primeiro turno, de maneira agressiva, o bolsonarismo negou o resultado com grosserias e insultos contra nordestinos, pobres, moradores de favelas... contra todos que, na ótica desses inconformados, haviam rejeitado aquele que têm por chefe e ídolo.
Incivilidade que não raro tem passado da violência escrita e verbal para a violência física, algumas vezes resultando em mortes.
O lado vitorioso, por sua vez, está em relativa calmaria, E quem venceu tem a responsabilidade de acalmar os ânimos, pacificar, restabelecer o equilíbrio.
Alguns votos não foram por amor a Lula, mas por horror ao bolsonarismo.
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