sábado, 27 de fevereiro de 2021

D I A L Ó G O

 

Você nunca soube, talvez eu nunca tenha conseguido explicar, sempre achei que, o que fazia sentido tinha que ser sentido, não precisava ser narrado nem tão pouco explicado, mas não deu muito certo. Pode até me acusar, me chamar de bobo, romântico (alguns acham que é defeito) ingênuo, mas, medo eu nunca tive, apesar de todo nervosismo e falta de palavras.. Quando te abracei, quando te beijei, eu estava lá inteiro, estava completo; estava contigo de pensamento e desejo. Não, você entendeu tudo errado, não quero te ter, te possuir ou ser teu dono. Não sou dono nem de mim. Sou dono dos meus momentos e dos meus encontros, não me encerro em mim e vou me espalhando, pois me multiplico e vivo. 

Me conta um segredo? Já contou isso pra alguém? Como é isso pra você? É, tem coisas que são confusas mesmo. Não eu não me importo, nunca vivi uma situação parecida, mas não me importo com isso. Um segredo meu? Ah é um jogo? é uma curiosidade? Peraí me deixa pensar...Eu uma vez joguei uma pedra pra cima e fiquei olhando, quase fui pro hospital. Ei, tá rindo do que? Eu sei que não é um grande segredo, mas quem é que sai contado por ai que faz uma coisa besta assim? Outro? Então tá: Eu amo você.


silêncio.


ainda aí?


Calma, não precisa falar besteira, não estou te pedindo que me ame. Você quer me contar outro segredo? Vamos ficar a noite toda conversando sobre nossos segredos? Só mais um, certo? Porque não me disse isso antes? Eu não ainda não sei ser diferente, não era essa minha intenção, só não posso te pedir desculpas porque fiz sem culpas, fiz porque quis, porque desejei. É, eu não pensei em você, talvez seja esse um dos meus grandes problemas, mas o tempo cuidará disso pra gente.

Agora faz mais frio do que antes. Você quer que eu diga o que fazer com o amor que eu sinto por você? Não! não é uma decisão minha, não sou eu quem escolhe. Eu sei o que sinto e onde guardo. Não fique preocupada com isso. Você tem tantas outras histórias, tantos outros desejos.

Não, eu não sou tão legal assim, mas o que é que quer que eu faça? Que eu chore, grite, me jogue aos seus pés e peça que volte e que fique? Por quanto tempo? Uma hora, um mês, dois minutos? Não, não! Seu pouco não me interessa nem um pouco, o que eu quero não é a compaixão. Minha parte eu quero em tesão e, se não puder me dar, que fique tudo bem. Que fique tranquila. Ei, não diga o que não sente e que não fique com meias palavras como eu. De tudo eu posso suportar, menos as palavras ditas assim. 

É, eu prefiro seu silêncio. Aliás, o silêncio sempre é a melhor resposta. Ele não nos compromete, nos deixa lá em cima do muro sem ação observando o movimento natural das coisas.

Eu preciso ir. Sim, a gente se fala, a gente sempre se fala, não é? Quer me dizer alguma coisa?


Mais silêncio.


entendo.


Vem cá, me dá um abraço?


Não, não quero seu beijo hoje, é só um abraço.


Você tem sempre razão. Você me dá um cigarro?


O tempo já correu demais.


Sinto que esta madrugada será bem fria.

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