terça-feira, 19 de julho de 2011

E S T R A N H O

Tarde da noite
Eles perdem a linha outra vez
Ela jura que agora acabou
Ele sabe a bobagem que fez
Os gritos, a porta batendo
Ela quer que ele diga por quê
Não quero escutar, mas escuto
Sei que eles sabem que eu sei.
Tudo tão lento quanto o tempo aqui dentro.
A nossa dor
Nada é tão denso quanto o silêncio
Eu e eles no elevador.
Eu sei que eles sabem
Que andei bebendo
Que gritei pra lua
Que foi outra noite sem sono
Eles devem ter se assustado
Quando ouviram o vidro quebrando.
Escondo a mão enfaixada
Quando o elevador vai chegando
Intimidade entre estranhos
Perfume e pasta de dente
E um outro cheiro
Que a gente faz que não sente
O tempo aqui dentro,lento.
Eu e eles e a nossa dor
Denso quanto o tempo em silêncio
Eu e eles no elevador

Um comentário:

  1. O tempo, é uma fábrica de Monstros... Lindo, Neuber..adorei, virarei leitora assídua...bjão

    ResponderExcluir